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Superintendente do Banco do Nordeste estima fechar o ano com R$ 1 bilhão de crédito rural contratado

Imagem Superintendente do Banco do Nordeste estima fechar o ano com R$ 1 bilhão de crédito rural contratado
Bnews - Divulgação

Publicado em 06/06/2018, às 17h55   Luiz Fernando Lima


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Responsável por 48% do crédito rural contratado na Bahia, o Banco do Nordeste (BNB) ofereceu na manhã desta quarta-feira (6), segundo dia da Bahia Farm Show, um café da manhã para os participantes do evento que acontece em Luís Eduardo Magalhães, no oeste baiano. O superintende estadual na Bahia, José Gomes da Costa, conversou com a reportagem do BNews após a palestra, na qual foram apresentados os números e linhas de crédito para os agricultores. Em 2017, o BNB fechou contratos de empréstimo para a região oeste da Bahia que somados chegaram aos 800 milhões de reais. Para este, a expectativa é chegar a um bilhão de reais. Confira!

BNews: vamos iniciar pelas linhas de crédito do BNB com foco na Bahia e na Bahia Farm Show. Qual a expectativa para o evento?

José Gomes da Costa: O BNB trabalha para financiar as atividades produtivas nas suas mais diversas expressões e nos mais diversos tipos de público. Pequeno, médio e grande, atividade rural e urbana. Na Bahia Farm Show o direcionamento é para o crédito rural e como há um arranjo muito organizado devido a uma atividade pujante em demanda de recursos acaba que a gente aloca muitos recursos aqui. A Bahia é o local onde territorialmente a gente mais aloca recursos. No ano passado nós tivemos um orçamento da ordem de 3.3 bilhões de reais e cerca de 800 milhões foi alocado aqui na região oeste. Principalmente, para agronegócios de grãos, destacando: soja, algodão e milho. É uma atividade de extrema importância para o Banco. Há um potencial muito grande de crescimento. Ainda há muito a apoiar.

Qual a perspectiva para este ano?

Nós alocamos 800 milhões de reais em 2017 e trabalhamos com a perspectiva de chegar a um bilhão neste ano. 

Quanto deste valor se espera fechar durante a feira?

Na feira temos a expectativa de gerar um grande volume de contratação. Algo entre 200 e 250 milhões de reais. Além da prospecção para consolidação em seguida e contatos que entabulam grandes negócios.

O BNB tem outras frentes de trabalho com segmentos distintos...

A atuação do banco não se restringe a atividade rural. Nós também temos, ao longo de todo o estado, os serviços para as atividades das indústrias e do comércio. Fundamentalmente, a gama maior de clientes que o banco tem são os do microcrédito. Temos duas linhas: o crediamigo, que é muito conhecido pelos pequenos empreendedores urbanos. É uma linha voltada para capital de giro e investimento para aqueles empreendedores que não tem nem CNPJ ainda. O banco tirou essa gama de empreendedores que se financiava com cheque especial, com linhas de CDCs para pessoa física, e apresentou uma linha de empresa e financiamos com linhas de crédito mais baratas e em tempo adequado. Este é o maior programa de microcrédito da América Latino; E tem também o Agroamigo, que foi criado mais recentemente (o crediamigo tem 20 anos) que transpôs para o crédito rural a metodologia do microcrédito urbano. Atende, sobretudo, os pequenos agricultores do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). O apoio técnico é um diferencial.

Quanto é o orçamento total do BNB juntando as linhas de crédito para grande e pequenos empreendedores?

Os 3.3 bilhões de reais que me referi no início foram destinados em 2017 para a Bahia. Este ano o orçamento é de 3.5 bilhões de reais. Em verdade nós separamos em dois setores: não infraestrutura e infraestrutura. Estes 3.5 bilhões são destinados à não infraestrutura. O da infraestrutura da iniciativa privada que engloba estradas, parques eólicos, geração de energia fotovoltaica nós temos cerca de 3 bilhões de reais. O orçamento global, portanto, é da ordem de 6.5 bilhões de reais para 2018. Importante dizer que as taxas de juros são adequadas e os recursos são oriundos do Tesouro Nacional para desenvolver as atividades produtivas e gerar emprego e renda. 

Qual o orçamento geral do banco?

Para a Bahia são estes 6.5 bilhões de reais. Já o total é de R$ 30 bilhões. Mas este valor da Bahia pode ser superado. Por exemplo, estamos no final do primeiro semestre e temos a grata surpresa de fechar junho com a alocação de toda a verba de investimento em infraestrutura do ano, os 3 bilhões de reais. O ‘não infraestrutura’ é mais espaçado ao longo do ano, mas o resultado do primeiro semestre já nos aponta para que tenhamos um resultado na Bahia superior ao estimado podendo chegar aos sete bilhões de reais contratados no total. Como a economia da Bahia é dinâmica, diferenciada e grande não temos dúvidas de que se houver demandas, e deve haver, para suplantar o orçamento nós superaremos.

