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Invisíveis do nosso egoísmo

Imagem Invisíveis do nosso egoísmo
Bnews - Divulgação

Publicado em 22/11/2021, às 11h16   José Medrado*


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A Cidade da Luz viabilizou um projeto que já se encontra em franco trabalho – busão da solidariedade – que consiste em um ônibus que foi especialmente adaptado para levar banho às pessoas em situação de rua. São 5 boxes, sendo um para deficiente, onde além da ducha oferecemos roupas limpas, cortes de cabelo e alimento. Infelizmente, é o único em Salvador. O que, no entanto, quero falar é sobre um senhor, que buscou o banho, morador de rua, teve um AVC (Acidente vascular cerebral) e se encontrava com o lado direito todo paralisado, mal falava...um dos nossos voluntários se ofereceu para dar o banho nele, o que ele acedeu muito constrangido. Recorro-me a esse episódio para pontuar o tema da redação do Enem 2021: “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”. Naturalmente, proposta de grande alcance para discussão, principalmente nos meios acadêmicos. Todavia, com todas as vênias possíveis, mas como chegarmos a essa “diplomação” de cidadania, se vemos pessoas vagando pelas ruas, dormindo nas calçadas frias e sujas e passamos ao largo?

Essas pessoas além de não terem o básico para sobreviverem, ainda estão sujeitas a toda sorte de violência e desprezo. Tornaram-se invisíveis, porque nós ficamos cegos de egoísmo. Os chamados “moradores de rua” são pessoas em situação de vulnerabilidade e acabam se tornando “invisíveis” aos olhos da sociedade. Estar vulnerável significa que uma pessoa se encontra em uma situação frágil e incapaz de se manter e/ou defender. Fortaleçamo-las no possível, na dignidade do primeiro batente: sobreviver, aí tudo o mais virá em consequência da elevação da autoestima. Infelizmente, no entanto, pela demanda da corrupção, dos roubos, reconheço que fica difícil aos poderes públicos alcançarem em capilaridade social efetiva quem está lá na ponta, pois a ajuda não chega. Os obstáculos da desonestidade de intenções e reais ajudam nos burocratizados e travados processos de ajuda, e mesmo assim o escoamento dos roubos não param.

Esses que a sociedade chama de invisíveis, em verdade, já são sim cidadãos, que possuem os mesmos direitos e deveres dos demais, mas se tornam excluídos, resultado de isolamento de quem, em qualquer posição da sociedade, insiste em não vê-los porque fica mais fácil não se envolver. Triste. Tudo muito triste. 

Ah! A Cidade da Luz não tem aporte de dinheiro público, em convênio ou o que valha, em nenhuma instância.

*José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Escreve para o BNews às segundas-feiras

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