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O desemprego persiste em Salvador

Imagem O desemprego persiste em Salvador
Bnews - Divulgação

Publicado em 13/02/2019, às 15h59   Edson Valadares*


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O desemprego é uma das anomalias sociais mais cruéis porque dilacera a estrutura da sociedade e das famílias. Uma pessoa sem trabalho sofre a dor de ficar devendo na praça e também de se privar de atendimento das necessidades básicas do seu domicilio, passando a depender de favores dos outros. É este o drama em que se encontram, aproximadamente, meio milhão de soteropolitanos, já que a cidade se mantém no topo do ranking nacional.

Segundo dados do Dieese, a taxa anual de desemprego na capital baiana é de 24,9% da população economicamente ativa (PEA), a maior desde 2003, quando esta bateu 27,1%, ou seja, em 2018 regredimos 15 anos.  A Pesquisa de Emprego e Desemprego, que tem sua aplicação coordenada pela UFBA e pela SEI, apontou que esta taxa de desocupação são de dois tipos: o aberto, que teve 17,2%, e o oculto, por precariedade da atividade ou quando um indivíduo desamina de tanto receber porta fechada e entra em estado de desalento, que alcançou 7,7%.

Já em Salvador e região, entre os anos de 2017 e de 2018, cerca de 23 mil postos de trabalho com carteira assinada foram fechados, enquanto cresceu em 19 mil o número daqueles sem registro em carteira, como também o contingente de trabalhadores autônomos em mais 14 mil, atenuando o sofrimento dos pais e mães de famílias.

Quando analisamos por faixa etária, percebemos que a juventude é a mais prejudicada. Entre pessoas de 16 e 24 anos, 50% destes estão desempregados, 39% a mais do que em 2013. A situação é ruim também para a faixa subsequente, entre os trabalhadores de 25 e 39 anos, que teve uma taxa de 26% de desocupação, um crescimento de 53% em relação ao mesmo período.

Ainda em relação aos atributos, destaca-se o desemprego entre os sexos. As mulheres continuam sendo a maior parte, com a taxa de 28,6%, acima da média municipal, enquanto os homens ficaram com o índice de 23%. Entre as raças, destacamos que os negros permanecem sendo um dos principais atingidos por este problema, tendo o coeficiente de 26% desta população sem conseguir vagas em atividades profissionais, enquanto os brancos ficaram com uma taxa de 22%.
Entre o ano de 2017 e ano de 2018, o rendimento médio real reduziu-se tanto para os ocupados (-3,5%) quanto para os assalariados (-4,6%). Em valores monetários, a remuneração média dos ocupados passou a equivaler a R$ 1.476,00 e a dos assalariados a R$ 1.537,00. Este panorama revela o impacto da queda no padrão de vida da população da nossa cidade e sua região.

Não se pode esconder o problema. Vivemos uma ausência de perspectiva de desenvolvimento integrado que inibe a expansão e a dinamização econômica. É necessária uma ação articuladora que reúna boas ideias com o objetivo de construir um plano estratégico efetivo que posicione nossa cidade para enfrentar os desafios conjunturais e contemporâneos, como também para aproveitar as oportunidades oferecidas pelos cenários nacional e internacional.

*Presidente da Associação de Sociólogos da Bahia

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