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Violência

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Bnews - Divulgação

Publicado em 22/03/2019, às 08h12   Padre Alfredo Dórea*


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Douglas tinha 15 anos e espancava a mãe, que escondia tal fato, por vergonha e piedade para com o único filho. Acompanhando o caso, mergulhei em um mundo tão vasto quanto cruel. Muitas mulheres agredidas em casa, ou fora delas, que calam por medo e compaixão. Uma violência crescente e “silenciosa”.

Desde então, busco por instância que ofereça proposta de reeducação para homens que praticam violência contra mulheres. Entendo que a punição deva ser célere e dura para os agressores e que as vítimas devam ser integralmente apoiadas para denunciar e devidamente protegidas e cuidadas, junto com os rebentos que eventualmente tiverem. Mas o autor de violência contra mulheres não deixará de sê-lo com a punição cumprida. Urge um tratamento especializado, em vista de uma mudança de comportamento.

Não poucos casos reincidem após a sentença cumprida e desgraçadamente o agressor tantas vezes “evolui” para o assassino.

A realidade sensibiliza muitas pessoas com as quais condivido estas inquietações, mas ainda não encontrei uma resposta efetiva e eficaz, um percurso formativo de reeducação integral a ser necessariamente percorrido por homens com este comportamento tão abominável quanto carente de ajuda profissional.

A necessária defesa e proteção integral das mulheres passa, a meu juízo, também por este caminho.

*Padre Alfredo Dorea escreve quinzenalmente para o BNews, e é arcebispo da Igreja Anglicana Tradicional do Brasil. Graduado em filosofia e teologia. Mestre pela Universidade Gregoriana de Roma. Atua no diálogo interreligioso, combate às violências, discriminações e preconceitos, defesa dos direitos humanos e das pessoas mais vulneráveis e empobrecidas, sobretudo as que vivem com o HIV AIDS.

Classificação Indicativa: Livre

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