Polarização pauta disputa em Camaçari

Publicado em 03/09/2012, às 00h00 Luiz Fernando Lima (Twitter: @limaluizf)

A corrida eleitoral em Camaçari, município com a maior arrecadação depois de Salvador na Bahia (R$ 700 milhões em 2011), tem uma importância significativa no cenário político estadual. Por lá, dos seis candidatos que disputam o pleito, os dois melhor posicionados nas pesquisas - Maurício de Tude (PTN) 31,4% e Ademar Delgado (PT) 26,9% - responderam algumas perguntas sobre os projetos e a conjuntura eleitoral do município.

Antes disso, todos os postulantes da cidade foram entrevistados pelo apresentador José Eduardo, no Programa do Bocão, da Rádio Sociedade. Para não ficar exaustiva a leitura, a reportagem do Bocão News optou por dividir a entrevista em duas partes, colocando as respostas de Ademar Delgado (PT) e Maurício de Tude (PTN) em sequência para que possam ser analisadas pelos leitores. Confiram

Ademar Delgado (PT)

PEGOU MAL

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Preço baixo

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A campanha na rua, Lula já entrou e gostaríamos de saber quais as principais diferenças do início da campanha para o momento atual?

nossa campanha vem numa crescente permanente. O encontro com Lula nos trouxe a emoção que contagiou o povo de Camaçari e nós já ultrapassamos todos os adversários, em todas as pesquisas. Especialmente, porque a nossa campanha é a campanha do amor, da alegria e da vibração.

Objetivamente já existem pesquisas para consumo interno que demonstram esta tendência, com o senhor na dianteira?

Não. Nós temos informações de uma série de pesquisas e na cidade todo mundo comenta que Ademar lidera todas as pesquisas. A única dúvida é que alguns falam que estou liderando com 10 %, outros com 15% de frente. A discussão é qual a nossa vantagem.

O fato de seus principais adversários – Tereza Giffoni (PSDB), José de Elísio (PP) e Maurício de Tude (PTN) – terem se divido e não unificado a oposição contribui com o seu rendimento?

Para mim é indiferente porque nós estamos com o povo e o povo está vindo para o nosso lado.

No início da campanha e ainda hoje seus adversários fazem a relação de que o senhor está para Caetano, como Dilma esteve para Lula em 2010. É isso mesmo. Ademar é uma figura mais técnica que política?

A Dilma é uma figura política que foi, inclusive, presa e que dedicou a vida à gestão após os aliados assumirem o governo de Porto Alegre, ela foi para dentro da administração e se especializou. Eu tenho essa felicidade de ser um elemento político. Desde menino que faço política. Participei de movimento estudantil. Participei de todos os movimentos políticos aqui em nosso município, mas eu me qualifiquei. Eu sou formado em Administração Pública pela UFBA. Fiz cursos de especialização em administração hospitalar, tributária, financeira e governamental, pessoal, programação e orçamento, sou auditor concursado e aposentado da prefeitura de Salvador. Eu me preparei para a gestão, mas tenho muito o que aprender. Eu nunca vou dizer que estou pronto, mas estou preparado para assumir a gestão. Dilma foi eleita e está dando um show, esta é uma boa comparação. Dilma está para Lula como Ademar está para Caetano. Dilma está para o povo brasileiro assim como Ademar está para o povo de Camaçari.

Maurício de Tude (PTN)

Dois meses de campanha na rua. O que você pode dizer a respeito deste momento da corrida e sobre o posicionamento de seus principais adversários?

Desde o início a nossa campanha está baseada em caminhadas diárias por todas as ruas e em todos os bairros do município. O que tenho sentido é um crescimento da campanha. O que percebo é que as pessoas têm nos recebido com muito carinho e acreditado nas nossas propostas para transformar Camaçari em uma cidade justa e com a qualidade de vida condizente com a arrecadação bilionária que Camaçari tem. Eu, Tude e Waldir Freire temos sido muito bem recebidos pelas pessoas.

Na última pesquisa oficial divulgada você está na liderança, contudo, seus adversários afirmam que os números não refletem a realidade e que há tendência de mudança nos próximos levantamentos?

Nas nossas pesquisas internas a tendência que se vê é a mesma retratada pelos números oficiais. Eu vejo uma campanha polarizada entre o projeto da transformação, que é o nosso, e o do continuísmo, que o projeto do candidato do prefeito.

Você tem um sobrenome que é conhecido no cenário político baiano. Seu irmão é deputado estadual licenciado, secretário em Salvador e presidente estadual do partido. Por que mudar o nome e abrir margem para tanta crítica?

