Política

As faces pós reforma: lavou, enxugou e tá “nova política”

Imagem As faces pós reforma: lavou, enxugou e tá “nova política”
Bnews - Divulgação

Publicado em 15/07/2019, às 18h40   Victor Pinto*


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A votação do texto base da reforma da previdência aprovada por uma maioria esmagadora na Câmara Federal mostrou a força do presidente do legislativo nacional e terceiro na linha hierárquica de poder, deputado federal Rodrigo Maia (DEM). Foram claros os sinais desta conclusão tirada não só por jornalistas e articulistas, mas por diversos deputados com os quais converso.

Quando Maia assume as negociações da linha de frente em detrimento ao comando do Planalto e manda importantes e severos recados durante seu discurso, mostra a queda da linha da “nova política" tão propalada por Bolsonaro e sua trupe. 

Nunca se soube ao certo o que seria essa nova política, mas o “toma lá dá cá” conhecido no dia a dia político era uma tática reprovável e condenável por todos dessa nova remessa. O que se viu foi a prática desses mesmos instrumentos quando emendas parlamentares, leia-se dinheiro aos milhões, foram condicionadas à votação da reforma. 

Bolsonaro baixou a cabeça para a velha política, a mesma com a qual conviveu por longos anos no Legislativo e nunca se levantou contra. Maia, por sua vez, foi o vitorioso da cena, mais do que o próprio presidente e não sei até que ponto os bolsonaristas, que muitas vezes ficam cegos e só fazem arminha com a mão, têm noção desse cenário. 

O DEM está a cada vez mais forte e, apesar de não ter a estrutura que o PSL terá em 2020, dada a sua grande bancada, tem funcionado como defensor do governo e das suas trapalhadas mais do que os próprios bolsonaristas de carteirinha.   

Ou realmente é aberto o diálogo entre forças, ou reformas futuras serão travadas. Mais do que isso, o governo pode ser paralisado como assim ocorreu em outros momentos da história. Se quiser seguir em frente, a crista deve ser baixa e o ministro da Economia, Paulo Guedes, agora, sabe muito bem disso. 

Ainda nesse confronto da velha e da nova política, cuja nova faz as mesmas práticas da velha, vimos agora a eventual indicação do filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), a embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Afinal de contas, a indicação de familiares para cargos públicos e de confiança não é uma das demonstrações mais desprezíveis da velha política com tantos rugidos contrários do povo?

Alegam que não há impedimento legal para a indicação e pelo fato do Eduardo falar inglês fluente, ter passado uma temporada por lá e fritar uns hambúrgueres, o parlamentar estaria apto à função. Mas, e moralmente? Veremos se a indicação se concretizará e se o Congresso, especificamente o Senado, aprovará tal quadro. Mais diálogo deverá ser empregado para atender a um capricho e assistiremos se o toma lá dá cá vai voltar em cena também nesse caso extremamente particular para amaciar o ego de Bolsonaro.

* Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. Atua na cobertura política em sites e rádios de Salvador. Twitter: @victordojornal

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