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Kim diz que Bolsonaro está nas mãos do Congresso e sem Guedes “governo fica inviável”

Imagem Kim diz que Bolsonaro está nas mãos do Congresso e sem Guedes “governo fica inviável”
Deputado reiterou também que MBL não é oposição a Bolsonaro  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 19/05/2019, às 06h00   Bruno Luiz e Tamirys Machado


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O deputado Kim Kataguiri (DEM) concedeu entrevista coletiva durante o 3° congresso do MBL na Bahia, ocorrido em Salvador no sábado (18). O parlamentar que é uma das principais lideranças do MBL (movimento Brasil Livre) nacional. Ele reiterou que o MBL não é oposição à Bolsonaro e sim independente. Conforme o novato deputado, o presidente Bolsonaro está nas mãos do Congresso porque vai precisar pedir crédito suplementar para pagar as contas. A favor da reforma previdenciária, Kim pontuou pontos que considera positivo e discordou do líder do DEM no Congresso, deputado Elmar Nascimento. 

Confira a entrevista: 

BN  - Quais as vantagens da Reforma da Previdência? 

KIM - Primeiro você diminui a alíquota para os mais pobres, passa de 8% para 7,5% e aumenta o dos mais ricos, deputados, promotores, senadores, servidores públicos federais, que não pagam a devida conta, passa de 11% para 22%. Hoje, infelizmente, a gente tem um cenário que 80% da população recebe uma aposentadoria em média de 2 mil reais, sendo que essa média 60% recebe um salário mínimo, pagando a aposentadoria desses juízes, promotores, etc. Quando o sistema previdenciário não tem dinheiro suficiente pega esse dinheiro do Tesouro. Tesouro é um nome fofo que a gente usa em Brasília para falar do dinheiro do pagador de impostos. Quem paga imposto no Brasil é o pobre. Imposto não é baseado na renda e sim no consumo e quem paga todo seu salário de consumo é o pobre. O mais pobre não tem dinheiro para investir na bolsa, investir em imóvel, não sobra o dinheiro para ir em lago que seja for ado consumo. 

BN - Como está essa pauta no Congresso? 

KIM - Hoje é uma pauta que sofreu bastante, acredito que agora esteja mais pacificado porque o Congresso Nacional tomou para si a responsabilidade de aprovar a reforma previdenciária. É bem provável que tenha um texto alternativo. 

BN - O texto alternativo ganha força na Comissão Especial? 

KIM- Ganha força, é viável que tenha a aprovação do texto alternativo. Quem tem um texto bem mais trabalhado nesse sentido é o PDT. Não acredito que seja proposta do PDT que vai avançar mesmo porque é um partido de oposição que não tem hoje condições de construir maioria na Câmara, se eu fosse dar um palpite acho que mais dois textos vão aparecer. 

BN- A Hashtag Impeachment Bolsonaro ficou entre as primeiras no Twitter, o que pensa sobre isso? 
KIM - O governo precisa prestar mais atenção na sua articulação política, pensar mais em governar, se preocupar em aprovar a reforma da previdência. Eu venho alertando há seis meses sobre a regra de ouro. O governo no orçamento aprovado já tem a previsão que o governo vai quebrar a regra de ouro e pedir crédito suplementar.  

A regra de ouro basicamente define que o governo não pode tomar empréstimo para pagar despesa corrente, despesa do dia a dia, e só pode tomar empréstimo para fazer investimento, principalmente obras de infraestrutura. Esse ano para pagar custeio da previdência e programas assistenciais como o Bolsa Família, o governo vai ter que pedir crédito para o Congresso. Se o Congresso negar esse crédito ou o governo dá o calote ou comete crime de responsabilidade fiscal. E esse mesmo pedido terá que ser pedido pelos próximos três anos, incluindo esse ano. O governo, neste ano e nos próximos três, está nas mãos do Congresso Nacional e precisa trabalhar bem a questão da parte fiscal para não sofrer esse tipo de risco, é uma questão que já vem sendo debatida dentro do Congresso e precisa tratar isso com maior atenção. A maior maneira para o governo se livrar disso é aprovar uma reforma previdenciária mais robusta e tendo aumento de arrecadação para que nos próximos anos não precise pedir. 

BN - Os protestos nas ruas contra os cortes na Educação acabaram sendo um gatilho para trazer as manifestações populares e enquanto presidente da República ele tem que prestar atenção nisso para não se tornar os movimentos de 2013 e 2016? 

KIM - Eu não acredito que tenham força de tomar essa magnitude, porque tem uma parte legitima que foram para as ruas protestar contra os rumos que a educação vem tomando, mas as lideranças e os palanques foram inegavelmente dados por lideranças partidárias  e isso contaminou a manifestação o que bloqueia fenômenos como 2013, que foi 2013 justamente por ter sido centralizado e não comandado por partido nenhum. 

BN – Qual a avaliação sobre o Ministério da Economia 

KIM - O problema não está no Ministério da Economia, e sim na condução política. Para a agenda avançar você precisa, por exemplo, que as lideranças do governo no Congresso tenham uma postura de conciliação e não de atrito. Onde tivemos um caso absurdo que é a líder do governo no Congresso xingando uma colega de partido, que se elegeu no mesmo partido que ela, no PSL, partido do presidente, que se não fosse o presidente seria um partido nanico. Quando você tem a líder do governo no Congresso que deveria ser uma ponte de conciliação, você vê que dentro da própria Casa não se arruma, imagine outros partidos que não são governo mas que poderia votar a previdência. [...] 

BN - Isso atrapalha a reforma? 
KIM - Isso inviabiliza, não só atrapalha, barra. 

BN - Paulo Guedes é o maior sustentáculo do governo hoje? 
KIM - Junto ao mercado sem dúvidas. Agora no geral a maior parte da sustentação do governo vem da seriedade e reputação de Paulo Guedes. Se ele sair o governo fica inviável. 
É uma discussão totalmente desnecessário tem causado um barulho além do que deveria ser. 

BN - Como o DEM vem lidando com essas críticas à reforma do líder do partido, deputado Elmar Nascimento. 
KIM- O partido não tem posição fechada. Eu sou independente para me posicionar, inclusive discordo do deputado Elmar sobre o BPC e aposentadoria rural. Não acredito que penalize os mais pobres. O sentimento da bancada geral é favorável a reforma, alguns defendem algumas emendas, ajustes. As maiores modificações vêm dos partidos de esquerda. 

BN -Como vê a liderança de ACM Neto? 
KIM – eu pessoalmente sobre as posições locais de Neto não vou saber comentar, porque foco mais em Brasília. A opinião das lideranças locais do MB verbaliza o sentimento do MBL e linha ideológica do MB nacional. 

BN - O MBL hoje é oposição a Bolsonaro 
KIM - Não é oposição, é independente. Não faz sentido se a gente fosse oposição apoiar a principal pauta do governo, e ser a principal ponta de lança da reforma da previdência, inclusive mais do que as próprias lideranças do governo.  Não encaixa essa conta. O que não faz o menos sentido também seria o MBL sendo um partido liberal apoiar fechamento de congresso, de Supremo, mesmo porque sendo a manifestação dia 26, invadir ou não invadir não vai fazer a mínima diferença porque é num domingo, não vai ter deputado nenhum lá. 

Classificação Indicativa: Livre

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