Política

A eleição de 2020 não passou, mas a de 2022 já bate a nossa porta

Imagem A eleição de 2020 não passou, mas a de 2022 já bate a nossa porta
Algo é certo: a eleição de 2022 será bem mais animada  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 13/05/2019, às 14h49   Victor Pinto


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Apesar de não ser decisiva para garantia de sucesso no futuro, uma eleição puxa a outra. O fim da apuração das urnas com um cenário concreto se estende ao campo das suposições e de caminhos lógicos começam a ser traçados por jornalistas, analistas, entendidos e os próprios políticos. Mal 2020 nos bate à porta e discussões internas já miram 2022 na sucessão do governo do Estado, na vaga do Senado e na presidência da República. Ninguém aqui quer ser Madame Beatriz, mas os olhos começam enxergar longe.

Vamos aos fatos que circundam a base aliada. Daqui há três anos, Rui Costa (PT) não será governador da Bahia. A sua sucessão, por si só, já acirra os ânimos da base aliada. O senador Otto Alencar (PSD) estará em final dos seus oito anos no Senado. E desses dois percursos começam o seguinte desenho: a troca de cadeiras. Rui apresenta renúncia oito meses antes do fim do mandato para sair candidato na vaga de Otto no Senado. 

O líder do PSD baiano tem demonstrado toda boa vontade – e quem não demonstraria em uma posição como a dele? – para assumir a disputa da sucessão do Palácio de Ondina. O evento do PSD na UPB nos últimos dias e as andanças do senador pelo interior da Bahia angariando filiações mostra que Otto está pra jogo. 

Contudo, João Leão (PP), vice-governador, também quer mexer suas peças no jogo de xadrez, algo a ser apaziguado. Para tanto, nessa questão da desavença para composição de majoritária, o nome do senador Jaques Wagner (PT) foi suscitado recentemente a voltar para o Palácio de Ondina e o petista não descartou prontamente esse cenário. Acho remoto esse acontecimento, mas de política não se duvida de nada. 

Nesse contexto apresentado, ficaria difícil apontar o rumo político de Rui, pois as vagas de vice e Senado, pela lógica de grupo, não ficariam na mão do PT. Sorriria o melhor dos sorrisos do PSB Bebeto Galvão, pois este ficaria com a vaga de Wagner no Congresso.  

Em outra projeção que abriria caminho para um novo rearranjo local, como a imprensa nacional já noticiou, Rui, presidente do consórcio dos Estados do Nordeste, ser uma alternativa petista para disputar com Fernando Haddad uma candidatura à presidente da República. 

Na oposição tudo gira em torno do prefeito ACM Neto (DEM). Nenhum nome competitivo foi pavimentado nesse meio tempo e nem deverá. Tudo do jeito que o ainda prefeito de Salvador quis. Eliminou e sufocou todo e qualquer adversário interno para reinar em absoluto na sua base. Na convenção do DEM isso ficou cristalino. 

Apesar de ter o nome ventilado à presidência da República pelo partido, cenário não descartado - pois isso dependeria de uma atuação de Neto nos dois anos antecedentes ao pleito e o surf do governo Bolsonaro na opinião popular - o caminho mais obvio do chefe do Palácio Thomé de Souza é tentar se viabilizar no vácuo da sucessão do PT no governo baiano. 

Mas para todos esses cenários surtirem efeito, a dependência está no resultado das urnas de 2020 com os votos computados para vereadores e prefeitos. Dependerá também do governo Bolsonaro, pois sabemos como o nacional tem interferência direta na eleição estadual, bem mais que a municipal. São caminhos desenhados, mas só o tempo os concretizará. Enquanto isso analisamos os contextos e os resultados que surgirão deles. Mas algo é certo: a eleição de 2022 será bem mais animada.  

* Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. Atua na cobertura política em sites e rádios de Salvador. Twitter: @victordojornal

** Esse artigo é publicado simultaneamente no jornal Tribuna da Bahia

Classificação Indicativa: Livre

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