Política

Coronel fala sobre desorganização da AL-BA e planos para estimular os deputados

Publicado em 11/02/2017, às 00h00   Luiz Fernando Lima


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O deputado estadual Angelo Coronel (PSD) assumiu a presidência da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia no dia 1° de fevereiro desbancando na noite anterior a votação o então presidente Marcelo Nilo (PSL), que já estava no quinto mandato no comando da Casa. Coronel prometeu cortas gastos, democratizar a Assembleia e estruturar as ferramentas para que haja mais participação dos partidos nas decisões administrativas e políticas do Legislativo. Outra tarefa priorizada pelo novo presidente será fazer com que os projetos enviados pelo Executivo passem pelas comissões quebrando uma "tradição" de votação em regime de urgência. Nesta conversa com a reportagem do Bocão News, Coronel conta como começou na vida pública e reafirma que não pretende ser candidato em 2018.

B.News: Presidente, conte-nos um pouco de como o senhor chegou à vida pública?

Angelo Coronel: Eu entrei na vida pública em 1988 quando fui prefeito em Coração de Maria daí para frente estou no sexto mandato de deputado. Sou engenheiro civil e tenho atividades empresariais tanto na Bahia quanto fora dela. Venho tocando a vida de deputado, desestimulado, mas tentando agora com este mandato de presidente voltar a ser o parlamentar que eu era no passado. Tendo estímulo. Muitos outros parlamentares também estão desestimulados, mas esperamos que esta seja uma nova fase desta casa e eu tenho certeza que ela voltará a ser a caixa de ressonância da sociedade.

B.News: O senhor falou em chacoalhar a Casa e desestimulo de deputados, mas o que seria necessário fazer para que se retome este estimulo?

AC: A Casa tem que fazer com que as comissões realmente operem. Elas precisam retomar os trabalhos. Acho que projetos devem ser debatidos a exaustão para vir a plenário prontos para votar e com isso se otimiza os dias de trabalho na Casa. Se isso for feito da maneira correta, os deputados voltarão à Assembleia. Se você institui que as terças-feiras serão para votar projetos do Executivo e as quartas para matérias dos deputados a gente cria uma concorrência saudável e cada um querendo fazer mais projetos que os outros até para aparecer para suas bases e para os cidadãos. Acredito que apenas comendas, títulos de cidadão, que são importantes, não podem resumir o trabalho dos deputados. Considero que temos que votar projetos de deputados. Matérias que tenham importância para a sociedade e para isso vou conversar com os líderes para que possamos montar uma comissão de técnicos que possam nos ajudar a ter essa assessoria mais técnica. Muitas vezes os deputados colocam em seus gabinetes assessores, mas, às vezes, carece de técnico especializado para tirar dúvidas em relação aos projetos. Então, podemos fazer isso para que tenhamos essa dinâmica na votação dessas matérias. Eu quero que a imprensa, quando chegar ao final do ano, possa escolher os melhores deputados com base em participação, projetos aprovados e trabalho, acabando de vez com a morosidade aqui da Casa.

B.News: O senhor acredita que é possível reduzir os gastos da Casa? Como fará isso?

AC: Estou fazendo um diagnóstico em cada setor para ver o que pode ser cortado. Evidente, que eu não quero colocar na parte administrativa pessoas que não trabalhem. Na área administrativa eu preciso de pessoas que venham agregar, que venham realmente trabalhar. Quero também remanejar pessoas que já estejam cansadas de um setor para ver se com essa oxigenação elas venham com mais vontade para melhorar as condições de trabalho e gerar mais fluxo de trabalho.

B.News: O senhor tem se dedicado a fazer o diagnóstico nestes dias e já identificou como pode melhorar a produtividade da Casa?

AC: Não posso dizer ainda, pois assumi há 48 horas praticamente (a entrevista foi concedida na terça-feira (7)). Primeiro estou arrumando a parte de pessoal para depois partir para a parte técnica. O importante é ir subindo degrau a degrau. Não adianta fazer bravata ou me arvorar a dizer que vou fazer tudo de vez porque sou humano e não tenho condições para isso. Garanto que vou deixar o legado de uma Casa livre, independente, harmônica e respeitada.

B.News: O senhor conversou com seus pares sobre as comissões temáticas e se haverá mudança no número das permanentes?

AC: Vamos conversar nesta semana com o líder da Maioria, Zé Neto (PT) e da Minoria, Leur Lomanto (PMDB), para que a gente comece a fechar questão quanto a estas comissões que serão instaladas. Falaremos sobre a formação do Colégio de Líderes para que as bancadas e blocos possam participar da formulação da pauta de votação da Casa.

B.News: As subcomissões, a princípio, permanecerão?

AC: Eu ainda não mexi na estrutura da Casa. Eu vou conversar com o Colégio de Líderes e com a Mesa Diretora em caso de alguma mudança. Eu jamais tomarei qualquer decisão monocrática. Para tudo que formos fazer pegarei o referendo da Mesa Diretora e a oitiva do colégio de líderes.

B.News: Foram atribuídas ao senhor a exoneração de mais de 150 funcionários da Casa em cargos comissionados ou outras funções. Só que neste montante tiveram pessoas exoneradas e nomeadas no mesmo ato, além das mudanças na composição de gabinete da Mesa Diretora ou Lideranças. O senhor tem ideia de quantas pessoas no total devem ser remanejadas ou exoneradas?

