Entrevista

"Acabou a época da política em que você 'bota' goela a baixo", dispara Niltinho

Imagem "Acabou a época da política em que você 'bota' goela a baixo", dispara Niltinho
Bnews - Divulgação

Publicado em 08/02/2020, às 20h53   Juliana Nobre e Luiz Felipe Fernandez*


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O deputado estadual Niltinho (PP) começou a pré-campanha a prefeito de Salvador convicto de que poderia se eleger. Em entrevista ao BNews, o parlamentar começou a mudar de tom e afirmou que vai apostar na tese de renovação da política para se viabilizar. "O que sempre digo é que a candidatura de Niltinho não pode ser só pautada na minha vontade de ser prefeito da cidade. A gente precisa ouvir o grupo, os partidos da base, o governador. É natural, ele sendo o líder maior desse processo político, e o nosso vice-governador João Leão. Sou do PP e tive na verdade a autorização do vice-governador para que a gente ampliasse essas discussões, que envolve todo o partido", declarou, em entrevista ao programa "Fato & Opinião", da BNewsTV.

Formado em publicidade e propaganda, o parlamentar foi secretário de governo de Madre de Deus entre 2013 e 2018, secretário interino da prefeitura de Madre de Deus e vice-líder do PP na Alba na Bahia. É tambem vice-presidente da comissão de Infraestrutura e Turismo na Alba. No papo, Niltinho faz projeções para 2020 e 2022 e avalia: "Acabou a época da política em que você 'bota' goela a baixo. Vi um pré-candidato falando que com ACM Neto é assim. O que espero é que na base do governo a gente mantenha o diálogo e que não só em 2020, mas em 2022".

BNews - Apesar do seu primeiro ano de mandato, o senhor tem se movimentado, aparecido bastante. A pré-candidatura está mantida?
Niltinho -
Sem dúvidas. O que sempre digo é que a candidatura de Niltinho não pode ser só pautada na minha vontade de ser prefeito da cidade. A gente precisa ouvir o grupo, os partidos da base, o governador. É natural, ele sendo o líder maior desse processo político, e o nosso vice-governador João Leão. Sou do PP e tive na verdade a autorização do vice-governador para que a gente ampliasse essas discussões, que envolve todo o partido. O PP hoje tem a maior bancada na Alba, somos 10 deputados estaduais, quatro federais, o presidente da Alba, Nelson Leal, é do nosso partido, temos conversado com os partidos, em geral temos um alinhamento com Coronel e Otto Alencar, mas a gente quer fortalecer ainda mais esse bloco. Temos conversado com Olívia Santana, uma forte candidata, que tem identidade muito forte com Salvador: mulher, militante, defende vários movimentos dentro da cidade com votação expressiva aqui [...] mas penso em um projeto muito maior, que a gente possa vencer e administrar a cidade, sou candidato e tenho esse desejo, quero vencer, mas se em um momento um dos nomes que fazem parte do bloco aparecer em condições melhores de disputa, com certeza vamos apoiar esse nome.

BNews - O governador Rui Costa sinalizou a vontade de três candidaturas: uma mais à esquerda, outra de centro e conversadora. O sr. concorda com esse pensamento?
Niltinho -
Eu defendo diferente, uma polarização de disputa. Esse formato de uma candidatura da esquerda, de centro, e a conservadora de Isidório, mas defendo uma candidatura única, que a gente pudesse definir um candidato sem vaidade nenhuma, com melhor chance de disputa, as lideranças políticas tem feito a mesma fala, temos que fazer pesquisas qualitativas, para avaliar o que Salvador espera do seu gestor [...] seria uma oportunidade das avaliações comparando os dois [Neto e Rui], que estão muito fortes na capital [...] se houvesse esse enfrentamento, sem sombra de dúvidas, seria uma disputa muito mais forte, e lhe asseguro, com chances grandes de vencer a eleição. A medida que vai pulverizando muito, dificultará pra gente a disputa pra um eventual segundo turno.

BNews - E como o sr. reagiria caso Major Denice Santiago seja a escolhida de Rui?
Niltinho -
Não teria problema nenhum, não conheço pessoalmente. Tenho ouvido que tem um bom trabalho social, sou um defensor da mudança, da renovação política [...] se ela conseguir agregar, convergir, houver unidade em torno do nome dela [...] da mesma forma tem que pensar assim, para tomar uma decisão como essa, defendo debate para gente ajudar a cidade de Salvador, a cidade precisa muito, é a capital do desemprego, tem muito por fazer, ficar só no que é bem feito, praças bonitas, Centro de Convenções está muito bonito, mas a gente precisa muito mais do que isso.  Precisa gerar emprego na cidade, Salvador é uma cidade empreendedora, tem muita coisa pra ser corrigida, e quem sabe se nós formos candidato que a gente possa fazer um bom debate. 

