Especial

Eleição do PT Bahia: Everaldo Anunciação apresenta propostas de campanha

Imagem Eleição do PT Bahia: Everaldo Anunciação apresenta propostas de campanha
No dia 10 de novembro, 42 mil filiados ao Partido dos Trabalhadores poderão escolher dirigentes nacional, estadual, municipais e zonais. Em meio ao Processo de Eleição Direta (PED) que movimenta o partido, o Bocão News fará uma série de entrevistas com os principais candidatos do estado e da capital baiana. Esta semana, Everaldo Anunciação, cotado para suceder Jonas Paulo,  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 20/09/2013, às 00h00   Juliana Nobre (Twitter: @julianafrnobre)



No dia 10 de novembro, 42 mil filiados ao Partido dos Trabalhadores poderão escolher dirigentes nacional, estadual, municipais e zonais. Em meio ao Processo de Eleição Direta (PED) que movimenta o partido, o Bocão News fará uma série de entrevistas com os principais candidatos do estado e da capital baiana. Esta semana, Everaldo Anunciação, cotado para suceder Jonas Paulo, alega que a ideia inicial do “chapão” era para economizar energias no processo e concentrá-la nas eleições em 2014. Já neste momento acredita que cinco candidaturas “fortalecem a democracia no PT”.

No dia 10 de novembro, 42 mil filiados ao Partido dos Trabalhadores poderão escolher dirigentes nacional, estadual, municipais e zonais. Em meio ao Processo de Eleição Direta (PED) que movimenta o partido, o Bocão News fará uma série de entrevistas com os principais candidatos do estado e da capital baiana.

Esta semana, Everaldo Anunciação, cotado para suceder Jonas Paulo, alega que a ideia inicial do “chapão” era para economizar energias no processo e concentrá-la nas eleições em 2014. Já neste momento acredita que cinco candidaturas “fortalecem a democracia no PT”.

O partidário ainda diz estar tranquilo com a candidatura do seu principal adversário, Ernesto Marques, e que já ficaria satisfeito se receber 50% mais 1 dos votos dos militantes, deixando de lado a prospecção feita por seu grupo político de ganhar o pleito com 75% deles.

Apesar de receber apoio dos quatro pré-candidatos ao governo do estado, Anunciação assegura não se preocupar no momento de escolher entre um deles e que sua candidatura está atrelada à vontade dos militantes.

BNews – Para começar explica como funciona o PED?

Everaldo Anunciação – O PT é um partido que prima pela democracia. E o partido entende que a forma mais democrática de fazer a escolha dos seus dirigentes é através do Processo de Eleição Direta. Nós somos o único, não existe nenhum outro partido no Brasil que escolhe seus dirigentes pelo voto direto. Aliás, na maioria dos partidos no Brasil cria-se comissões provisórias. Isso porque um deputado estadual ou federal ou prefeito pode se apropriar da legenda no município ou no estado. O PT não, ele faz a eleição para criar
seus diretórios e com isso consolida a participação da sua militância de democratizar o processo e garante a estabilidade política da direção do partido. Quero ressaltar que nós somos o primeiro partido no Brasil a instituir a paridade. Na maioria dos partidos, a direção é composta por homens, em uma visão machista. O PT não. Nessa eleição, 50% da direção será composta por mulheres. Outra questão é sobre as cotas. A cota geracional, que é a questão dos jovens. Todas as direções a nível nacional, estadual e municipal terá a presença de 20% de jovens. Porque é a concepção de um partido, que ainda que tenha 33 anos, mas que já chegou ao governo central e ele precisa estar oxigenando, ter uma sintonia forte e clara com a sua juventude, com a sua inquietude, com seus sonhos, com as suas transformações. E um país que tem raízes africanas não poderia deixar de ter cota racial. Nós da Bahia jamais poderíamos negar isso. Essa cota de 20% compõe um conjunto de cotas que o PT administra para a construção do PED, para que tenha decisão política de construir uma democracia com diversidade.

BNews - Por que a ideia do “chapão” colocada no início naufragou?