Eu sou de uma família tradicional na política de Camaçari e na política da Bahia. A minha família tem a tradição de mais de 100 anos na política. O povo de Camaçari, de uma maneira muito carinhosa, quando Tude impedido de disputar as eleições em função de uma manobra obscura pilotada pelo prefeito Luiz Caetano fez questão de me apoiar em função de questões ideológicas e de identidade de projetos de desenvolvimento para Camaçari, a população de maneira espontânea me apelidou de Maurício de Tude, o que me deixa bastante honrado, ter meu nome ligado a um homem sério. O meu adversário tem vergonha e esconde o apoio do prefeito Caetano, da família Maia e do governador Jaques Wagner.

Educação

Em educação, quais são os principais projetos que o senhor pode apresentar para a população de Camaçari?

Ademar: nós vamos dar seguimento a coisas importantes que já fizemos. A Educação em tempo integral, nós já iniciamos e vamos implantar em todas as escolas. A escola aberta. Nós fizemos ginásios de esportes em 26 colégios, vamos fazer em todos, e vamos estimular que a população ocupe o ginásio aos sábados, domingos e feriados. Isto vai levar nossos jovens para a prática de esporte, cultura e lazer. É a extensão da Cidade do Saber para todos os dias, principalmente, aos sábados e domingos.

Maurício: Em Camaçari, apesar de ser o município mais rico da Bahia, nós amargamos índices na área educacional comparados aos mais pobres da Bahia. É um desafio meu mudar esta realidade. Dar à educação pública uma realidade condizente com a arrecadação bilionária de Camaçari. Nós vamos investir num projeto muito antigo, do século passado, concebido pelo professor Anísio Teixeira, que é a escola em tempo integral. Hoje, o poder público é obrigado a dar escola para as crianças a partir dos seis anos de idade. Aqui em Camaçari, a partir de janeiro, isso vai mudar. Nós vamos admitir os filhos dos trabalhadores a partir dos dois anos. Para que eles possam ser preparados para enfrentar a vida. Eu entendo que é um dever da educação pública preparar o cidadão para viver em sociedade. Também pensamos em ajudar na formação em nível superior. Vamos criar em Camaçari a primeira universidade pública municipal da Bahia. Algumas cidades do sudoeste do país já têm experiência neste sentido, todas bem sucedidas..

Trabalho e Renda

No âmbito do trabalho, o que podemos ressaltar nos projetos que o senhor propõe para a cidade.

Ademar: o mais importante é termos investido em infraestrutura na cidade. Com isso atraímos vários investimentos industriais e comerciais. A Jac Motors que está por vir; as Casas Bahia; a ampliação da Ford; é o Polo Acrílico; o comércio e os serviços pujantes em Camaçari. Tudo isso foi fruto dessa nossa administração. Nós estimulamos a indústria, investimos na educação e saúde e a vida do povo melhorou e esta ligação nossa com o governo de Lula, com Dilma e Wagner, que nos proporcionou a trazer além dos investimentos privados, mais de 15 mil unidades do Minha Casa, Minha Vida, esgotamento sanitário, revitalização e requalificação do rio Camaçari. A cidade é um canteiro de obras e de geração de emprego. Nós estamos fazendo o Pronatec para qualificar e a implantação da Cidade Técnico-Universitária, com campus da UFBA e Senai. Camaçari já não é mais uma cidade assim. Nós estamos com mais de 15 mil moradias sendo construídas. Estamos criando as oportunidades para as pessoas. A UFBA é uma realidade, o Pronatec também. Inclusive, quando eu era secretário de Relações Institucionais nós fizemos o Fórum de oportunidades de Camaçari, juntamos todos os grandes empresários do Polo, o pequeno empresário de Camaçari, os formadores e qualificadores de mão-de-obra. Juntamos qual era a necessidade de mão-de-obra e como poderíamos preparar. Este projeto está em curso. Nós estamos aproveitando para trazer emprego, nós estamos preparando mão-de-obra. Estou aqui para dizer que Camaçari tem uma juventude que se preparou. Outro dia discutia com um jovem de Camaçari sobre política internacional. Nós vamos surfar nesta onda de trazer a nossa juventude para dentro do nosso governo e para o mercado de trabalho.

