Política

A Vaza Jato chegou à Bahia

Imagem A Vaza Jato chegou à Bahia
Bnews - Divulgação

Publicado em 01/07/2019, às 19h09   Victor Pinto


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A cada capítulo um rebuliço. As doses homeopáticas da Vaza Jato nos têm revelado cada vez mais a trama eleitoral travestida de jurídica de uma Operação que tinha tudo para se manter irretocável. Enfiaram os pés pelas mãos! Agora há novos fatos com manchas de dendê: conversas mostradas pela Folha e o The Intercept BR mostraram o empenho do promotor Deltan Dallagnol em atingir o ex-governador e senador Jaques Wagner (PT) o mais rápido possível e principalmente pelo simbolismo do fato. 

Wagner bebe da fonte do lulismo. É um sucessor natural dessa linha eleitoral por sua proximidade com o ex-presidente e por ser uma das vozes mais moderadas e republicanas dentro do PT, uma sigla lotada de xiitas. Conhecido por seu tom negociador e por sua persuasão, o petista tinha tudo para ser o candidato a presidente no pleito passado, mas não foi. Garantiu por oito anos sua cadeira no Senado, mas vale lembrar que quando seu nome foi aventado, surgiram movimentações e denúncias do MPF, cuja movimentação só fora acalmada quando o mesmo negou sair candidato.  

Dada a importância e o simbolismo que seria uma nova ação contra Wagner, seguem os relatos, o primeiro de Deltan: “Caros, Jaques Wagner evoluiu? É agora ou nunca… Temos alguma chance?”. Um outro procurador, identificado como Athayde, responde: “As primeiras quebras em face dele não foram deferidas”. Mas novos fatos surgiram e eles iriam “pedir reconsideração”. Deltan responde: “Isso é urgentíssimo. Tipo agora ou nunca kkkkk”.

“Podemos fazer BAs [operações de busca e apreensão] nele antes [da posse]”, escreve Dallagnol. Uma procuradora argumenta que o Wagner já havia sido alvo de uma busca, em fevereiro, conhecida pela apreensão dos relógios do senador: “Nem sei se vale outra”. “Acho que se tivermos coisa pra denúncia, vale outra BA até, por questão simbólica”, pondera Dallagnol. “Mas temos que ter um caso forte”. Athayde escreve que seria “mais fácil” Wagner aparecer “forte” em outro caso, e Deltan finaliza: “Isso seria bom demais”.

As trocas de mensagens foram feitas durante o período eleitoral, na campanha de Fernando Haddad (PT) em ebulição com a de Jair Bolsonaro (PSL). Wagner recém-eleito senador da República, coordenador da campanha do segundo turno, era o alvo da vez. Apesar de não ter sido o candidato do grupo, mas o fato de ser articulador eleitoral em diversas frentes, seria mais um troféu para prateleira de Deltan. 

Vale lembrar: o xis da questão não é argumentar por inocência ou não de Lula, defender um político A ou B. Isso quem deve fazer são eles mesmo e suas defesas. Outro xis não é a contrariedade à Lava Jato, muito pelo contrário. O que se questiona é a forma, o percurso processual do caso, a maneira como o então juiz Moro fez suas conversas de encaminhamento com uma parte e como Deltan conduziu o processo para descambar numa interferência de uma eleição nacional.

* Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. Atua na cobertura política em sites e rádios de Salvador. Twitter: @victordojornal

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