EV – Há uma incompreensão nisso. Trabalha muito com a história de construir a unidade. Construir consenso é o limite da unidade, mas construir o consenso é você construir uma posição majoritária. Não existe ainda na história do PT em uma eleição, a nível nacional ou estadual, com chapa única. O PT tem essa diversidade. É composto por diversas correntes de pensamento. O que nós tentamos e conseguimos foi construir uma posição majoritária. Eu tenho o orgulho e honra de ser candidato de 86% da composição atual da direção do 
PT, de ter o apoio dos 10 deputados federais, de 13 deputados estaduais, dos quatro pré-candidatos ao governo, de todos os setoriais [mulheres, lgbt, juventude, racial, economia solidária, educação]. Então esse conjunto de força, essa correlação interna constrói um ambiente de governabilidade e representatividade. Óbvio que se tivesse 100% disso eu acho que nós poderíamos economizar energia e bateria para um embate maior que são as eleições que nós vamos disputar contra adversários, que esses sim precisam ser derrotados.Então, o processo de não ter um ‘chapão’, de ter uma chapa bem representativa e mais quatro candidatos, acho que fortalece a democracia petista. Eu defendo isso. O PT é tão democrático que além da paridade, das cotas, como já falei, todas aquelas chapas que atingiram um percentual, que tem direito a presença na executiva, vão participar. Eu sou autor de uma proposta, no diretório anterior, para a ampliação da executiva para que todas as correntes de pensamento possam ter voz dentro da executiva. Acredito que a democracia se constrói com os contraditórios. A unanimidade por si só não ajuda. A composição das chapas e a disputa agora nesse PED resultará em uma unidade política, que é a mais importante.

BNews – Foi publicado que você teria 75% desses votos. Como vocês chegaram a esse resultado?

EV – Eu nunca disse. Eu sou do sul da Bahia, fui vereador em Itabuna, fui candidato a vice-governador em 1998 e nesse ano as pessoas achavam que o PT não deveria ter candidato e eu fui com Zezeu [Ribeiro], e fomos o segundo colocado. Eu tive uma experiência em Itabuna que nosso candidato tinha 2% e nós ganhamos as eleições. Como também já tivemos experiência de ter uma posição majoritária e perder. Então eu não antecipo o resultado da eleição. Óbvio que essa eleição específica do PT, com um colégio eleitoral 
previamente definido, e se tem uma correlação e representação de correntes organizadas é diferente do voto avulso que você vê na sociedade, um voto não ideológico e não organizado. Isso nos permite a uma prospecção de que com esses apoios seja possível que cheguemos a isso. A maior eleição do PT até hoje de presidente foi a de Jonas Paulo que atingiu 72%. Eu não tenho nenhuma vaidade e não sou orgulhoso, não gostaria nem de ultrapassar esse percentual. Até porque o PT elege seu presidente com 50% mais 1 dos votos, isso já seria para mim extremamente gratificante. O percentual é secundário. É da vontade do filiado do PT e eu espero que seja aquele que atinja o índice que represente uma boa quantidade de filiados.

BNews - Com a candidatura do jornalista Ernesto Marques o grupo precisou mudar de estratégia?

EV – Não precisamos fazer isso porque nosso maior desafio é pensar para frente, não olhar pelo retrovisor e pensar no futuro. Esse é o desafio e foi nesse intuito que eu disponibilizei meu nome aos companheiros e companheiras de grande representatividade que disseram que a gente teria que pensar o PT para esse momento. Então o fato de você ter mais quatro candidaturas, de ter construído um posicionamento com 86% não me acomoda e nem muda a estratégia. Eu acho que o PT vive um momento gratificante. O partido, aos seus 
33 anos, consegue uma marca de respeito e aceitação da sociedade. Nós somos 42% da preferência da sociedade brasileira. O segundo tem 7%. Nós temos um governo que mudou radicalmente a economia, a vida social das pessoas e a política. A democracia hoje é um fato de direito das pessoas. Na Bahia nós temos uma situação, que antes não existia. A democracia passa a ser institucionalizada, principalmente na Assembleia Legislativa. Vivíamos em um estado que 72% dos municípios não tinha água e hoje já temos. Era um estado onde os programas sociais não chegavam até as pessoas. Antes era mais importante inaugurar uma grande obra. Então ser candidato do PT nesse momento você não pode se curvar à pequenas coisas e precisa ter um olhar de futuro. Fazer junto com o PT, junto com a sociedade, com os movimentos sociais, com os partidos da base aliada. É com essa disposição que eu vou trabalhar com as correntes internas do PT para que essa concepção seja consolidada.

