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Maio Laranja! Precisamos falar sobre isso

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76,5% dos estupros acontecem dentro de casa  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 19/05/2023, às 10h43   Fernanda Lordêlo*


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Este mês é dedicado ao Maio Laranja, campanha nacional para conscientizar e mobilizar a sociedade contra a violação dos direitos sexuais infantojuvenil. Em 1973, uma menina de 8 anos, de Vitória (ES), foi sequestrada e mantida em cárcere privado, violentada e cruelmente assassinada. Seu corpo apareceu 6 dias depois, carbonizado e os agressores foram presos, mas após julgamento foram absolvidos. Com a repercussão do caso, 18 de maio foi instituído Dia Nacional de Combate ao Abuso e a Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes.

O relatório de 2022, “Violência sexual infantil, os dados estão aqui, para quem quiser ver”, mostra o perfil do criminoso: 95,4% são homens e possui algum tipo de relação de parentesco com a vítima, do universo de 87,5% - 40,8% eram pais ou padrastos; 37,2% irmãos, primos ou outro parente e 8,7% avós. E 76,5% dos estupros acontecem dentro de casa. 85,5% das vítimas são meninas.

Os dados evidenciam a atenção que devemos ter em todos os espaços nos quais as crianças e adolescentes circulam. Os números mostram ainda que mulheres também aparecem como violadoras independente da classe social. Temos que descontruir estereótipos que só inviabilizam crianças que são violadas. Trago atenção especial as mídias sociais, já que o espaço virtual é, sem dúvida, um ambiente propício a violações. A tecnologia é uma grande aliada na formação, mas se torna também ambiente fértil de violadores. Segundo um estudo da Safernet/Childfund Brasil, em 2022 ocorreu 111,9 mil denúncias de abuso e exploração sexual infantil na internet, um aumento de 10%.

É fundamental que mães, pais e cuidadores acompanhem as atividades das crianças e adolescentes e procurem seguir algumas dicas que podem ajudar a proteger o seu filho: converse sobre as partes íntimas e explique os limites do corpo, incentive a criança a conversar com você, saiba com quem seu filho anda e o que está fazendo, analise a reação da criança, identifique os possíveis sinais de um abuso.

Salvador conta hoje com o Programa Vamos Proteger, que implantou o Núcleo Municipal de Escuta Especializada. A sala atende e acolhe a criança com o objetivo de evitar a revitimização. O espaço possui fluxo específico e é integrado a toda rede de Proteção atuante em Salvador.

É preciso falar e denunciar, seja através do Disque 100 ou Conselho tutelar mais próximo. Há ainda a Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Contra Criança Adolescente e demais atores da rede de proteção como Defensoria e Ministério Público.

A denúncia é fundamental! Segundo a UNICEF ainda temos alto índice de subnotificação onde menos de 10% dos casos são notificados. Junte-se a nós nesta rede de atenção e cuidado.

*Fernanda Lordêlo – Secretária Municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude

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