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Cachoeira: a cidade dos licores que iniciou a história da Independência da Bahia

Alberto Coutinho / GOVBA
A sede governo baiano foi transferida para Cachoeira em 1822 e  |   Bnews - Divulgação Alberto Coutinho / GOVBA

Publicado em 25/06/2023, às 06h00   Cadastrado por Victória Valentina


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Terra dos licores mais famosos, de uma tradicional fábrica de charutos e da Igreja da Ordem Terceira do Carmo, a cidade de Cachoeira - que fica a 130 km de Salvador - é, sem dúvidas, uma das mais ricas culturalmente da Bahia. E foi lá, inclusive, que o processo da Independência do Estado se iniciou.

Voltando um pouco no tempo, o historiador Iuri Vieira conta ao BNews que a ocupação da região ocorreu por volta de 1531, com a expedição de Martim Afonso, então Governador Geral do Brasil, com o intuito de estimular o cultivo da cana-de-açúcar e a sua indústria. As terras do Recôncavo Baiano, portanto, foram as escolhidas para instalação dos primeiroes engenhos.

No final do século XVI, já existiam cerca de cinco engenhos naquela região. E foi em 1693 que foi criada a Vila e Freguesia de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira, instalada em 7 de janeiro de 1698. Naquela época, a região já demonstrava sua relevância nos primeiros séculos da colonização.

Além do açúcar e derivados, a região tinha uma intensa produção de tabaco (fumo), se transformando em uma das mais prósperas do Brasil, como conta Iuri.

"O intenso comércio fluvial, que partia do Rio Paraguaçu e o comércio marítimo, interligando Salvador e o interior do Estado, tornaram Cachoeira uma região de grande influência. Entretanto, foi no século XIX que o Recôncavo Baiano eternizou a sua história na memória local e de todo o povo brasileiro", explica.

O historiador conta que, em 1822, a Vila de Nossa Senhora do Rosário Porto da Cachoeira abrigou importantes episódios da Independência do Brasil. Ela, na verdade, foi a pioneira no movimento emancipador do país.

"Tudo começou com a nomeação de D. Pedro de Alcântara como Regente e "Defensor Perpétuo do Brasil", o que causou a revolta do General Madeira de Melo, Governador das Armas, representante dos anseios lusitanos na Bahia. O confronto com ataques e tiroteios se estenderam por vários dias", conta.

De acordo com Iuri Vieira, as tropas eram formadas por populares, pescadores, comerciantes, agricultores, escravos e libertos. A luta também teve a presença de Maria Quitéria, e assim os baianos reagiam contra as imposições politicas e econômicas de Portugal.

"A partir dali o movimento se alastrou pelo Recôncavo, chegou a Ilha de Itaparica e a Salvador. A violência crescia e algumas batalhas foram eternizadas, como a de Pirajá. A presença lusitana não era bem vinda na colônia, o que culminaria com a proclamação da Independência da Bahia, em 2 de julho de 1823, considerada por muitos, a verdadeira independência do Brasil", finaliza.

Capital da Bahia

Em 25 de julho de 1822, antepicipando o Grito do Ipiranga, Cachoeira já proclamava o Príncipe D. Pedro I como Regente: estava lançada a semente, que frutificou em 2 de Julho de 1823, quando a Bahia definitivamente tornou-se livre do jugo português, consolidando a Independência do Brasil.

Pelos feitos heróicos de seu povo, o imperador elevou a antiga vila à categoria de cidade, com a denominação de Heroica Cidade da Cachoeira. Assim, a sede do governo baiano foi transferida oficialmente para a cidade do Recôncavo.

Neste domingo (25), a mudança ocorrerá novamente como parte das comemorações pelo Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia, em homenagem à participação dos cachoeiranos nas lutas pela libertação do julgo português.

Classificação Indicativa: Livre

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