BNews - Acha que tem alguma chance do PT abrir mão da cabeça de chapa?
Niltinho -
Se o PT não tem a capacidade de abrir mão para um partido aliado, a gente vai entender que o governo já está definido em 2022. Se nesse momento, em uma disputa que o PT tem enfrentado dificuldade em definir nomes, não tem encontrado um que o todo o partido esteja afinado, se nesse momento não entender que outro nome está pronto, capaz de vencer eleição, é sinal de que a relação funciona dentro e uma comodidade no partido. Eu não acredito nisso, acho q o PT está se reinventando também [...] espero, que a gente seja muito mais do que isso, a população soteropolitana quer muito mais do que PT, PP, quer muito mais que PSD, de qualquer partido. Salvador é muito maior que tudo isso, a gente precisa de um candidato com capacidade de gestão e responsabilidade com uso do recurso público.

BNews - Será que a estratégia do PT de lançar um candidato mesmo sem força de voto, pode influenciar em eventual apoio dos aliados em 2022? 
Niltinho -
Lógico, não tenha dúvida. Quando tem discussão de candidatura de uma cidade como salvador, 3ª maior capital do país, se a coisa não for bem amarrada, bem desenhada em comum acordo entre partidos da base, pode trazer feridas, ranhuras, que em 2020 podem pesar muito. O que a gente deseja, e dentro do PP a gente tem esse papel, se comporta assim, é um partido de diálogo. João Leão é um vice-governador que tem uma relação fantástica com Rui Costa e grande parte do que é feito na Bahia tem que agradecer também ao nosso vice João Leão porque ele é parte direta dessa gestão do estado. Um exemplo é a ponte Salvador-Itaparica, ninguém acreditava que ela sairia, o vice-governador quando era secretário de Planejamento também botou debaixo do braço, começou a luta, a peregrinação, junto com a equipe de governo e outros secretários e hoje é uma realidade. Já houve a concorrência, já tem os vencedores e esse ano já começam os estudos, deve haver retardamento dos estudos técnicos por conta do coronavirus, que os chineses estão impossibilitados de estar aqui, mas logo logo está passando e a obra estará começando, sem sombra de dúvidas uma das maiores obras que tem o DNA do nosso governador João Leão.

BNews - O PP foi protagonista nos últimos anos e foi um dos primeiros partidos a colocar o nome para a prefeitura de Salvador...
Niltinho -
Natural que a gente deseje sim ter um candidato a governador em 2022, a gente tem o nosso vice João Leão que está pronto, habilitado para ocupar esse espaço, mas não é só a nossa vontade, a nossa aliança, a grande vitória de Rui Costa foi o ciclo de alianças que fortaleceu e ele fez um grande governo. A gente não pode deixar de destacar, considerado o melhor do Brasil entre govenadores, é esse trabalho que ele faz dia e noite que potencializou isso.
Natural que PP, PT e PSD tenham papel de protagonismo nesse tripé, são os partidos que hoje dão a base, musculatura, mas não são só os três partidos e somente com eles que vencem a eleição. Temos o PDT, PL, Avante de Isidório, PSB, PCdoB, partidos importantes se conseguirmos manter a unidade e maturidade política na hora de decidir o candidato, não tenho dúvida que a gente não vai ter dificuldade em 2022, seja João Leão, Jaques Wagner, Otto Alencar, ou quem sabe pode surgir outro nome nesse grupo político, desde que seja em um diálogo. Acabou a época da política em que você bota goela a baixo. Vi um pré-candidato falando que com ACM Neto é assim. O que espero é que na base do governo a gente mantenha o diálogo e que não só em 2020, mas em 2022.

BNews - Renovação política, nomes novos, pessoas mais novas...
Niltinho -
Eu concordo que a gente precisa renovar, sou um grande defensor, e disse a algumas pessoas e gostaria de ver um Bellintani como candidato, seria um debate realmente muito bacana, é uma pessoa muito inteligente, cara preparado. O desejo que tenho é que a gente consiga renovar, mas natural que disputa do governo do estado também envolva a própria experiência na política e gestão pública. É muito difícil você pegar uma figura como o próprio PT está tentando em Salvador, um outsider, uma pessoa que não tem experiência na gestão pública, experiência da disputa do voto eleitoral, você trazer isso para o governo do estado. Salvador é muito difícil, eu que sou deputado estadual sinto na pele a dificuldade de se tornar conhecido na capital, onde tive 6 mil votos, não tive estrutura de governo, fui candidato da vontade popular, a gente sabe o quanto é difícil, é natural que Leão, Otto, Wagner sejam principais nomes por conta da necessidade do povo baiano de ter a experiência, mas se surgir um novo nome vou ficar feliz também, qualquer um dos três que seja indicado o governo da Bahia vai estar muito bem atendido, três grandes políticos da Bahia.