BNews - Dentre os desafios no próximo mandato, que vai até 2016, estão a organização do partido em territórios, formação política e reaproximar a militância. Como você pretende fazer isso?

EV – Nós temos uma questão concreta. A Bahia é um estado que é quase uma nação. O PT tem que repensar a sua forma de organização e adequar a uma nova realidade. Hoje você tem uma base geográfica organizacional que é por território. O governo já se organiza assim e os movimentos sociais estão trabalhando essa concepção. A concepção de partido regionalizado deve ser deixada de lado e o PT precisa criar as suas coordenações territoriais porque ela cria facilidades de laços com aqueles que são alvo da política, os movimentos sociais e a sociedade civil organizada. Nós temos que criar essas coordenações, essa relação entre a direção estadual e os municípios precisa ser melhorada. Eu proponho criar um conselho de representantes dos territórios para debater a política junto com a direção. Essa forma que o PT trabalhou até aqui, de uma organização vertical, que é o partido a sua direção estadual, a executiva e os diretórios municipais, está ultrapassada. Eu acho que a gente precisa ter uma visão mais horizontal e o conselho é para radicalizar nas decisões do PT e criar condições mais diretas de participação. Não dá mais estar no milênio da informação e da comunicação, as conversas e as trocas de informações se darem apenas presenciais. As informações modernas da internet tem que fazer parte do cotidiano de quem dirige o partido, de quem quer incorporar a juventude, além de conteúdo. Na formação, as pessoas têm a capacidade de desenvolver o seu próprio raciocínio. A esquerda brasileira ainda tem uma marca de ser ainda uma formação depositária. Você senta e eu lhe digo uma verdade. Eu quero que PT discuta se é essa a verdade. É incorporar conteúdos e formas novas. Outra questão é a relação com os atores sociais. É um debate muito forte sobre o PT, a militância, a relação com os movimentos sociais e esse distanciamento. A gestão de Jonas Paulo foi a que mais fez reuniões na história do partido. Não basta só reunir, é preciso reunir também com esses atores. Eu proponho a criação em cada um desses territórios um  fórum permanente de debate sobre democracia de políticas públicas. O PT tem o governo federal, o estadual e eu acho que nós devemos buscar a reeleição do governador com a candidatura do PT. Nós temos 93 cidades administradas pelo partido e temos órgãos federais e estaduais em todos esses territórios, e a gente precisa isso com a sociedade. Nós precisamos criar um fórum para que as pessoas possam ouvir o que está sendo feito e fazer críticas ao que estamos fazendo e a nossa militância possa se emponderar através de informações, ações e políticas públicas.

BNews- Você falou de reaproximar a juventude e de redes sociais. Como você avalia a imagem do PT principalmente depois das manifestações de rua? Você acha que a imagem se desgastou e como você avalia esse movimento?

EV – Nós não estranhamos, mas houve uma tentativa de uma parte, de alguns segmentos 
da sociedade e de parte da classe dominante, da elite brasileira, de tentar confundir o PT, os movimentos e um desgaste com essas políticas. Se observarmos quais foram as manifestações daquelas pessoas que foram para as ruas fazer reivindicações concretas não daqueles que foram manifestar de forma estúpida, mas daqueles que foram às ruas reivindicar de forma legítima. Eles não foram reivindicar sobre o retrocesso da privatização das empresas públicas, não foram pedir a redução do atendimento do SUS, ou que acabassem com o ENEM ou com o acesso às cotas em universidades. As pessoas foram às ruas pedir mais. Quando as pessoas pedem mais a nós que viemos das ruas, isso há uma conexão com o partido. Isso foi bom e interessante para despertar no PT esse chamamento de que as pessoas ganham um melhor salário, que as pessoas têm acesso ao Minha Casa, Minha Vida, tem acesso à universidade, mas eles querem mais. E esse posicionamento não distorce o PT, ele ajuda a fortalece o partido. O que eu acho é que nós temos que perceber é que as relações com os movimentos sociais tem atores novos e o PT precisa se relacionar.Mas é extremamente positivo para a democracia brasileira a movimentação que houve e ela só vem ajudar para que não fique inflexível, com uma concepção acabada, porque nós somos um partido de massa. Nós não somos um quadro de intelectuais, de pensadores que tem a verdade dentro de si. A verdade é uma construção coletiva para nós e esse aprendizado de junho ajuda muito a nós do PT e à democracia.

