Política

A corrosiva demora da escalação de Rui Costa em Salvador

Imagem A corrosiva demora da escalação de Rui Costa em Salvador
Bnews - Divulgação

Publicado em 08/07/2019, às 16h19   Victor Pinto


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Tudo tem seu tempo, mas os ponteiros das sucessões de 2020 têm girado cada vez mais rápido. O desenho de cenários se molda e as principais cabeças começam a se articular, contudo, o caminho a ser trilhado pela oposição do prefeito ACM Neto (DEM), cujo principal condutor seria ou será o governador Rui Costa (PT), segue sem um rumo claro pouco mais de um ano. 

Depois de tanto tempo sem querer sinalizar preferências, o petista, que em um gesto anticívico não participou das comemorações da Independência da Bahia no Dois de Julho, fez uma primeira menção, ainda tímida, sobre um nome tido como uma peça chave nesse jogo: o presidente do Esporte Clube Bahia, Guilherme Bellintani. 

Indagado por jornalistas qual sua avaliação sobre o quadro, o chefe do Palácio de Ondina se limitou: “Bellintani é um nome importante, mas têm outros nomes também. (…) Eu tenho dito aos partidos que em vez de discutir nomes, que discuta um projeto”. Quem conhece, sabe que o caminho soteropolitano não funciona desse jeito. Apesar da importância do projeto, o nome conta na corrida, na qual Neto está a longos passos à frente, apesar da árdua missão de emplacar o vice-prefeito e secretário de Infraestrutura Bruno Reis (DEM).

Os comentários de membros da própria base governista recaem num entendimento da falta de interesse de Rui no processo. Existe um mal-estar, com misto de ansiedade, pois muitos acreditam ter tempo suficiente para trabalhar um quadro que venha competir de maneira paritária na urna. 

O único, atualmente, que chega a tencionar com Reis, o eventual ungido do prefeito, é o presidente da Câmara de Vereadores, Geraldo Júnior (SD). GJ, porém, se coloca como aliado de Neto, apesar de fazer acenos e ser bem tratado pelo governador, e ainda faz mistério sobre um futuro alinhamento eleitoral. De um lado se reúne, vai ao interior, faz gracejos com Rui. Do outro, entra em rota de colisão e depois solta elogios a Neto. E por fora reúne partidos debandados e sem atenção dada pelo prefeito para criar um novo grupo. É ligado a Bellintani e se coloca como principal aliado, mas faz muito mistério sobre seu futuro. 

Não há ainda, no atual cenário, um nome ligado ao chefe do Executivo baiano que faça parte do movimento competitivo em percurso para o pleito eleitoral do próximo ano. Todos apresentados pela base ainda não empolgam o suficiente. Falta ainda “dar liga” para simpatia e conhecimento da população eleitora. 

Pelo cenário histórico dos últimos 20 anos, há uma tendência de renovação do ciclo de poder político soteropolitano, resta saber se isso será bem trabalhado. Vamos observar a força de transferência de votos de ACM Neto e de Rui Costa. Ambos, nas eleições em que foram protagonistas, tiveram votações muito boas, mas a incógnita é se os seus escolhidos para entrarem em campo conseguirão arrebanhar cada tecla ‘Confirma’ na urna a seu favor.

* Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. Atua na cobertura política em sites e rádios de Salvador. Twitter: @victordojornal

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