BNews - ACM Neto 2022?
Niltinho -
É natural, ele é o único nome que você consegue enxergar na oposição ao governo que lidera esse processo político, a gente não pode dizer que ele é uma renovação, porque ele é deputado desde os 18 anos de idade, se tornou prefeito de Salvador, não seria o símbolo dessa renovação, mas é um nome da disputa, que tem condição, sim, de participar desse processo político, mas não tenho dúvida que todo esse grupo, se nesse tripé nenhuma das pernas se quebrar ao longo da disputa de 2022, não tenho dúvida que um desses candidatos vai ter a chance de ganhar mais uma vez a eleição e dar continuidade ao trabalho que tem sido feito. Costumo dizer que o governador é um trator, ele trabalha muito, olha que estou falando, eu com 38 anos de idade, admiro o governador por essa personalidade, vontade de trabalhar, também sou meio assim, meio hiperativo, sempre trabalhando em algo que posso trazer benefícios para a população.

BNews - O que falta aos partidos mais de Centro conseguirem o governo do estado?

Niltinho - O governador Rui conseguiu uma grande façanha política que está maior que o PT aqui na Bahia. Grande parte dos votos de Rui não foram de pessoas que militam ou que têm simpatia pelo PT, e eu conheço diversas pessoas nesse perfil que votaram em Rui. A gente sabe que a cada eleição isso pode estar mais intenso, como pode também ter minimizado ao longo do tempo e o PT voltar a ter a força que tinha, difícil prever o cenário lá na frente, o que tem que ser justo é que se tiver candidatura de outra sigla, o PT não tenha como exigência apoiar só se for candidatura do PT, isso rompe a democracia, as pessoas têm que desejar muito mais que as siglas, claro que tem que respeitar os partidos, sou defensor do partido Progressistas, mas mais do que sigla, a gente vota e acredita em pessoas, acreditamos na pessoa, no perfil do gestor Rui Costa, homem que preza pelos valores da família [...] a gente precisa de pessoas que tenham esses valores, não podemos pensar na política apenas de forma fria, que estamos militando por um grupo político, militamos por um povo que deseja muito e clama por um gestor que faça com que a cidade funcione com qualidade, que a gente possa entregar obras importantes, cuidar da saúde, trazer indústrias pra gerar emprego, isso que a população espera, não temos que buscar carinha bonita, ou perfil, candidatura de mulher, maternal, não, Salvador quer candidato que faça gestão com competência.

Neste cenário acho que major Denice vem de fato com um apelo de potencial de voto ou mais para o PT marcar presença? Com as bandeiras da mulher negra, da PM, isso foi muito colocado pelo PT, o governador disse em entrevistas que o PT queria uma mulher como candidatada, e eu penso mais do que isso, é muito importante a participação das mulheres, isso me deixa muito feliz, a gente precisa que elas participem mais da política, e cada ano essa exigência é muito maior, a própria questão eleitoral exige que 30% das mulheres disputem as eleições, que com novo formato de não haver coligação, é necessário 30% de mulheres que tenham voto, tenham militância, trabalharem para disputar uma eleição com chance de vitória, acho ótimo, precisamos de mulheres candidatas, você acha que é só pra compor, confesso e digo a qualquer um que tento entender qual o ponto de vista, se tem alguma pesquisa que identificou, que é diferente da pesquisa que o PP tem, mas eu também não quero avaliar a Major Denice, seria um desrespeito da minha parte como pré-candidato também, desvalorizar ela, espero que seja competitiva que tenha qualidades suficientes, que o povo de Salvador reconheça, e se o povo de Salvador não reconhecer com perfil e identidade que a população espera, que ninguém falte com respeito, que tenha votação, se for pra ser eleita, ótimo, se não conseguir, que consiga contribuir no papel político e leve ao menos uma mensagem positiva para que a gente possa dar continuidade ao governo, mas é muito complicado estar aqui tecendo, nem críticas nem elogios, porque não é conhecida no cenário político de Salvador, mas desejo que realmente tenha sorte, mas lógico que sorte prioritária seja pra mim, que seja eleito prefeito de Salvador.

BNews - E sobre as cenas de selvageria na AL-BA? Deputados precisaram ser escoltados no ônibus da Choque, foi uma pauta delicada para o governador, os próprios deputados de esquerda não apoiaram, votaram contra, esse é um dos temas que pode cair nas costas de quem for o candidato da base e pode prejudicar essa candidatura?
Niltinho -
É natural, toda mudança existe sempre um ganho e uma perda, sempre digo que na vida quando alguém está ganhando é porque alguém está perdendo. As entidades se colocaram como prejudicadas, a gente respeita e muitos pontos a gente entende, tem a defesa da sua família e o servidor está pensando no futuro, seja na morte ou aposentadoria, mas a gente não pode deixar de pensar na gestão do governo, mas de 4 bilhões de déficit da previdência na Bahia, muito difícil a cada ano.

*Colaboraram Eliezer Santos e Henrique Brinco

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