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É preferível se enganar

Imagem É preferível se enganar
Líder espírita comenta repercussão de declaração polêmica feita pelo presidente Bolsonaro sobre os nordestinos  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 22/07/2019, às 10h10   José Medrado*


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Não consigo entender. É muito estranho, mas toda vez que o presidente da República faz um derramamento de bobagens, como chamar os nordestinos de ‘paraíba’, ele vem, modifica o dito, dá outra versão. Está bem claro no vídeo que se vê por todos os lados. O pior, muitos acreditam, mesmo diante de evidências incontestes, pois são ações vistas, ouvidas dele. 

De logo, penso que todos deveríamos estar torcendo, independentemente, em quem votou, para que o governo dele dê certo, pois, caso contrário, todos sofreremos as consequências, mas ele não trabalha para isto, ao que tudo parece. Guarda algumas ideias fixas.

Assim, quando vejo por aqui no BNews alguma notícia sobre um dito dele, passo a ver os comentários. Impressionante, os ardorosos defensores da pessoa dele, saem em desconstrução do que é evidente por si só, com colocações que beiram ao que chamamos encurralamento argumentativo, pois se apoiam em comparações tipo: “E o Lulinha ladrão???”; “você preferia que o roubo continuasse?”. Não se dão conta que uma coisa não tem a ver com a outra... E, que cada um responda pelo que fez.

Há na psicologia o princípio do autoengano, que se refere aos fenômenos relacionados a mentir para si mesmo. Esta é uma das grandes armadilhas da mente. O autoengano ocorre em situações onde convencemos a nós mesmos de uma realidade que é falsa, mas fazemos isso de forma inconsciente, para evitarmos a  angústia, o vazio da frustração, de nos acharmos enganados. 

Assim, vamos forçando uma situação sem qualquer consistência até o fim. Tipo a esposa traída, mas a culpada da situação foi a outra, que sabia que o homem era casado. Fica mais fácil atribuir à outra a culpa da traição do próprio marido, a sofrer a angústia de que o seu esposo era quem deveria ter tido respeito e não teve. Muitas vezes a outra é uma total estranha.

A diferença entre mentira e autoengano é que, na mentira a pessoa está ciente de que não está dizendo a verdade, enquanto no autoengano aceita como verdade uma realidade que é falsa sem ter consciência disso. Há autoenganos por todas as partes, inclusive nesta disputa política pelos seus ídolos. É preferível se enganar, dói menos.

*José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Escreve para o BNews às segundas-feiras.

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