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Mais Médicos: programa que promete saúde para brasileiros, mas só melhora qualidade de vida em Cuba

Imagem Mais Médicos: programa que promete saúde para brasileiros, mas só melhora qualidade de vida em Cuba
Leia artigo do vereador Cézar Leite sobre o programa Mais Médicos  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 19/11/2018, às 19h36   Cézar Leite*


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No texto “Quem vai para o fim do mundo? Para lá ninguém quer ir", de autoria da jornalista Malu Fontes, onde a autora reconhece as más condições de trabalho e subserviência dos "médicos cubanos" ao governo dos Castros, e ao mesmo tempo tece críticas aos médicos brasileiros, nos colocando como elite burguesa preocupada com status, vemos a falta de compromisso de uma análise profunda e complexa.

A autora reconhece que o governo cubano retém 75% do salário do "médico cubano", que a família fica sob custódia da ditadura dos Castros na ilha, para garantir que o profissional não fuja ou deserte o programa. Aceita que possam não ser médicos, pois até eles são protegidos por acordo, para não apresentarem seus certificados de formação sob tradução juramentada e a não realização do Revalida. Na verdade, não sabemos quantos realmente são médicos. Mesmo conhecedora de toda esta realidade, a autora traz a questão, se outros países fazem porque no Brasil é escravidão?

Apesar da inteligência da jornalista, vemos um argumento infantil. Todos os fatos acima são enquadrados como trabalho escravo, onde os cubanos não são capazes de escolher de forma voluntária sobre as condições de trabalho, digno e seguro. Tendo sua liberdade de ir e vir retirada com vigilância permanente 24h. O fato de outros países, e a maioria alianças ideológicas, permanecerem com este tráfico de serviços humanos, não deve legitimar seu uso no Brasil. Na época da abolição da escravatura, o principal argumento contra a Lei Áurea era quem iria continuar trabalhando nas lavouras, em substituição dos negros escravizados. Imagino como seria a defesa da jornalista caso vivesse no Brasil no século XIX. A pergunta seria: porque a ONU, que condena trabalho em situação de escravidão, por meio da OPAS/OMS intermedia estes contratos e ainda faturam pela organização?

Tenho certeza que em locais remotos, onde existe um povo esquecido pelos governantes há décadas, denominado pela jornalista de "fim de mundo", também não existe grande imprensa, programas de rádio com grande audiência, bons editoriais, boas condições de exercer uma atividade tão nobre como jornalismo. Apesar da crítica sobre shoppings e Netflix irem no caminho do combate ao consumismo, do capitalismo, do liberalismo e outros mais, que sempre os colocam como inimigos da sociedade, não revela a verdadeira causa da falta de assistência nestes locais. Falta interiorizar a saúde com equipamentos, hospitais e outros profissionais de saúde. Criar condições econômicas para as cidades desenvolverem serviços, agronegócios ou indústrias. Para as áreas remotas um programa de Carreira Médica de Estado.

Nestes últimos anos qual a mudança real, comprovada em números, de forma objetiva, nos resultados do atendimento do povo brasileiro? Na Bahia, estado que nos últimos 12 anos esteve alinhado ao governo federal, segundo estado acolhedor dos "médicos cubanos" e amarga os piores índices de saúde e educação do Brasil. Como anda a saúde na Bahia? O problema não é o médico, mas este serve como boi de piranha para o sistema. É certo ofertar para o povo qualquer atendimento? Talvez pela simplicidade de nossa gente nunca irão questionar. Precisamos trabalhar para levar atendimento real, qualificado para o povo em todas as regiões do Brasil, com estrutura mínima de segurança para os profissionais e para o paciente. Desqualificar os médicos brasileiros nunca foi a solução.

*Cézar Leite é vereador de Salvador pelo PSDB

Classificação Indicativa: Livre

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