Política

Quando o número de curtidas some, um grande problema nacional surge

Imagem Quando o número de curtidas some, um grande problema nacional surge
Bnews - Divulgação

Publicado em 22/07/2019, às 17h09   Victor Pinto*


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A revolução anunciada pelo Instagram de não mais divulgar aos seus usuários o número de curtidas que cada foto publicada recebe, cujo dado fica somente para quem as publicou, tem gerado comentários tendenciosos na esfera política. 

Mais do que likes por si só, o Instagram implementou no Brasil algo começado no Canadá, seguido de bons resultados: uma medida para tentar ajudar na retardação do crescente número de deprimidos. O foco estava no comparativo das imagens, na repercussão das publicações em números e assim em diante. 

“Queremos que os seguidores se concentrem mais nas fotos e vídeos do que na quantidade de curtidas. Não queremos que as pessoas sintam que estão em uma competição dentro do Instagram”, afirma o comunicado do grupo gestor do aplicativo. 

O assunto chama atenção, pois se trata de uma das maiores redes sociais do planeta e que se tornou intrínseco para boa parte do público brasileiro usuário de internet que paquera, estreita os laços com amigos e familiares, faz novos contatos, utiliza o aplicativo para se informar ou como forma de entretenimento, para vender produtos, divulgar trabalhos, prestar contas e até mesmo ganhar uma eleição. 

A medida global, em meio a discussões de vícios em redes sociais, e que deve atingir em breve todas as contas mundiais, é alvo de críticas do PSL e do clã Bolsonaro. O filho do presidente, o vereador federal Carlos Bolsonaro (PSL/RJ) foi o primeiro a espernear no Twitter. Acusou o Instagram de implementar uma cartilha ideológica progressista e de manipular informações com a justificativa de combater o bullying. 

Ou seja: na visão do filho do presidente Jair Bolsonaro - o principal líder da guerrilha digital política eleitoral -, o Instagram fez essa medida para prejudicar o chefe do Palácio do Planalto. Eu não sei qual milagre que até escrever esse artigo ainda não vi publicações do vereador colocando a culpa no PT e/ou no presidiário ex-presidente Lula. 

Entende-se a preocupação do filho do presidente: hoje sua plataforma maior de comunicação com os eleitores está praticamente centrada nas redes sociais. Qualquer movimento é visto com cautela. Contudo, por serem empresas privadas, estão abertas a modificações o tempo inteiro ou isso não estaria ferindo a livre iniciativa privada? O Estado teria que intervir e trazer de volta o número de likes?

Se com meras contagens de coração o vereador [cujo foco está totalmente fora da cidade do Rio de Janeiro, que tem passado perrengues pesados na administração Crivella] demonstra sua preocupação, imagine se em um dia apocalíptico e utópico Mark Zuckerberg resolvesse tirar do ar Facebook, Instagram e WhatsApp?  

E outra percepção: o clã Bolsonaro não está no centro do mundo. Quisera eu ter uma autoestima como essa de achar que o Instagram mudou para me prejudicar ou não contar mais o quanto de corações eu conseguir arrebanhar em um vídeo ou foto e deixar de utilizar essa informação como lucro eleitoral.

* Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. Atua na cobertura política em sites e rádios de Salvador. Twitter: @victordojornal

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