Saúde

Com Regulação problemática, Vilas Boas cobra de Neto: tudo nas costas do Estado

Publicado em 26/05/2017, às 00h00   Caroline Gois


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Por Caroline Gois / Fotos: Vagner Souza

O secretário de Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas Boas, esteve na redação do BNews e, em entrevista, fez um balanço da gestão, explicou sobre o funcionamento do sistema da Regulação e cobrou da prefeitura mais ação no que diz respeito à fazer o trabalho de também regular pacientes. Vilas Boas anunciou ainda, com exclusividade ao BNews, que o Estado adquiriu um servidor com software de gerenciamento hospitalar, doado pelo Hospital Zerbini, que administra o Incor, em São Paulo. Segundo ele, este software vai otimizar o serviço de Regulação, para que a Sesab 'enxergue' as vagas disponpiveis e os pacientes que estão na fila. Além disso, o secretário ressaltou os feitos em dois anos e meio de gestão e citou a construção de policlínicas e hospitais na Bahia.
Veja abaixo a entrevista na íntegra
BNews: A regulação é a o algoz da Sesab? 
Vilas Boas: A regulação tem no Estado e no município. A Central de Regulação é um instrumento de democratização do processo ao sistema de Saúde. Antes de haver as centrais de regulação estaduais, regionais, municipais, as pessoas tinham acesso à internação com base no negócio chamado 'pistolão'. Era o famoso 'pistolão'. Para conseguir uma vaga em hospital, alguém tinha que ser amigo de alguém. Não precisava internar pra operar porque não existia regulação. Imagine que os grandes hospitais do Estado foram todos construídos em Salvador. Imagine uma pessoa que estava lá em Juazeiro e precisava vir prá cá, como é que conseguia? Não conseguia nunca. O sistema de Regulação é sistema de democratização do acesso em que todos os pedidos de internação de todos os locais do Estado da Bahia, em um determinado momento, são jogados dentro de um sistema de informática e são hierarquizados e classificados, de acordo à sua gravidade. A mudança pressupõe um investimento em infraestrutura física muito grande. 
Bnews: Como funciona o sistema?
Vilas Boas: Nós, neste dois anos e meio à frente da gestão, fizemos todo diagnóstico do problema e começamos a fazer os investimentos para que a gente pudesse informatizar a rede. Quando nós chegamos, nós tínhamos hospitais, pronto-atedimentos que não tinham acesso à internet. Tinham hospitais que não tinham sistema de prontuário eletrônico. Ainda temos. Neste processo de diagnóstico a gente conseguiu ir diagnosticando quais eram as dificuladades em cada uma das unidades e qual era o tamanho do investimento que precisava ser feito para poder, de fato, informatizar estas unidades. E colocá-los dentro de uma rede. Para se ter uma ideia, a solução sistémica, ela vai envolver um uso, de um lançamento de um satélite pelo Ministério da Saúde para conectar o SUS ou a utilização de um canal nos satélites nacionais para poder conectarmos. É algo complexo e não tenho o valor para resolver o problema do Brasil. Mas, no âmbito do Estado da Bahia, reservamos para esse investimento, em torno de R$ 50 milhões . Já adquirimos parte da infraestrtura física de rede do computadores, mais de quatro mil computadores para colocar neste hospitais. Estamos negociando a conexão de friba ótica de alguns parceiros do Governo como a emissão de fribra ótica na BR-116. Estamos negociando para poder fazer as conexões das unidades com o sistema de fibra ótica e com Salvador. 
Vilas Boas: O que muda com com este investimento?
Vilas Boas: Este processo está em fase de construção e compramos agora. Foi feita uma aquisição de um servidor com os softawares, que vão fazer o que chamamos de barramento com os softawares do Ministério. Recebo softawares de linguagens diferentes, de vários hospitais, e estes softwares traduzem isso para a linguagem do sistema do DataSus e representam para Brasília. Conseguimos economizar para o Estado mais de R$ 30 milhões através de um convênio que fizemos com a Fundação Zerbini, de São Paulo, que administra o Incor, que foi a sessão de uso do software de gerenciamento hospitalar do Incor, que chama S4SP. Ele foi doado, cedido para a secretaria de Saúde da Bahia. Esta notícia é em primeira mão e até o mês que vem vamos a São Paulo, eu e o Governador, ou o pessoal da Zerbini vem aqui, para assinarmos o documento de sessão desse software. Se fóssêmos comprar ele custaria, por baixo, R$ 26 milhões. Estamos conseguindo de forma gratuita. Estamos, neste período, investindo em toda infraestrtura para que o hospital se conecte à rede. Porque é preciso fazer isso? porque pra eu conseguir controlar as vagas eu preciso enxergar as vagas. Se não consigo enxergar não tenho como tirar o doente de um lugar e colocar no outro. Tenho que utilizar a ferramenta que tem no momento. Telefone e fax. Tem vaga? A pessoa que está do lado de lá pode decidir escolher o paciente. Hoje funciona assim. Como não sei se tem ou se não tem...Parte por telefone dos locais que não ainda não estão informatizados, parte já com sistema nosso. E aí, enquanto nós não conseguirmos evoluir na informartização, passamos a exigir dos gestores dos hospitais que colocassem num sistema nosso, todo dia de manhã e de tarde, o número de vagas que ele tinha disponível. Isso passou a nos permitir a, pelo menos, ter algum controle das vagas. Isso foi responsável por aumentar de foma significativa a nossa capacidade de reguçar pacientes. 