BNews – De 2005 para cá o crescimento no número de militantes não foi tão significativo. Como você avalia essa situação?

EV – Esse dado precisa ser corrigido. Em 2005 nós tínhamos pouco mais de 30 mil filiados [Bahia]. Nós fomos para um PED em 2009 com quase 70 mil filiados e 35 mil votaram. Nós vamos para um PED agora que havia uma expectativa de que seria difícil por conta do movimento de junho, e nós vamos chegar a mais de 800 mil filiados [Brasil] participando, c
ontra 570 mil [Brasil] do último PED. Então, não há insatisfação e desânimo da militância do PT em participar do PED, é uma crescente. O que há é essa necessidade do novo, de criar formas para que as pessoas se envolvam. O tradicional acomodou. As pessoas têm outras ferramentas que fazem discutir política, de se mobilizar e se comunicar e nós ainda estamos utilizando ferramentas, métodos e conteúdos que precisam ser adequados à realidade que as pessoas estão vivendo. Mas, no mais, o PED é um sucesso. Hoje serão 42 mil aqui na Bahia e o último PED foi 32 mil. Foi 30% de crescimento na participação. O número de filiados na Bahia beira os 100 mil. Agora isso é suficiente? Não. Precisa mais. O PT precisa incorporar mais pessoas. A questão é que as pessoas olham o tradicional, o sindicalista que faz a greve, o diretor de grêmio estudantil, mas a mesma importância que tem o presidente da CUT na Bahia, tem uma voluntária da Pastoral da Criança. São essas pessoas que nós temos que atrair para o PT para dar opinião. É um inicio de uma concepção coletiva. A gente precisa dar uma sacudida, incorporando coisas novas.

BNews – Mas o PT estando no poder nesses últimos anos deveria ter um número mais significativo. Porque o partido não conseguiu agregar mais pessoas nesse período? 

EV – Primeiro que a gente não faz da máquina do estado uma apropriação partidária. O aparelhamento da máquina para trazer pessoas em troca de favores, nós fazemos um acordo político, de um projeto. A gente agrega para ter aprovação de projetos, como Dilma faz, como todos os partidos fizeram em um determinado momento de forma séria, e outros que distorceram disso. Então, nós entramos no governo para mudar a vida das pessoas não foi para fortalecer o Partido dos Trabalhadores. Muitos companheiros e companheiras nossas que estavam nos movimentos sociais vieram ocupar cargos, mas vieram não por favor, vieram pelo conhecimento sobre a demanda e a necessidade de quem está na ponta. O que aconteceu nesses 10 anos é que criou-se um vácuo na base de liderança do PT, por isso a questão da formação para recuperar. É buscar pessoas com experiência prática. O crescimento do PT não está diretamente ligado ao governo, mas nós crescemos sim em nú
mero de filiações. Ainda é pouco e eu quero chegar ao final do mandato com o dobro deste número, incorporando essas pessoas que querem mais, que vão para as ruas, porque quem quer mais se dá com a ideia do PT de querer mais também. Há um espaço muito grande ainda, isso é verdade, mas não há um retrocesso.

BNews – Qual é a pauta do PT e qual é a pauta do governo?

