Paris um sonho não tão distante assim

Os quase dois anos de restrições por causa da pandemia deixam a vontade de compensar tudo que não fizemos ainda maior. Entre as coisas que deixamos de fazer estão as viagens. Principalmente, internacionais. À medida que a vacinação avança, o número de mortes diminui e as porteiras se abrem, voltamos aos planos e roteiros. Até porque sem planejamento a gente não vai nem em outro estado, imagine para fora do país. Está tudo caro e o real muito desvalorizado frente às duas moedas mais usadas nos principais destinos internacionais: o Dólar e o Euro. Planejar e sonhar nos custa apenas tempo. E, quem sabe, este investimento vira de fato a viagem?! Por isso, aproveito para dividir o meu sonho de voltar a Paris com você. 

Paris assusta só de ouvir falar. No imaginário de todo o mundo é uma cidade associada ao glamour e à riqueza. É verdade, Paris pode ser muito cara. A Paris de Neymar, agora de Messi, da Louis Vuitton, da L’Oréal, da Guerlain e do macaron da Ladureé é mesmo luxuosíssima. Mas, pode ser também uma cidade acessível aos planejados. Afirmo isso com a propriedade de quem passou um ano planejando e conseguiu fazer um intercâmbio na Europa. Vida de estudante sem glamour e que, mesmo assim, conseguiu ir duas vezes à cidade luz. 

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Se você se interessa por política e história, Paris é destino certo. Essa é a terra de Napoleão Bonaparte, o nome da Revolução Francesa, também do rei “O Grande” Luís XIV e seu suntuosíssimo Palácio de Versaillhes, visita obrigatória para quem vai lá. O palácio e seus 700 quartos, além do jardim, a maior obra de arte ali, ficam em uma cidade bem próxima a Paris. Vale a pena reservar um dia para conhecer o local, mas não precisa dormir lá, a ida e a volta são por trem. Aliás, a revolução e o Rei Sol estão em cada canto da cidade, com os símbolos dos leões e cavalos lembrando a moradores e turistas os feitos deles e, por que não, da própria representatividade internacional da França. 

Representatividade essa que é, diga-se de passagem, bastante polêmica. Para muitos o país foi e é algoz, afinal, também foi colonizador e muito das tristezas de povos africanos pode ser colocado nas contas da França. Ou, melhor dizendo, muito das riquezas africanas foram parar nas contas da França. Mas, a depender do quanto você fique impactado com a suntuosidade da Torre Eiffel ao avistá-la, você não vai pensar tanto nisso durante a viagem. 

Ir à torre e subir até o último andar vale a pena cada centavo de Euro. E vale também admirá-la do Trocadero, que oferece a melhor vista e várias atrações, entre o tradicional crepe francês e os artistas de rua do mundo todo que se apresentam ali. E jamais vá embora dali sem antes ver a Torre ser acesa às 22:00, seja inverno ou verão. Para apreciar ainda mais a Torre e aprender um pouco sobre a riqueza do entorno, como a história da Ponte Alexandre III, vale a pena também fazer o passeio guiado de barco pelo rio Sena. 

Aliás, faça o passeio de barco e tire um turno para caminhar e explorar a pé boa parte da extensão do Rio. Caminhe também pela Champs Eliseé e aprecie as maiores grifes do mundo, como a suntuosidade da loja Louis Vuitton da avenida, mas pare e coma os macarons na Ladureé. De preferência, sentad-se em uma mesa na calçada para apreciar o clima parisiense. Essa expressão dispensa tradução. Finalize o passeio no Arco do Triunfo, onde, inclusive, vi pessoalmente uma manifestação dos coletes amarelos em 2019. 

Mas, e a Monalisa de Da Vincci? Calma, ela não sairá de lá, da sua torre no Museu do Louvre: uma parede protegida por vidro blindado e com faixas de isolamento. Além de ver a obra de longe, você tem que rezar para não ter muita gente querendo apreciar ao mesmo tempo, pois ela é pequenininha e se o salão estiver cheio... Já viu, aliás, não viu! Trocadilhos à parte, garanto que o museu oferece atrações para um dia inteiro e tão interessantes ou mais do que a Mona... 

Eu poderia passar dias inteiros em vários locais de Paris, mas em um só dia você pode ir ao museu Rodin, aos Jardins de Luxemburgo, à casa do escritor Victor Hugo, autor do secular “Os miseráveis”, e ao Invalides, museu do exército onde está o túmulo de Napoleão. Neste último me arrependo de não ter ido, assim como no Petit e no Gran Palais. Fui ao Panteão e gostei. Mas, gostei de verdade da Basílica Sacre Coeur. Além de suntuosíssima, sua localização privilegiada presenteia os visitantes com uma vista panorâmica da cidade. Siga de lá à pé pelas ruas boêmias próximas, visite o restaurante onde foi filmado Amélie Poulain e finalize o passeio em frente ao Moulin Rouge. Quem tem dinheiro entra e assiste a um espetáculo no cabaré secular. Quem não, fica só na fonte de vento instalada no local imaginando Christina Aguilera interpretando Lady Marmeleide.

Outra suntuosidade é o Teatro Municipal e a vizinha, a Galeria Lafayette. Aí sim o dinheiro fará diferença, porque se, assim como eu, ele for restrito em sua vida, você vai ficar desejando ter para comprar os cosméticos, perfumes, bolsas, sapatos, roupas e acessórios das principais grifes de alto luxo do mundo. A galeria é tão grande que tem um prédio de três andares para artigos femininos e outro artigos masculinos. No primeiro há uma cúpula maravilhosa em vitrais, que pode ser apreciada ainda melhor na passarela de vidros que foi montada no terceiro andar. Uma ajudazinha da administração do empreendimento para quem gosta de tirar boas fotos. Se você tem dinheiro para umas compritchas ali, então reserve também horas para gastar ali.

Só não esqueça de em algum momento comer croissant com café preto. Em qualquer padaria ou barraquinha de rua você encontra a um bom preço. Se você for exceção nesse brasilzão e tiver dinheiro, então procure os restaurantes premiados com estrela Michellin. Não faltarão opções em Paris. E seja exceção ou não, se programe com antecedência, junte um dinheiro a mais, e reserve um ou dois dias para a Eurodisney. O parque do ratinho mais famoso do mundo fica ainda mais charmoso em Paris. O complexo tem o parque e o estúdio, com atrações para todas as idades. Uma experiência incrível, que, com certeza, fará você voltar para o Brasil como eu: ouvindo o tempo todo a voz inconfundível de Edith Piaff em La Vie en Rose.