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Bnews - Divulgação

Publicado em 05/04/2019, às 11h25   Padre Alfredo Dórea*


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A enfermidade sempre nos coloca em um lugar de fragilidade e desconforto. A pessoa enferma vai à unidade de saúde em busca de cura, consolo, esperança. De ordinário é recebida pela segurança, habitualmente agressiva desde o modo de vestir e portar EPIs, até o perene "não", qual um carimbo na boca sempre pronta a barrar e impedir acessos. Superado este primeiro obstáculo a pessoa que busca a saúde ficará invisível para atendentes atentas muito mais aos seus celulares e computadores, que ao ser que geme à sua frente.

"Prefiro morrer a ser chamada na US pelo meu nome civil", sublinha o homem trans Hugo.
"Eu não me sinto confortável no posto de saúde, onde todos e todas me olham como um ET", declara a Yaô Jacira, ainda paramentada, cumprindo resguardo da iniciação no candomblé.

"Fui chamada de 'senhor siliconado' pela auxiliar de enfermagem", lembra, revoltada, a travesti Aline Popovich.

São inúmeras as histórias de quem dá testemunho que a proposta de humanização ainda passa muito ao largo dos equipamentos de saúde pública. Quiçá porque quem tem por obrigação fiscalizar tais serviços, se vale da rede privada, sem jamais ter tentado agendar uma consulta, fazer fila às 4h na porta do centro de saúde, ouvir da farmacêutica que o antirretroviral acabou, porque é carnaval.

Que cada pessoa se assenhore dos seus direitos e não tema enfrentar quem, sob o escudo de diferentes uniformes ou títulos, se olvida da missão de servidor do público que lhes paga, via impostos cada vez mais escorchantes. Humaniza SUS!

*Padre Alfredo Dorea escreve quinzenalmente para o BNews, e é arcebispo da Igreja Anglicana Tradicional do Brasil. Graduado em filosofia e teologia. Mestre pela Universidade Gregoriana de Roma. Atua no diálogo interreligioso, combate às violências, discriminações e preconceitos, defesa dos direitos humanos e das pessoas mais vulneráveis e empobrecidas, sobretudo as que vivem com o HIV AIDS.

Classificação Indicativa: Livre

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