AC: Não tenho ideia. Eu devolvi 57 pessoas que eram de outras esferas, ou seja, do Poder Executivo, de prefeituras e essas pessoas vou começar a sondar se elas são imprescindíveis para continuidade dos trabalhos na Casa. Porque se nós temos funcionários aqui na Casa não há necessidade, provavelmente, de manter pessoas que vieram de outra esfera ou Poder.

B.News: O governador Rui Costa já solicitou o retorno de policiais militares que estão a serviço da Casa, principalmente, em funções administrativas. O senhor tem ideia de quantos são? Outra demanda antiga seria a criação ou estruturação da guarda legislativo, semelhante ao que existe no Congresso Nacional, o senhor tem ideia de criá-la?

AC: Eu vou reunir com representantes da segurança da Casa para a gente começar a elaborar como fazer para implantar esta 'Guarda Parlamentar'. Como tem na Câmara dos Deputados. Evidentemente, existem muitas que precisam ser feitas aqui, mas tudo paulatinamente. Espero que a gente consiga fazer tudo e espero contar com o apoio de meus colegas. Pois tudo isso vai servir para o aperfeiçoamento dos trabalhos na Casa. Outra questão dos militares, substitui o comandante-geral da Casa e este vai assumir e fará o diagnóstico para sabermos se tem excesso ou não. Se tiver, eu devolverei ao governo.

B.News: O senhor participou da reunião do programa Pacto Pela Vida. Como a Assembleia pode contribuir para redução da violência e da sensação de insegurança que aflige os baianos?

AC: A Assembleia já deu uma contribuição com o projeto de Lei do deputado Marcelino Galo que proíbe celular nos presídios e na periferia dele, infelizmente as operadoras de telefonia celular entraram com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade na Justiça, ação que caiu na mão do ministro Dias Toffoli e ele deu uma liminar e está sub judice. Falei com o governador Rui Costa e com a presidente do Tribunal de Justiça Telma Brito e com o Ministério Público para fazermos uma força-tarefa com a finalidade de derrubar esta liminar e que seja proibido o sinal de celular nos presídios. O estado de Santa Catarina já tem esta lei aprovada, então este argumento de que era inconstitucional deixa de existir. Se é constitucional em Santa Catarina por quê na Bahia não é? Este é um primeiro passo que a Assembleia já deu. Estou feliz pois vejo que existem ações certeiras para que se reduza, principalmente, o índice de homicídio no nosso estado. O governador Rui Costa está muito preocupado com estas questões relativas à Segurança Pública e senti que ele é uma pessoa determinada e vai conseguir reduzir.

B.News: O governador terá dois anos duros pela frente, principalmente no que se refere à economia. Além disso, uma disputa com prefeito de salvador, ACM Neto, em 2018. Como será a sua atuação na presidência da Casa neste campo político?

AC: Sou da base do governo, mas o Parlamento vai ser independente. Vai receber as demandas do governo e vamos votar estas demandas porque eu sei que elas deverão vir em benefício da sociedade, mas a independência da Casa eu não abro mão. Aqui não pode ser uma extensão do governo. Tem que ser uma Casa independente. Vou fazer para que os deputados sejam respeitados, valorizados e possam fazer o trabalho para o qual o povo os elegeu. O povo concedeu o direito de representá-lo. Não podemos ter aqui deputados desprestigiados pelo governo ou por membros do governo. Queremos com isso que cada deputado posso voltar a ter orgulho da função e que possa exercer seu real papel de parlamentar.

B.News: O senhor pretende deixar a vida pública após este mandato como presidente?

AC: Não está nos meus planos voltar a participar das eleições em 2018. Vou cumprir meu papel de deputado e de presidente, mas não está nos meus planos disputar eleição. Já estava no meu projeto de vida encerrar a minha vida pública em 2017 quando acabar meu mandato.

B.News: O não cumprimento ou adiamento constante no cumprimento das emendas impositivas sempre está na agenda do dia das insatisfações dos deputados de governo e oposição. Como o senhor pretende lidar com elas?

AC: Vou dialogar com o governo para que atenda todos os parlamentares. Eu acho que se a emenda é impositiva o nome já diz e tem que ser cumprida. Espero que o governo nos dê um cronograma para que a gente consiga atender a toda a Casa. Evidentemente que se o governo cumpre a sua demanda os deputados ficam satisfeitos com o governo e consequentemente reduz os índices de obstrução na Casa.

B.News: A Casa estava realmente desorganizada e improdutiva quando o senhor assumiu?

AC: Já tive desafios na minha vida, conheço muito bem o que é administração, milito em outras áreas. Não vejo como monstro. Existem pessoas que querem que as coisas aconteçam nas primeiras horas, a elas eu só peço um pouco de paciência aos colegas e servidores que aos poucos a gente consegue dar a nova forma a Casa para que todos fiquem felizes e satisfeitos. E a sociedade mais ainda, porque aqui é a caixa de ressonância da sociedade e a sociedade precisa de uma satisfação urgente para que a gente, deputado, possa chegar em qualquer lugar e possa dizer com orgulho que é um representante legitimo e capaz da sociedade.

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