Ex-síndica vê motivação política por trás de confusão em condomínio de luxo de Salvador

A empresária Sandra Lemos continua lidando com imbróglios políticos, mesmo após deixar a prefeitura de Ipiaú, no Litoral Sul da Bahia. Agora, ela se viu em meio a uma confusão no condomínio de luxo Mandarim Salvador Shopping, localizado no bairro do Caminho das Árvores. Afastada do cargo de síndica após decisão judicial, a administradora vê motivação política no conflito com outros moradores.

"Quando a gente já vem de uma experiência pública, a gente recebe determinadas manifestações com tranquilidade, principalmente pelos princípios que a gente carrega", disse Sandra, em entrevista ao BNews no escritório do advogado Matheus Lima Souza, no mesmo bairro do condomínio.

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A confusão, que envolveu até a Polícia Militar, ocorreu no dia 20 de janeiro. Moradores tentaram afastar Sandra do cargo, após a realização de uma assembleia, que, segundo o corpo jurídico do condomínio - do qual o advogado que a defende agora fazia parte - era irregular. Eles alegam que a ex-síndica cometeu irregularidades durante a gestão.

Eles se referem a horas extras pagas ao gerente geral do condomínio, Alexandro Jezler Garrido. Os moradores afirmam que os repasses teriam relação com uma sociedade entre os dois. Porém, de acordo com documento apresentado à reportagem sobre a abertura de filial da empresa de Garrido, a Novo Conceito, não consta nenhuma sociedade.

Sandra admite o aumento salarial de Garrido e as horas extras pagas ao gerente, mas justifica o reajuste levando em consideração a experiência e média salarial do empresário - que já atuou em outros condomínios de luxo de Salvador, a exemplo do Le Parc -, e fundamenta as horas extras pagas em decorrência do trabalho realizado por ele e outros funcionários durante a pandemia, que exigiu carga horária maior do que a estabelecida.

"Lógico que quando você tem um salário elevado, o reflexo de horas extras é maior. O que não entendemos é que a hora extra foi concedida pra toda equipe, os membros do conselho fiscal fiscalizaram e só conseguiram chamar atenção das horas extras, porque não tinha outra coisa. A intenção é chamar atenção pra eleição de junho, que eles queriam antecipar", afirmou a ex-síndica.

Em agosto de 2019, Garrido recebia um salário de R$ 4.500, valor que aumentou para R$ 6.400 em novembro. A partir de fevereiro de 2020, o empresário passou a receber mensalmente R$ 9.500.

A defesa da ex-prefeita de Ipiaú chegou a conseguir na Justiça uma liminar que devolveu o cargo a ela, mas outra decisão, de segunda-feira (8), derrubou a liminar e a retirou novamente do cargo.

Disputa eleitoral

Sandra Lemos vê motivação política nas acusações contra ela. A ex-síndica também reflete sobre as medidas que promoveu à frente do condomínio, como aumento na taxa condominial em 18%, que ela justifica com a promoção de mudanças na equipe, como contratação de fiscalização noturna.

"Uma das participantes desse grupo participou da eleição e não venceu. Tentou ser conselheira, e não venceu. O próprio suplente, quando entenderam que essa assembleia que fizeram ia dar certo, quando conseguiram registrar a ata, ele deixou bem claro que ia pedir renúncia da suplência, pra ele se candidatar a síndico", afirma.

O advogado da ex-prefeita informou que o processo já está em fase de julgamento do mérito, quando uma sentença, de fato, será expedida. Porém, Sandra também acionou uma advogada da área criminalista para acionar a Justiça contra as acusações dos moradores do condomínio.

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