Hoje quais são os principais estados no que se refere a contratação de crédito?

Bahia, Ceará e Pernambuco lideram os índices de contratação. Sempre a Bahia tendo o orçamento maior.

E por que a sede fica no Ceará?

Esta é uma questão histórica. Remontando a leitura da história, eu penso que na época em que foi fundado o Banco do Nordeste já existia a Sudene com sede em Pernambuco. Salvo o engano, a Bahia tinha outro incentivo federal de modo que foi para o Ceará. O interessante é que quem fundou o BNB foi um baiano: Rômulo Almeida. Ele era assessor de economia do Getúlio Vargas e o banco foi fundado depois da vinda do ministro da Fazenda à época, Horácio Lafer, que visitou o Nordeste num período de seca, acompanhado por Rômulo Almeida, e Rômulo apresentou a proposta. O banco é do Nordeste inteiro e a questão da sede não influência nos negócios. 

Existe um fundo assistencial, Fundo para o Desenvolvimento Integrado e Sustentável da Bahia (Fundesis), que é gerido em “consórcio” entre banco e a Associação dos Produtores e Irrigantes da Bahia (Aiba) que oferece suporte a programas sociais. O presidente da Aiba, Celestino Zanella, fez questão de afirmar que o projeto tem pai e o pai são os agricultores que voluntariamente doam recursos para abastecer o fundo. Como funciona isso?

O Zanella é muito correto e claro nas coisas. Ele não faz rodeios para dizer o que pensa e eu gosto de lidar com pessoas assim. Às vezes, você tem pessoas que ficam fazendo rodeios para dizer algo, ele não. É uma provocação muito positiva que ele nos faz. A provocação de que pode haver uma disputa, no bom sentido, de quem é o ‘pai’. Se é o banco ou a Aiba, mas não há. A gente tem muito claro que o Fundesis só existe porque há a demanda por crédito e é abastecido por uma taxa voluntária que os próprios agricultores disponibilizam. Então é um ato de generosidade dos produtores. O Fundesis nasceu de uma ideia de um diretor do banco (Paulo) Ferraro, que tinha sido gerente da agência de Barreiras e foi diretor de crédito durante muito tempo do BNB, e se atentou para esta preocupação. Tem muita gente que veio de fora da Bahia, os desbravadores muito bem-vindos à Bahia com sua capacidade, seus recursos para desenvolver atividades, principalmente, na área agropecuária que trouxeram suas preocupações com a sociedade baiana. Viam que havia necessidade de distribuir e contribuir um pouco mais para esta região. Então se discutiu e chegaram a um denominador que foi a criação da taxa no valor do financiamento dada voluntariamente pelo produtor e assim nasceu o fundo administrado pelo banco e pela Aiba, embora a Fundesis tenha personalidade jurídica própria, os mantenedores são o banco e Aiba. A ideia se transformou em um projeto maravilhoso, transparente, sério e que faz a diferença. É a menina dos olhos da Aiba, dos produtores e do banco.

O senhor dizia mais cedo que os outros bancos privados e públicos também estão presentes no oeste baiano de maneira forte. Mas o que queríamos entender é se a política de juros e condições de crédito é diferenciada em função disso? O BNB puxa para baixo estes valores em função da concorrência?

Cerca de 56% do crédito rural no Nordeste é feito pelo BNB. Os demais bancos entram com o restante. Na Bahia este percentual cai um pouco, é de 48%. Aqui há uma atividade rural mais pujante e por isso há também o interesse de outros bancos. Nós temos, portanto, um pouco mais de concorrência aqui e isso é bom. Porque quanto mais oferta de crédito, melhor é o desenvolvimento e melhores são as condições para quem toma. O crédito do BNB é realmente mais barato do que os demais e isso aumenta a nossa responsabilidade. A gente tem que alocar estes recursos. O crédito que um banco privado dá tem uma taxa um pouco maior e geralmente entra como complementar. Isso falando de instituições bancárias. Existem outras empresas, fornecedores que oferecem (crédito). Sobre as taxas de juros, nós estamos vivendo um período inusitado, o crédito rural por ser uma atividade mais arriscada historicamente tem um custo maior que o crédito urbano. Hoje, a taxa do crédito urbano do BNB sofreu uma redução em janeiro e hoje está em torno de 5,3% para maior parte dos industriais, comerciários e dos empreendedores urbanos para investimento e giro associados, mas no rural ainda não. O “time” do rural é agora no meio do ano com o lançamento do Plano Safra. O crédito rural está maior que crédito urbano, mas deve haver uma redução, pois está maior que a taxa selic também, a taxa média está em torno de 7% e a selic está em 6.25%. O governo federal deve anunciar nos próximos dias o Plano Safra com o volume de recursos e as taxas de juros. O que se espera, segundo algumas publicações, é que a taxa caia na ordem de 1,5% das taxas atuais. Então a taxa deve cair aí para 5,5%. No caso do BNB o atendimento vai começar fortemente agora, pois o produtor sabe que a taxa vai cair.

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