EV – O governo tem uma composição de diversos partidos. Ele tem um eixo central. O governo e o PT tem lado, onde o PT governa tem um lado definido. Nós optamos na política por trabalhar pelos mais pobres. Nós fizemos uma opção de corrigir as desigualdades sociais, esse é o eixo central. Agora é obvio que durante a implementação desse processo algumas coisas são ajustadas com a correlação de força que você tem. Não é de agora que estamos querendo fazer reforma política no Brasil. Lula tentou três vezes, Dilma está tentando, mas a correlação de força não permite, mas vamos continuar tentando. Porque não é possível que um país que quer combater a corrupção seja permitido que as eleições sejam feita com o uso do poder econômico privado, que um empresário possa bancar uma candidatura e em contrapartida pedir que seja feita a defesa dos seus interesses. E outras pessoas de bem que estão dentro do PT não possam ser candidatos porque o custo de uma campanha é muito elevado. Nós precisamos fazer essas correções e podem ter certeza que o PT tem esse diferencial.

BNews – Então como fazer essa interlocução da pauta do partido com a do governo?

EV – Primeiro, da forma que hoje é feita a nível nacional, estadual e queremos consolidar
nos municípios que é criando os conselhos políticos. Nós achamos que é a forma de se discutir com o governo e criar relação com os partidos, com o conjunto das forças que ganharam as eleições. Segundo, é criar uma assessoria mais especializada para a relação entre governo e partido porque as pessoas que estão no governo são absolvidas pela rotina da máquina e isso cria, naturalmente, um distanciamento. Aquele companheiro e companheira que tinha a vida dedicada ao partido, a medida que ele assume o governo o tempo e a disponibilidade dele passa a ser menor para o partido e para a família. Então precisamos criar mecanismos de conversas mais constantes e de propostas que possam estar consolidando o pensamento do partido como, por exemplo, a decisão do orçamento participativo. Esta é a marca do PT e nós queremos resgatar, adequar à realidade das administrações, porque não pode ser só na vontade, tem todo um processo técnico para ser ajustado e o PT tem que se preparar para isso. Outra coisa nesse sentido é que precisamos criar uma dinâmica melhor onde os ocupantes de cargos do partido possam participar mais das atividades partidárias para a troca de informações, e a forma, como eu já falei, é criar os fóruns permanentes para que ele possa dialogar com a militância, com a direção do partido  e com a sociedade. Isso é para não acontecer o que é decorrente da esquerda brasileira, que é chegar ao poder e se apropriar de interesses particulares ou partidários. O governo que está e o que vamos administrar não pertence a nenhum partido, pertence à sociedade. Cabe a esse partido hegemonizar a nossa sociedade e criar essas relações.

BNews – O governo vem sofrendo uma crise financeira, que já foi abertamente publicada. Neste sentido, o partido não pode intervir?

EV – Como eu disse, o partido não gerencia o governo, mas nós temos dado algumas sugestões ao conselho político do governo. Algumas ações precisam ser redimensionadas. Houve uma queda de arrecadação, há de se reconhecer isso, para o estado e para os municípios. A reforma tributária precisa acontecer. Estamos dizendo isso à nossa presidente Dilma e ao Congresso Nacional onde somos minoritários, para que possamos conseguir 
reestruturar a arrecadação dos estados e municípios, porque é importante quando você reduz o IPI para que a pessoa possa ter uma geladeira, uma máquina, um carro, mas isso rebate diretamente na arrecadação dos estados e municípios. Isso criou uma situação para a correção de uma crise internacional , deu mais consumo ao Brasil, nos colocou na economia internacional em uma condição inclusive de arbitrar ações e políticas, mas trouxe também alguns problemas que precisam ser corrigidos. Então além da reforma tributária  nós queremos que essa questão do orçamento participativo passe a ser uma questão cotidiana, porque quando as questões são discutidas com a sociedade podem trazer redução de custo. Agora tem algumas que não abrimos mão. Não dá para pensar em redução de gastos precarizando a situação dos trabalhadores. O PT não topa isso. Temos que discutir a Lei da Responsabilidade Fiscal, mas não pode colocar a culpa nos assalariados, que prestam serviços, não é essa referência, o gasto com o pessoal. Mas queremos dizer que partido é partido, governo é governo. Cabe ao governo administrar essa questão e cabe ao PT e a sociedade civil criar mecanismos de acompanhamento e fiscalização para que o dinheiro seja bem usado.

BNews – Você afirmou que é apoiado pelos quatro pré-candidatos ao governo. Como será para você decidir entre eles quando chegar o momento de escolher o candidato oficial?

