Justiça

Exército fazer trabalho de policial pode criar situações complicadas, diz Moro

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Declaração foi dada ao apresentador Ratinho, em entrevista exibida nesta terça (18)   |   Bnews - Divulgação Andre Coelho/Folhapress

Publicado em 19/06/2019, às 06h29   Folhapress


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"É um erro pensar no soldado das Forças Armadas como um policial", disse o ministro Sergio Moro ao apresentador Ratinho, do SBT, em entrevista exibida na noite desta terça-feira (18).
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"Colocar o Exército para fazer o trabalho de policial pode criar situações complicadas", afirmou, sem citar exemplos.

Em abril, militares dispararam mais de 80 tiros contra o carro de uma família que ia a um chá de bebê na zona oeste do Rio de Janeiro e mataram um músico e um catador de recicláveis que tentou socorrê-los. Eles teriam confundido o veículo com o de um criminoso.

A entrevista foi gravada na segunda-feira. Moro falou também sobre o ataque que sofreu de um hacker em seu celular, mas não dos vazamentos divulgados pelo site The Intercept Brasil.

O ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil também falou sobre seu pacote anticrime, a redução da criminalidade e a crise prisional no país. Moro mencionou medida provisória para leiloar bens apreendidos de traficantes, com renda revertida para investir no combate ao crime.

"Precisamos aplicar as melhores práticas", disse o ministro sobre uma eventual solução para a superlotação de presídios no país. Moro deu o exemplo do trabalho realizado por detentos em um presídio de Chapecó (SC), em que o salário é dividido entre o preso —o que ajuda a afastá-lo do crime organizado, segundo o ministro— e investimentos na infraestrutura do próprio presídio.

Questionado por Ratinho sobre a situação específica da violência no Rio de Janeiro, Moro defendeu ações conjuntas da União, estado e municípios. O titular da Justiça afirmou que um projeto será executado no segundo semestre em cinco cidades diferentes, com foco em bairros mais violentos. O ministro não adiantou quais seriam os municípios, porém.

Sobre a votação do pacote anticrime no Congresso, Sergio Moro afirmou que a prioridade é a Previdência, mas que tão logo a discussão da reforma passe, esse será o tema a ser tratado entre Executivo e Legislativo. "Temos que endurecer em relação à criminalidade mais grave —corrupção, crime organizado e crime violento", disse. Em outro momento, afirmou que "a gente se tornou leniente demais com quem infringe a lei".

Sobre a política em relação a drogas, Moro falou que a legalização da maconha não está na agenda do governo e se disse contra a liberação, mas relativizou quando perguntado sobre o caso da Cannabis medicinal, dizendo que casos em que seja comprovada a necessidade para tratamento com medicamentos à base de canabidiol são diferentes.

Em relação ao tratamento de dependentes químicos, o ministro defendeu a internação voluntária, e reconheceu a internação compulsória como alternativa para casos mais graves.

Moro falou ainda sobre a crise de segurança no Ceará logo nos primeiros dias do governo Bolsonaro. "Ali foi um momento difícil, tínhamos acabado de assumir. O governo federal reagiu rápido, em um mês a crise de segurança tinha acabado", disse. "Os níveis de criminalidade no Ceará despencaram", afirmou, acrescentando que nos dois primeiros meses houve uma queda de 23% em homicídios no país, em relação ao mesmo período de 2018.

O ministro falou ainda que seu projeto anticrime prevê que as "saidinhas", os indultos temporários concedidos a presos em datas como o Natal e o Dia das Mães, serão suspensas em casos de crime hediondo.

Provocado por Ratinho sobre vandalismo em manifestações, Moro afirmou que "se foi muito leniente a isso no passado, como se pudesse a baderna". "Uma coisa é a pessoa protestar, ter manifestações pacíficas. Não pode destruir propriedades privadas."

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