Política

Novo secretário de Educação Básica do MEC evita falar em propostas e diz que quer ‘ouvir todo mundo’

Imagem Novo secretário de Educação Básica do MEC evita falar em propostas e diz que quer ‘ouvir todo mundo’
Bnews - Divulgação

Publicado em 26/04/2019, às 14h21   Bruno Luiz


FacebookTwitterWhatsApp

Nomeado secretário de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC) há uma semana, Janio Carlos Endo Macedo parece não estar muito por dentro do que vai fazer no cargo.

Em entrevista ao BNews, esquivou-se das perguntas sobre propostas para a área e também de opinar sobre questões polêmicas envolvendo o ministério, como a proposta do ministro da Economia Paulo Guedes de desvincular o orçamento, o que afetaria nos investimentos para educação, e também sobre a educação familiar. Assumiu que ainda não tem plano de ações para apresentar à sociedade, mesmo o governo Bolsonaro tendo começado há quase cinco meses. Para aplacar a aparente falta de propostas, Macedo preferiu adotar o discurso do diálogo. DIsse que vai ouvir os secretários estaduais e municipais de educação para definir quais serão suas políticas de gestão. 

Nesta quinta (26), ele veio a Salvador participar do evento Agenda de Aprendizagem, que reuniu secretários da área de todo o país para debater sete temas estratégicos e considerados de prioridade máxima para melhorar o processo de aprendizagem em todo o país. Nele, mostro que o MEC está aberto a fazer gestão compartilhada da educação. Macedo assume a secretaria em meio a um esforço do governo federal para arrefecer a crise que tomou contra o ministério na gestão de Ricardo Vélez Rodriguez. Demitido no início de abril pelo presidente Jair Bolsonaro, ele teve um período conturbado à frente da pasta, marcado por polêmicas e um apagão na educação, já que o ex-ministro não conseguiu implementar políticas para o setor.

Macedo foi nomeado pelo sucesso de Vélez, Abraham Weintraub. Ele não tem formação na área de Educação. É funcionário aposentado do Banco do Brasil, onde foi gerente e diretor geral, além de diretor-presidente da BB Previdência. Antes de ser nomeado para o MEC, atuava na Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital. Sua ligação com a área econômica aumenta rumores de que o governo pretende fazer cortes no orçamento da educação. 

BNews - Houve um momento de paralisia do MEC na gestão do Ricardo Vélez Rodriguez. Agora, em nova gestão, vocês entram com perspectiva de andamento às ações do ministério. O que é prioritário nesse momento e como esta agenda do ministério está sendo montada?
Janio Macedo - Vou voltar para minha fala inicial. Você tem condições de dizer o que é essencial se não ouvir as pessoas primeiro. Sou muito partidário de que a construção é o melhor caminho. É como viajar em excursão. Você se submete a uma regra informal do grupo. É mais demorado, mas mais divertido. O caminhar da educação é, mais ou menos, a mesma coisa. Você pode querer caminhar sozinho e tomar várias decisões que, eventualmente, podem ser erradas. Agora, se você caminha com o grupo, estabelece prioridades, qual caminho você quer seguir, e essa decisão for tomada pelo grupo, a chance de você errar é muito menor. O grupo é as secretarias municipais e estaduais, que lideram o processo da educação em todo Brasil. Se você consegue fazer um trabalho conjunto com todos eles, a tendência de que esse trabalho seja perene é maior. 

BNews - Você trabalha com algum prazo para formalizar um plano de ações, filtrar todas as demandas apresentadas pelas secretarias e apresentar isso para a sociedade?
Janio Macedo - Se eu fosse sozinho, diria que semana que vem. Quando você envolve o grupo, a velocidade não vai ser a minha, vai ser a que o grupo tentar imprimir nessas sugestões. É mais demorado? É. Mas vai ser um trabalho mais robusto, que você vai poder abarcar todas as necessidades de trabalho que teremos dentro do MEC. 

BNews - Um dos pontos que estão na Agenda da Aprendizagem é a vinculação dos recursos para educação ao orçamento da União. Há uma Proposta de Emenda Constitucional do ministro da Economia, Paulo Guedes, para fazer justamente a desvinculação do orçamento…
Janio Macedo - Eu não vou entrar nesse mérito. O que a gente quer trabalhar agora são as políticas de educação. A Economia tem o seu papel e define as suas prioridades de acordo com a necessidade que a União tem para seu orçamento. Não me cabe fazer questionamentos a respeito disso. O que nos cabe, sim, é fazer um trabalho que seja consistente e, eventualmente, apresentar para quem direito, apresentar as necessidades que teremos para levar a cabo as políticas de educação.

BNews - Mas o orçamento é importante para implementar essas políticas de educação. Foi o que os secretários de Educação apontaram aqui. O próprio presidente da Undime [União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação] pediu aqui que o governo federal acabasse com alguns programas e investisse o dinheiro no Fundeb. 
Janio Macedo - Ele está tendo o fórum adequado de discussão. Esse vai ser o local adequado para achar as soluções para as deficiências que a educação brasileira tem. Para o presidente Jair Bolsonaro, a educação básica brasileira é um dos pilares da sua gestão. Tem que ser dada a importância devida para que ela siga de maneira adequada. Esses fóruns nos trarão a solução desses problemas. 

BNews - Há uma proposta do governo que é de educação domiciliar, de os pais educarem os filhos dentro de casa, criticada por especialistas na área. Como tá o encaminhamento disto?
Janio Macedo - Vou voltar à fala inicial. Todos estes pontos que já vêm sendo discutidos e que permeiam educação brasileira como um todo, a gente vai ter tudo para discussão deste momento. Como chegamos agora, nosso papel não é nada diferente do que ouvir as pessoas. 

BNews - Então essa proposta está parada.

Janio Macedo - A gente quer ouvir as pessoas. Qualquer solução que a gente possa tomar para um assunto ou outro você nunca tem uma decisão por unanimidade, mas por consenso. Esse consenso tem que se dar pela Undime, pelo Consed e pelo poder público. Assim a gente poderá construir uma educação brasileira que seja de agrado, de agrado não, de consenso de todas as pessoas que orbitem em torno de toda a educação brasileira. Queremos evitar isso de “Que o senhor vai fazer aqui, ali?”. Hoje, a gente não tem nada a falar. Queremos ouvir as pessoas para, a partir daí, montar um plano de ações para a avaliação básica.

BNews - Vamos sair um pouco das ações e partir para concepções suas de educação. Há um entendimento dentro do Ministério da Educação de que há um processo de doutrinação marxista feita pelos professores nas escolas brasileiras. Você compartilha (interrompe)...
Janio Macedo - Não vou entrar na discussão desse tema. A minha discussão única é a educação brasileira como um todo. O que podemos fazer enquanto brasileiros para que o jovens brasileiros possam se desenvolver e aprender corretamente. O resto eu prefiro não debater. Não debater esses temas que transitam na lateralidade. Temos que trabalhar com as coisas que serão construtivas para a educação brasileira. Queremos uma política de Estado para a educação, que é perene, que vai se sustentar. Não temos uma política de momento para a educação. Por quê? Porque a gente quer ouvir as pessoas, saber como funciona, o que elas acham.Todos temos que trabalhar juntos na melhora da educação. É um grupo só que pensa de que forma melhorar a educação brasileira como Política de Estado. Esse é o principal objetivo nosso.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp