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Aos jovens negros da Gamboa, justiça! Aos jovens negros da Cidade, futuro!

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Tássio Santos Silva é bacharel em humanidades e graduando em Direito pela UFBA  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 28/02/2023, às 17h39   Tássio Santos Silva*


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A Gamboa de Baixo, território ocupado por comunidade tradicional, vinculada à pesca e mariscagem, Zona Especial de Interesse Social, deveria ter uma série de garantias asseguradas pelo instrumento, mas sofre constantemente com omissões de políticas públicas ideais para a garantia de habitação social, saneamento básico, educação e mobilidade (direitos fundamentais). Triste paisagem…

Um dos maiores atentados contra a vida no território e de toda a cidade foi o episódio conhecido como Chacina da Gamboa, ação policial que resultou na morte de três jovens negros.

Cleverson Guimarães Cruz, de 22 anos. Alexandre dos Santos, de 20 anos. Patrick Souza Sapucaia, de 16 anos. Três jovens negros que possuíam vidas, amores, futuros… tiveram suas existências encerradas, diante de alegações sem provas, na madrugada do dia 01 de março de 2022. Mesmo se fossem suspeitos de algo, a eles deveria ser destinado o devido processo legal, não o fim de uma vida inteira - como afirma uma testemunha ao ser entrevistada por um repórter num programa de televisão de grande repercussão.

Um ano após o ocorrido, as injustiças permanecem. Os quatro policiais envolvidos até hoje não foram responsabilizados, por exemplo. Diante disso, visando transformar o luto em luta, são os amores (mães, tias/os, avós/ôs, pessoas amigas etc) que efetivam a noção de justiça racial e social, lutando e reivindicando por territórios e cidades democráticas e antirracistas. Pessoas que reivindicam andar tranquilamente nas favelas onde nasceram e que execuções extrajudiciais não se repitam com outros filhos, netos, ogãs e ancestrais porvir. Jovens negros que têm vidas, amores, futuros…

Muito da cidade que queremos vai junto com cada jovem negro que não entra na universidade, que não se descobre em um projeto cultural, que não tem a oportunidade de materializar seu sonho no espaço-tempo, que tem sua vida encerrada preocemente... Muito da cidade que queremos só é possível com Alexandres, Cleversons e Patricks vivos…

A ManifestA ColetivA, como um todo, segue reivindicando 1) a construção de iniciativas articuladas e intersetoriais (justiça, educação, saúde etc.) para nossa juventude negra de territórios populares; 2) lutando por uma outra política de segurança pública que não seja atravessada pelo racismo estrutural e preconceito de classe; 3) o fomento de reflexões sobre justiça racial e luta antirracista nos espaços de poder e tomada de decisão e 4) justiça pelos jovens da Gamboa, Cabula, Fazenda Grande do Retiro, Periperi… Memória, Verdade, Justiça e Reparação. O comprometimento com o fim do genocídio da juventude negra é uma pauta inegociável e mais que urgente!

Alexandre, Cleverson e Patrick vivem em mim. Vivem em mil!

* Tássio Santos Silva é bacharel em humanidades e graduando em Direito pela UFBA, membro do Núcleo de Assessoria Jurídica Popular da Faculdade de Direito da UFBA (NAJUP/UFBA) e ativista da ManifestA ColetivA.

O texto não reflete, necessariamente, a opinião do BNews.

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