Eleições

Apesar da força do noticiário, nem só de rádio e televisão vive o eleitor

Imagem Apesar da força do noticiário, nem só de rádio e televisão vive o eleitor
Bnews - Divulgação

Publicado em 13/10/2018, às 10h40   Victor Pinto*


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Quem soube melhor operar as redes sociais nessa eleição conseguiu um grande trunfo a seu favor. A utilização da internet é algo crescente, mas foi assustador o seu poder de disseminação da persuasão para o caráter decisivo no pleito deste ano, algo esperado para acontecer com maior densidade nos anos sequentes.

Seja através das fake news, seja as true news, foi a internet quem ajudou a ditar os rumos. 

Vimos a decadência do programa eleitoral no rádio e na televisão com seus super marketeiros por trás na articulação e produção e ficou claro que isso não é só mais o suficiente do novo jogo do processo eleitoral futuro. 

Com o fechar das urnas do primeiro turno foi posto a tona os resultados pífios dos candidatos baianos e nacionais com alto investimento publicitário, campanhas esteticamente impecáveis, tempo de sobra nos blocos comerciais do horário eleitoral e nas inserções partidárias. 

O caso mais emblemático neste sentido, por exemplo, é o de Geraldo Alckmin (PSDB) que tinha tempo, dinheiro e apoio, mas não emplacou. O contexto do ninho tucano pode ter influenciado? Sim. Mas o marketing poderia ter causado um impacto menos pior. 

O sucesso de Jair Bolsonaro (PSL), com seu pouco mais de oito segundos na mídia e campanha não tão pensada “marketeiramente falando” é a prova disso. Nem só mais de rádio, TV e jornal se informa/vive o homem/eleitor. O avançar das mídias sociais, dado ao atrelamento ao atentado, o transformou num fenômeno de marca e votos. 

Nem o PT, cuja campanha sempre fora impulsionada por um marketing impecável, sentiu esses novos ares de 2018 e agora tenta correr atrás do prejuízo no segundo turno. 

Pesquisa Datafolha do cenário anterior ao primeiro turno apontou um índice de 40% do público eleitor que não deu importância do horário no rádio e na TV contra a atenção de 33%.  Contudo, o papel jornalístico foi mais influente, ou seja, ponto para Bolsonaro que figurou nas escaladas e nas capas: as notícias na redes sociais ganharam atenção de 38%, na televisão 43% e no rádio 39% de interesse. 

Esse movimento dos bastidores da comunicação e da publicidade envolvendo o pleito deste ano com a análise dos vitoriosos e dos derrotados, dos que continham aparato e os paupérrimos da publicidade, nos farão queimar muito a cuca para entender essa onda sociológica e antropológica com vista nas próximas corridas por cargos Executivos e Legislativos. 

O que tem passado na cabeça do eleitor? Qual o motivo da mudança dos critérios de escolha? Quem realmente tem mais impacto na massa? Será que as restrições da nova lei eleitoral - focada na área da comunicação - realmente só beneficia quem está no poder? 

Sinal amarelo para o marketing eleitoral. Tá na hora de pensar novas estratégias. 

*Victor Pinto é jornalista (Ufba) e atua em cobertura política no on-line e no rádio. É também estudante de Direito (Ucsal) e pós-graduando em gestão de empresas em Radiodifusão (Uninter). 

Classificação Indicativa: Livre

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