De acordo com o secretário, ainda que sem o sistema na forma ideal, o número de pacientes na fila de espera diminuiu. Antes, era de 1.300 por dia na fila. Atualmente, ele não soube precisar quantos amargam a espera por uma vaga em hospitais. 
V.B: Diminuiu. A regulação está mais ágil do que era no começo, mas a solução de sistema que cabe pra ela só vai ser possível quando nós concluirmos o processo de investimento na infraestrtura. Eu estou em um momento agora em que eu preciso de tecnologia dentro da central que fica no Pau Miúdo para poder operar e operacionalizar estes leitos. Hoje, eu já tenho o hospital conectado, agora eu preciso entrar no sistema de internação hospitalar deles e começar a tomar conta da internação. Assim que a Zerbini implantar o SPS4 aqui na Bahia...assinando ainda este mês. 
BNews: O município poderia ajudar mais?
V.B: O município tem o sistema de Regulação deles e tem os hospitais que eles têm leitos contratualizados. O município faz a regulação dos exames ambulatoriais deles, das consultas das internações em hospitais como São Rafael, Santa Isabel, Português. Eles tiram de uma UPA e levam para hospitais. Poderiam fazer mais. O que tem que ter, quando se fala em Regulação tem dois. Dentro de Salvador deveria cuidar de , pelo menos, metade dos municípios deles. Pelo menos 50% da demanda de regulação em Salvador deveria ser absorvida pela Central de Regulação de Salvador, só que se regula muito pouco. É preciso que eles invistam mais e contratem mais leitos, que façam o hospital deles. Hoje fica tudo nas costas do Estado. Não tem maternidade do municípío.
BNews: Como funcionam as UPAs (Unidade de Pronto Atendimento)?
V.B.: UPA é um equipamento, teoricamente, municipal. Nós temos UPAS de abrangência regional. Aqui em Salvador nós temos a do Cabula, que é a da Roberto Santos. Temos a UPA de Conquista, Feira de Santana e estamos construindo Jequié e Barreiras. As demais da capital são todas do município.
BNews: O que foi feito em dois anos e meio da sua gestão?
V.B.: Nós temos quatro policlínicas prontas que vão ser inauguradas agora em Agosto. Teixeira de Freitas, Jequié, Guanambi e Irecê. Cinco que já demos ordem de licitação e serviço que foram Valença, Santo Antônio de Jesus, Alagoinhas, Feira de Santana e Simões Filho. Faltam as duas de Salvador que vamos licitar agora. Dez meses de construção. Em 2018 terá o Hospital Metropolitano que deu a ordem de licitar agora e é um ano de construção. Temos também o Hospital do Cacau, em Ilhéus, que inaugura agora em Agosto e temos também o hospital de Seabra que inaugura agora em Agosto/Setembro. Tem também o Hospital da Chapada Diamantina. As demandas da Saúde, elas são infindáveis. Quanto mais você oferecer, mais suscita novas demandas. A linha mestra da nossa gestão, definida pelo governador, que é de fortalecer a regionalização da Saúde, tornar o sistema nosso mais resolutivo, ela está caminhando dentro do esperado. Nós temos números de desempenho da rede que apontam na direção de crescimento, nós estamos expandindo a rede sem fazer com que o Estado venha apresentar dificuldades financeiras. Temos feito uma gestão com o compromisso orçamentário e financeiro responsável, centrado na austeridade para que a gente posa continuar expandido dentro das diretrizes do governador. Nesse sentido, nós estamos inagurando e construindo 11 policlínicas, mais três hospitais novos, inauguramos o Hospital da Mulher, o HGE 2, o Hospital do Cacau e da Chapada, lançamos o Hospital Metropolitano e temos feito grandes investimentos na reforma e modernização e ampliação na rede já existente. Dentro de um cenário de constrição orçamentária nacional, um cenário de crise do Brasil inteiro. A Bahia é o único Estado hoje, em 2017, que está investindo na expansão do sistema de Saúde. Somos os maiores compradores de equipamento de imagem.
BNews:O que o Estado pretende fazer com o Hospital Espanhol?
V.B: Existe a intenção do Governo em lutar para o que seja melhor para a população do Estado. Existe um decreto de desapropiação que está de pé e se o Estado entender que alguma das propostas que vierem a ser colocadas vai contra o interesse da população, a gente pode intervir. 
Com um orçamento dse R$ 5 bilhões, Vilas Boas lamentou o momento de crise e a difiucldade em se ter mais recursos para a pasta. "Não existe hoje, por parte do Governo do Estado, restrição ao que for necessário para manter o sistema de pe´. Lamentavelmente, esta fartura de recursos não existe. A inflação da Saúde é o dobro da inflação geral do país".

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