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Adega BNews: Você pode amar terroir mesmo que não saiba

O vinhedo de Chateau Petrus, em Pomerol
Quando se produz uvas para vinhos ocorre o mesmo, alguns importantes fatores definem sua identidade única  |   Bnews - Divulgação O vinhedo de Chateau Petrus, em Pomerol

Publicado em 24/06/2022, às 09h44 - Atualizado às 10h02   Redação


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Essa palavra francesa estranha e sem tradução para a nossa língua tem, felizmente, um significado bem fácil de entender. Até porque, terroir não se aplica exclusivamente para o mundo do vinho.

Com um exemplo fica mais simples: o cacau cultivado e produzido no sul da Bahia é uma Indicação de Procedência reconhecida no estado e fora dele. Isso significa que existe uma singularidade no terreno, no clima e nos frutos das plantas cultivadas ali, além do conhecimento de quem planta e colhe. São esses fatores que dão ao cacau do Sul da Bahia, características que o diferenciam do cultivado em outras regiões.

Quando se produz uvas para vinhos ocorre o mesmo, alguns importantes fatores definem sua identidade única: o solo (tipo de terra e sua geologia), o relevo (planície, vale, planalto), o clima local, a variedade da uva sendo cultivada e, é claro, o trabalho humano empregado nesse cultivo. Todas essas características juntas formam o TERROIR.

Na prática, o conhecimento das características do terroir (conhecimento que existe há séculos, muito antes de ter uma definição formal) permite que quem vai cultivar as uvas saiba o que vai encontrar, facilitando assim escolher - por exemplo - a variedade de uva que será plantada em cada local, o método de plantio e técnicas de cultivo, entre outras. Para o enólogo (que é o profissional responsável por fazer o vinho), conhecer o terroir vai ajudar a saber o que esperar daquela uva, de acordo com o tipo de solo, o regime de chuvas, etc.

Vale mais um exemplo: um dos terroirs mais importantes do mundo, o de Bordeaux, na França, é recortado por um rio. Sua presença e os diferentes micro-climas e solos de cada lado dele, fazem com que os vinhos sejam identificados como sendo da 'margem esquerda' ou da 'margem direita'. São terroirs muito diferentes. Para se ter uma ideia, na região do Pomerol (do lado direito) a uva Merlot é a mais cultivada. É lá que é produzido o icônico Chateau Petrus que costuma ter mais de 95% de Merlot em sua composição. Mas ao mudar o lado do rio, outras uvas tomam protagonismo, como a Cabernet Sauvignon e a Cabernet Franc, entre outras que entram nos cortes de alguns dos vinhos mais caros do mundo, os Grand Cru de Bordeaux. É a combinação de solo, clima, planta e trabalho humano (o terroir) que irão ditar o futuro de uma garrafa de vinho.

Classificação Indicativa: Livre

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