Política

As sucessões na prefeitura de Salvador e o fechamento de ciclos

Imagem As sucessões na prefeitura de Salvador e o fechamento de ciclos
No próximo ano veremos uma eleição animada e quanto mais acirrada, melhor. Aí teremos noção se a história repetirá seus ciclos ou haverá um rompimento desse movimento histórico eleitoral  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 10/06/2019, às 13h14   Victor Pinto


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Não será fácil o trabalho daquele que busca ser o sucessor e herdeiro eleitoral do prefeito ACM Neto (DEM) no pleito de 2020, seja Bruno Reis (DEM) ou outro que venha ser o escolhido. Lógico que cada eleição é baseada em seus contextos do momento, mas a história nos mostra que o encerramento de ciclo de oito anos de um mandatário faz mudar a chave da condução do Palácio Thomé de Souza. Esse cenário pode ser retirado dos números e resultados dos últimos tempos.

Uma reeleição, a depender do grau de popularidade do chefe do Executivo, sempre será de difícil mudança. Dos últimos 20 anos, Salvador tem o costume de emplacar reeleições. Foi assim com Imbassahy (PSDB) eleito e reeleito, João Henrique Carneiro (PRTB) eleito e reeleito e o prefeito ACM Neto (DEM) no mesmo modelo. Nos últimos 24 anos de gestões, foram três prefeitos diferentes no comando da cidade.

Porém, acontecerá uma sucessão. O momento é diferenciado. É o ponto alto da corrida da oposição na tentativa de derrubar algum herdeiro de votos governista. Nesses três ciclos de gestores, cada um foi de um contexto de poder diferente.

Imbassahy ascendeu no fim do ciclo de Lídice da Mata (PSB). Venceu a eleição de 1996 na queda de braço da chapa Pelegrino (PT) e Alice Portugal (PCdoB). Obteve 51,44% contra 29,78%. Se reelegeu em 2000 contra o mesmo Pelegrino com 53,75% contra 35,33%, respectivamente. Naquele mesmo ano, João Henrique foi candidato e ficou em terceiro lugar no ranking geral da disputa.

Na mudança do contexto da política eleitoral, com o prenúncio da derrocada do Carlismo no Estado, 2004 foi iniciado o ciclo de João Henrique. Uma sucessão competitiva, ida ao segundo turno, com vitória de JH com esmagadores 74,68% dos votos contra César Borges (PFL) – um ex-governador e Senador da República na época - e seus 25,31%. Na reeleição, JH venceu, em segundo turno, Walter Pinheiro (PT) com 58,46% contra 41,54%. Naquela ocasião, ACM Neto foi candidato e ficou em terceiro lugar no ranking geral.

Em 2012 há uma nova mudança de ciclo. O neo carlismo retorna ao poder. ACM Neto (DEM), antes preterido pela população no primeiro turno, se coloca candidato mais uma vez e vence um segundo turno competitivo contra Nelson Pelegrino (PT) com 53,51% contra 46,49%. Na reeleição, em 2016, a vitória é mais acachapante e vence no primeiro turno a sua reeleição com 73,99% dos votos contra os minguados votos da deputada Alice Portugal (PCdoB). Naquela disputa, quem ficou na terceira colocação no ranking geral foi o deputado Pastor Sargento Isidório.

A oposição tem condições de mudar a configuração. O terreno é fértil, mas a avaliação do prefeito e a sua capacidade de transferência de votos serão fatores preponderantes durante o processo. O nome da oposição ainda não foi escolhido, há quem diga que a tática será a da pulverização como a do pleito passado, fato sem êxito.

No próximo ano veremos uma eleição animada e quanto mais acirrada, melhor. Aí teremos noção se a história repetirá seus ciclos ou haverá um rompimento desse movimento histórico eleitoral. Outro detalhe: em toda sucessão, o eleito foi terceiro colocado na reeleição anterior. Será que essa será a chance do Pastor Sargento Isidório? A conferir.


* Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. Atua na cobertura política em sites e rádios de Salvador. Twitter: @victordojornal

** Este artigo é publicado simultaneamente na Tribuna da Bahia

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