Artigo

Guerrilha Urbana

Vagner Souza/ BNews
Davi Gallo Barouh é promotor de Justiça do MP-BA  |   Bnews - Divulgação Vagner Souza/ BNews

Publicado em 25/09/2023, às 14h19 - Atualizado em 10/10/2023, às 14h20   Davi Gallo Barouh*


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Isso já acontece aqui no Brasil e no Nordeste há anos. Quando “Cláudio Campanha”, famoso chefe de uma organização criminosa baiana, foi preso, há uns dez anos, um dos integrantes da quadrilha, em uma conversa privada após uma audiência, já havia me falado isso.

Quando eu botei a boca na imprensa, os Secretários de Segurança e Justiça do Estado da Bahia, disseram para a imprensa que eu estava assistindo muito CSI.

Agora, os integrantes de organizações estão mostrando o treinamento que acontece no Rio de Janeiro, mas o informante que falei, me disse que grupos de bandidos daqui da Bahia viajavam para Cuba e Angola a fim de receberem treinamentos de táticas de guerrilha. Agora, mais de dez anos após, a Rede Globo está mostrando o que os serviços de inteligência da polícia Civil, Federal e Militar já sabiam há muito tempo e deixaram o crime organizado se expandir em todo país.

A quem isso interessava, eu não sei, ou sei.

Na verdade, durante todo esse tempo, assim como nos dias atuais, o que aconteceu foi uma campanha maciça de desmoralização das Instituições Policiais patrocinada por essa mesma mídia que hoje mostra imagens de como funciona o crime organizado no Brasil. Dentre essas táticas de “guerrilha urbana”, um ponto se destaca de forma cruel. Durante os confrontos eles usam a população civil como “escudo” e, quando morre um inocente, os criminosos se apressam em coagir os familiares das vítimas para dizerem que “A Polícia entrou atirando em pessoas inocentes.

Da mesma forma, grupos de Direitos Humanos se apressam em culpar à Instituição da Polícia. Tenho consciência que a polícia comete erros e que também existem policiais integrando o crime organizado - facções criminosas e milícias - mas na esmagadora maioria das vezes o policial não tem outra opção a não ser revidar os disparos para proteger a si mesmos e outras pessoas.

Bandido bem armado não se entrega, por isso que vejo como uma campanha midiática hipócrita se falar, nesse momento em "Letalidade Policial". Os bandidos, fortemente armados, partem para o confronto e os policiais dispõem de menos de três segundos para escolher entre sua própria vida e dos colegas em contraposição aos criminosos.

Outra coisa: em situação de confronto entre a polícia e os criminosos, infelizmente, por culpa única e exclusiva dos criminosos, sempre acontecerão mortes de pessoas inocentes atingidas por projéteis disparados por policiais, pois esses inocentes, como dito acima, são usados como “escudo” pelos criminosos. Basta ver os locais aonde as facções criminosas se alojam; geralmente escolas, hospitais e áreas densamente ocupadas por civis inocentes. É o que se costuma chamar em guerras e “Guerrilhas” de “Dano Colateral”.

Existe uma vasta bibliografia israelense tratando desse assunto.

A grande verdade é que no Brasil, e em especial na Bahia, neste momento, existe uma guerrilha travada entre as forças de segurança e o crime organizado.

Outro fator que merece ser destacado é que todas as facções são comandadas de dentro ossos presídios. Os Grandes Chefes, “Côroas” estão presos e cercados por “capangas” dentro dos estabelecimentos prisionais sob, mesmo que de forma indireta, a proteção do Estado.

As ordens para o funcionamento de toda sorte de crime, bem como o “Tribunal da Morte”, tem como local de origem os presídios. Isso acontece porque a legislação processual penal no Brasil é muito leniente com o criminoso, que sequer precisa trabalhar quando custodiado, a fim de, pelo menos, pagar a comida que nós contribuintes somos obrigados a pagar todos os dias.

Finalmente o Estado resolveu tomar uma atitude para dizimar com esse câncer que está matando e sangrando nossa sociedade.

*Davi Gallo Barouh é promotor de Justiça do MP-BA

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