EV – Muito tranquilo, até pela relação pessoal que tenho com todos os quatro, tanto com José Sérgio Gabrielli, Walter Pinheiro, Luiz Caetano e Rui Costa. Isso já cria um ambiente.E nós temos uma relação política, somos da mesma década, temos uma história de construção do PT, na CUT. Então tem toda uma cumplicidade na relação da construção partidária. E quando eu fui lançado a candidato já tinha uma pactuação interna de que nós
não vamos fazer guerra, nem briga para escolher o nosso candidato. Vamos fazer o processo de construção de um consenso progressivo para que seja escolhido aquele que melhor representa o partido, que tenha afinidade com o coordenador desse processo, que é o governador Jaques Wagner, que tenha uma cumplicidade com os partidos da base aliada e tenha aceitação com a maioria da sociedade que vai definir o resultado eleitoral. Estou muito tranquilo porque o PT me ensinou muito a trabalhar com a ética, com princípios, com relações, com verdade e quando isso é tratado dessa forma fica mais fácil escolher. Só tem vaga para um e todos sabem disso e com certeza vamos chegar a denominador comum. Será uma candidatura capaz de sensibilizar aos outros partidos, que essa será a segunda tarefa e nessa eu quero estar empenhado, para que projeto que mudou a cara do Brasil e da Bahia possa ter continuidade. Sem prepotência, sem arrogância, mas reconhecendo que o PT teve essa capacidade de reacender nas pessoas a esperança de que através da política é possível realizar sonhos. A relação com os partidos da base aliada é de cumplicidade. Temos a presidência do Senado com um partido, aqui na Bahia, a presidência da Assembleia Legislativa é de um, a da UPB é de outro, então é um ambiente da  cumplicidade política porque isso é o que dá a consistência para mudar a política. E nós podemos por mais quatro anos fazer isso, não sozinhos, porque não foi uma vitória do PT, mas para compormos essa chapa majoritária com a vaga do Senado e da vice com os partidos da base aliada.

BNews - O PT alega que por ser o partido com o maior número de votos nas últimas eleições deve ter candidatura própria ao governo do estado. Essa investida pode chocar a relação com os partidos da base?

EV – Essa tese eleitoral matemática faz parte da cultura da política, mas não é principal porque você pode se juntar e compor alianças e ser a maioria e a minoria. Não somos a maioria do eleitorado baiano, nós atingimos um percentual com a política de aliança. Nós temos individualmente a maior bancada federal, temos a maior votação para prefeitos e vereadores, mas esse é só um fato matemático, não é esse que move a mudança da política. O que move e que deixa as pessoas felizes e acreditando na política é o projeto. Isso o PT está credenciado e legitimado para atrair e continuar com os partidos da base aliada. Nós trouxemos mudanças e formas de fazer política que foram aceitas pela sociedade. O que nós queremos é que esses partidos da base aliada possam avaliar aquilo que a sociedade já diz: “o partido que nós acreditamos é o PT. A forma do PT fazer política pública nós gostamos e queremos mais”. Então se eles querem mais o partido agora tem esse desafio

e o que nós queremos da base aliada é esse aval para a gente aprofundar as mudanças que nós já fizemos. E aí a gente contemplar nas eleições proporcionais, de deputados estaduais, federais, nas alianças municipais. E a gente sabe dividir. Quando a coisa é dividida todo mundo é contemplado.

BNews – Então para terminar. A sua candidatura está atrelada à de Rui Costa para 2014? 

EV – A minha candidatura está atrelada à maioria das correntes do PT. A minha candidatura está atrelada à Rui Costa, à Walter Pinheiro, à Luiz Caetano e à José Sérgio Gabrielli, e sobretudo, ela está aliada ao que o PT tem de mais especial e principal, que é a sua militância. É nessa crença que eu vou ser candidato à presidência do PT e com essa vontade da militância de ter um partido de massa, de luta e de mudança que eu estou querendo nos próximos quatro anos dirigir essa coisa extraordinária chamada Partido dos Trabalhadores.

Assista a íntegra da entrevista:



Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp

Tags