Maurício de Tude: Nas minhas buscas para encontrar e elaborar soluções viáveis para os problemas de Camaçari eu viajei para cidades do sudoeste do país. Municípios do mesmo tamanho, com população similar e a mesma renda. Tenho visto cidades com uma qualidade de vida muito superior à de Camaçari. Uma coisa que tenho observado nestas cidades, principalmente, nas industriais é que o vigia muitas vezes é de lá do sul e, outras vezes, é do nordeste, mas quando vou falar com o diretor, com certeza absoluta ele é de lá desta cidade ou região. Quando visito uma fábrica aqui no Polo, com certeza absoluta o vigia mora em Camaçari e com certeza absoluta também, o diretor é oriundo do sudoeste do país. A Universidade Pública Municipal é um dos instrumentos para reverter esta situação. Eu não aceito a condenação que o povo de Camaçari tem hoje de ocupar os empregos subalternos e os empregos que pagam menos no Polo Industrial. Não tenho nada contra estes empregos, muito pelo contrário, eu fui educado aprendendo que qualquer trabalho, por mais humilde que seja é digno, mas eu não posso aceitar que as pessoas que vivem na sede do maior aglomerado industrial só possam ocupar estes cargos. O ensino público de qualidade pode reverter esta situação.

Saúde

Camaçari é uma cidade que tem muitos recursos para investir, principalmente, em Saúde. Como está este seguimento?

Ademar: nós já ampliamos o atendimento básico e vamos continuar ampliando. Nós ampliamos o Programa da Saúde da Família, construímos mais três UPAs. Para se ter uma ideia, nós teríamos que ter três Unidades de Pronto Atendimento (UPA), de acordo com o recomendado pelo ministério da Saúde, nós estamos concluindo a sexta. Nós vamos fazer outra coisa: com o governador Wagner e com o secretário da Saúde Jorge Solla, nós vamos fazer a nossa maternidade. Ainda este ano, teremos a maternidade. Vamos construir, no hospital geral, um centro de pediatria e cardiologia para que o nosso hospital geral seja de alta e média complexidade e vamos reforçar a nossa rede básica. Vamos ampliar o quadro de médicos. Fizemos uma padronização da produtividade do SUS. Melhoramos os salários dos profissionais e vamos dialogar permanentemente com ele para que possam nos ajudar a melhorar ainda mais.

Maurício: A Saúde em Camaçari já foi muito melhor. A cobertura do Programa da Saúde da Família (PSF) diminuiu nos últimos oito anos. A cobertura de agentes comunitários diminuiu também. Hoje, nós temos índices comparáveis aos municípios mais pobres da Bahia. As famílias daqui são humilhadas. Porque para arriscar uma simples consulta médica são obrigadas a dormir em filas de portas de consultório médico. A partir de janeiro nós vamos investir massivamente em programas de medicina preventiva. Vamos elevar o programa da saúde da família e de agentes comunitários para 100% da população e eu me arrisco a dizer que a partir de janeiro nós vamos trabalhar para que a saúde bata na porta de cada família de Camaçari. Também não se admite que na cidade mais rica da Bahia muitas especialidades médicas não sejam oferecidas. Aqui não existem diariamente neurologistas, cardiologistas e não temos ortopedistas diariamente. Vou chamar o governador Jaques Wagner à responsabilidade com relação ao hospital geral, que segundo a população da Camaçari, mais parece um açougue. O governo da Bahia leva de Camaçari mais de 1/3 de sua renda. Eu vou exigir do governador que ele devolva um pouco do que ele tira de Camaçari cuidando, pelo menos, da área de Segurança Pública e também do Hospital Geral da nossa cidade. Caso o governador continue nesta postura passiva de deixar o hospital se degradar, nós vamos construir um hospital municipal. Vamos também reconstruir a maternidade Ana Falcão, eu não posso admitir que na cidade mais rica da Bahia, as mulheres para parir, só tenham como opção a emergência do Hospital Geral de Camaçari junto com pessoas que sofreram trauma A nova maternidade é mais uma promessa do atual prefeito. Até o dia 29 de agosto as obras não iniciaram e não é uma característica do prefeito Luiz Caetano celeridade das suas ações. Na verdade, a gestão atual já acabou. Não se desenvolve ação nenhuma na prefeitura. Hoje, a prefeitura da forma que está, aparelhada pela militância do PT, é um salve-se quem puder. É cada um por si. Não acredito que consigam construir a maternidade neste curto espaço de tempo.

Ainda nesta semana serão divulgadas as análises e alguns do projetos dos candidatos para Segurança Pública, Infraestrutura, Meio Ambiente e melhoria da qualidade de vida em Camaçari.

Fotos: Gilberto Júnior // Bocão News

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