O Brasil não é um país sério, disse lá certa vez o líder francês da Segunda Guerra, o de Gaulle e ninguém no Brasil reagiu, disse um desaforo, saiu na porrada, xingou a mãe ou mandou o porta-aviões Minas Gerais ir lá bombardear para salvar a honra do país. O Brasil todo aceitou na boa, por saber ser algo indefensável, tanto que depois dessa frase bendita ou mal dita, só fizemos mostrar que o francês tinha razão e hoje, mais do que nunca estamos mostrando a assertiva da frase do líder escroto, mas verdadeiro que traçou nosso perfil com um acerto maior do que se fosse pai-de-santo ou vidente.
São muitas as coisas que demonstram que não somos sérios e podemos citar agora o caso da tragédia de Brumadinho. Mas, antes deste problema já passamos por vários na seara política como o Mensalão, o Lava-Jato, os anões do orçamento, as jogadas de Fernando Collor com seu braço direito e testa-de-ferro PC Farias, as maracutaias de Temer, o non sense dos ministro do STF, os milhares de diplomas falsos que todos os anos são descobertos com universidades fakes e que prejudicam milhares de estudantes, os “atentados” contra a previdência social, os remédios e equipamentos que se perdem nos hospitais e postos públicos de saúde, o Viagra falsificado e até falsos médicos que injetam silicone industrial nas bundas de moças e senhoras incautas. E nada se resolve e fica tudo no mesmo.
O que dizer da Vale que três anos depois da tragédia de Mariana, quando uma das suas empresas controladas a Samarco ceifou dezenas de vidas faz pior? O que se passa na cabeça dos dirigentes e dos técnicos. Mesmo que venha a ser descoberto e garantido que houve corrupção para que os técnicos atestassem a segurança da barragem, o que se pode imaginar que passa pela cabeça de um corrupto deste quilate em que vida tem menos valor que verba, que grana, que larjan, que dindim. Claro que gente desse tipo tem no mundo todo, mas no Brasil tem se mostrado terrível.
O pior é que as coisas acontecem de onde menos se espera e imagine o que não está para acontecer onde se aguarda de verdade. A Vale era considerada uma empresa séria tanto no Brasil como no exterior e ninguém esperava que algo acontecesse em seu entorno em Minas Gerais, uma vez que sua palavra era tida e havida como válida, em que se podia confiar. Mas, no Brasil confiar em quem? Basta ver nas campanhas políticas que os candidatos vociferam, dizem que vão fazer e acontecer e quando tomam posse é tudo do mesmo, da mesma, e o que foi dito nada vale, muda-se de palavra como se muda de cueca (embora tenha gente que leva uma vida com a mesma cueca o que significa que palavra de político vale menos que uma cueca suja).
A tragédia de Brumadinho é mesmo a cara do Brasil, onde o que é certo é incerto e o inesperado pode esperar que acontecerá. Quer apostar que por mais envolvimento que as autoridades queiram imprimir, vai se passar muito tempo para que algo de concreto – sem trocadilho – ocorra com relação às barragens. E com as empresas. Veja que a Samarco até hoje não pagou às vítimas e nem construiu um casebre sequer, protelando na justiça as indenizações. E o tempo passa. E novos fatos enterram a tragédia anterior.
