Artigo

"Tem de Bagaça o viado", Robyssão, 2021, Salvador, Bahia.

Divulgação
Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 11/09/2021, às 07h26   Marcelo Cerqueira*


FacebookTwitterWhatsApp

Mais uma vez, o cantor Robyssão prática uma ato homofóbico em suas composições. Isso já se tornou uma fixação, uma verdadeira perseguição contra os gays! 

Cometeu crime de homofobia, é racismo por gayfobia. Isso é crime no Brasil. 

O cantor está, em sua música, colocando uma realidade que não é exclusiva de clientes gays.

Afinal, mulheres e homens cis héteros também pagam profissionais do sexo, masculinos e femininas. Isso é também preconceito aos profissionais do sexo. 

É uma música extremamente gayfóbica, e ela está circulando na Bahia, impunemente! 
Cabe ao Ministério Público a  Promotoria de Justiça  especializada na defesa da população LGBTQIA+ apurar para retirar a música das plataformas, ao tempo que ofereço essa denúncia.

Nós, da comunidade LGBT+, queremos músicas que falem de nós.  Mas não que incitem ao preconceito. Falem da nossa alegria, das nossas vivências, de nossa felicidade, do nosso mundo colorido e de amor. No cotidiano já sofremos demais sem essas músicas,  com elas,  que ficam nas mentes como se fosse chiclete,  ainda mais!

E não precisamos de letras que nos agridam. Queremos cantar a felicidade que a gente traz com a nossa arte. A paz, a alegria, a harmonia, cultura, e a educação, que são características da comunidade LGBT+.

A solidariedade, a humanidade, o cuidado com as outras pessoas e o interesse na cultura! Isso a gente que ouvir. 

Então, por que não faz uma música falando sobre essas coisas? Sobre se respeitar e se amar mais os gays? Seria porque não vende? A violência e o preconceito vendem mais. Isso já sabemos.


E esse tipo de música cria muito mais preconceito com a comunidade LGBT+, gera homicídios.

Esse tipo de música traz a violência para o campo da comunidade, e isso é muito sério no cotidiano de nossas vidas.

Nós temos que combater isso diariamente, dizer que a gente não concorda com isso!

É preciso questionar quando esses artistas, autores e divulgadores dessas músicas, usam as redes sociais para pedir não à homofobia, não ao transfeminicídio, não ao crime de LGBTQIAfobia.


Esses artistas não usam as redes para defender, e sim desrespeitar. Eles estimulam, cada vez mais, o estereótipo do preconceito, da ideia de que se "bagaça o viado", ele vai cada vez mais dar dinheiro e objetos para você.

A letra faz uma relação com a prostituição, isso no imaginário popular serve para reforçar a ideia de que viado, gay e trans só servem para ser subalternos, invisibilizados, e cada vez mais afasta essas pessoas do convívio em sociedade. 

As pessoas que simpatizam com esse tipo de estética musical devem perceber que são usadas, e seus corpos são erotizados e  objetificados, relacionando a sexualidade à prostituição.

Robyssão é um desserviço para a nossa comunidade, não pode seguir fazendo isso impunemente.

*Marcelo Cerqueira é professor e presidente do Grupo Gay da Bahia. 

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp

Tags