Política

Desventuras em série em um governo desgovernado

Imagem Desventuras em série em um governo desgovernado
Elevar Olavo de Carvalho ao status de guru de qualquer coisa que seja é um absurdo ilustrativo  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 08/05/2019, às 14h23   Luiz Fernando Lima*


FacebookTwitterWhatsApp

O clã Bolsonaro está decidido a provar que espécimes de civis são piores do que militares. Talvez convictos de que não têm capacidade para gerir um país e conscientes de que não imaginavam o tamanho da responsabilidade daquilo que assumiam, a família forjada na milícia trata de provocar os militares com a finalidade de desencadear eventos que possam ter como consequência o retorno do pessoal de farda ao poder constituído.

Elevar Olavo de Carvalho ao status de guru de qualquer coisa que seja é um absurdo ilustrativo. A imprensa vai no efeito manada e coadunando com os insanos bolsonaros usam e abusam do substantivo transformado em adjetivo para se referir ao morador lunático dos Estados Unidos.

Não, Olavo de Carvalho não tem lugar de fala no Brasil para nenhum assunto institucional ou político. Os filhos de Bolsonaro, todos eles, não são referências para promover a intelectual um acéfalo ainda que este passe a impressão, para os também acéfalos, de que diz algo de pertinente.

Neste sentido, assombra os mais atentos a quantidade de notícias pautadas por entreveros de generais com Carvalho e a prole do presidente da República. Se Bolsonaro vai colocar ou não “panos quentes” na rinha virtual entre Carvalho e militares de alto coturno pouco importa na vida dos brasileiros.

Num país com índices de violência estratosféricos, sem emprego, sem educação digna, sem sistema de saúde estruturado, com preços exorbitantes em todos os produtos dos supermercados, com tarifa aérea, terrestre e combustível impeditivos, sem controle de qualidade em nenhum serviço privado ou público, não é aceitável que o twitter de um pseudointelectual tenha desdobramentos nas decisões políticas.

O cenário é ainda mais complexo por não haver revolta nas ruas e as panelas amassadas já não fazerem mais zoada. O fôlego para a cidadania está esgotado, sobretudo diante de tamanho desafio cotidiano para garantir o pão de cada dia e voltar para a casa financiada em 50 anos, alugada ou improvisada em tapumes.

Enquanto se fala em reforma da previdência, mudança esta que quase ninguém entende ou acredita que será positiva, o dinheiro num Brasil de brasileiros endividados está impagável. É de se indignar os perdões dados a alguns setores produtivos sem quem as mesmas condições sejam dadas ao cidadão comum.

Ora, nunca se viu neste país uma discussão sobre o refis de juros bancários ao cidadão. Anistiar o trabalhador totalmente endividado com o cartão de crédito, cheque especial ou crediário é algo distante da realidade.

As contas de água, luz, gás se acumulam. Existe um estouro na quantidade de farmácias em todo o país. Basta ver como estes centros comerciais estão se proliferando em progressão aritmética. O preço dos medicamentos lá em cima e os consumidores ficando doentes de tanto trabalhar ou se endividar para pagar os remédios que servem para curar doenças relacionadas às dívidas e baixo imunidade.

O círculo vicioso está desta forma, nenhuma solução é posta à mesa, ao contrário, o que se põe na mesa é uma arma de fogo que pode servir para se defender, para assaltar ou para se matar. A única decisão que resta a ser tomada, neste cenário calamitoso, é como utilizar a arma permitida por um governo desgovernado.

Luiz Fernando Lima é jornalista

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp

Tags