Artigo

Para Neto, a escolha do vice é secundária

Arquivo pessoal
As especulações foram muitas durante todo o período e o jogo disputado nos bastidores e nas páginas virtuais nem sempre foi o mais limpo  |   Bnews - Divulgação Arquivo pessoal

Publicado em 28/07/2022, às 14h04   Luiz Fernando Lima


FacebookTwitterWhatsApp

A chapa majoritária de ACM Neto (UB) será oficializada no próximo dia 5 de agosto, data para a qual está agendada a convenção partidária. Até lá, e desde o início do ano, um tema permanece em discussão: quem ocupará a vaga de vice-governador na disputa. As especulações foram muitas durante todo o período e o jogo disputado nos bastidores e nas páginas virtuais nem sempre foi o mais limpo.

Os nomes que circulam nos bastidores são os do ex-presidente da Assembleia Legislativa, deputado federal Marcelo Nilo (Republicanos), da vereadora de Serrinha Edylene Ferreira (PP) e o da vereadora de Salvador Cris Correia (PSDB). Outras possibilidades são postas e aparecem em uma nota publicada aqui e outra acolá. Contudo, é pouco provável que a escolha esteja fora destas casinhas.

A pergunta sobre o adiamento constante tem várias respostas possíveis. Entre as quais, destacam-se alguns cenários que parecem coerentes. Vamos a eles:

É de conhecimento público que ACM Neto nutre o desejo de governar a Bahia e ascender como líder inconteste do grupo. Farol de um segmento importante que não depende de outros para alcançar seus objetivos eleitorais. Ou seja, se eleito, não foi o vice que o catapultou. Ao contrário veio a reboque e terá que se contentar com o papel de figurante escrito para este posto.

Outro ponto: Marcelo Nilo aparece como favorito na maior parte das conversas de bastidores. No entanto, o ex-presidente da Assembleia Legislativa, durante anos, teve relação complicada com parte do grupo ao qual está inserido atualmente. O maior problema, no entanto, não está no campo político e sim pessoal. A briga com a família Mendonça, quando ainda estava no PDT, saiu das quatro linhas e ganhou contornos pessoais. De modo que Félix e Andreia dificilmente aceitarão de forma passiva a escolha de Nilo para o cargo.

O adiamento até o limite, desta forma, contribui para que haja menos tempo para uma reação desmedida, ou rompimento. Até porque neste período as negociações não pararam e a turma que busca pacificar o assunto está em campo. Esta é outra razão para o adiamento.

Um terceiro ponto interessante é a vinculação de Neto com Cacá Leão. O deputado federal assumiu o lugar do pai, João Leão, na chapa para disputar o Senado. Tem uma condição complicada nesta peleja já que pela frente tem o líder do PSD, Otto Alencar, buscando a reeleição e a médica Raíssa Soares (PL) do lado bolsonarista.

Otto é o candidato mais forte e Raíssa deve conseguir espelhar quase todos os votos de eleitores do atual presidente da República. Enfim, a partida de Cacá não é simples. O fato de estar na chapa de Neto é, portanto, fundamental para conseguir catapultar sua candidatura. Desta forma, a pré-campanha toda foi feita para criar uma simbiose entre Cacá e Neto. Dividir a atenção por dois é melhor do que por três.
Estas são algumas razões, não são todas e tampouco são excludentes. Estão as associadas e juntam-se a outras tantas que podem ser inventadas, especuladas, plantadas ou simplesmente surgirem em meio a este emaranhado de linhas escritas em diversos sites e blogs e nas redes sociais de quem cobre a política ou dela se alimenta.

Na sexta-feira (5) acontece a convenção e depois da oficialização o foco vai ser no confronto com os adversários. Se Neto perder tempo ou tiver que travar batalhas no intramuros perderá energia e tempo fundamentais para quem tem pela frente uma disputa eleitoral difícil e imprevisível.

*Luiz Fernando Lima - Idealizador do projeto Conjuntura Atual, o jornalista atua na cobertura política há mais de 15 anos. Como repórter passou pelas redações dos jornais A Tarde e Tribuna da Bahia, além de sites, assessorias de comunicação de instituições públicas, privadas e campanhas eleitorais. Assinou a coluna Tempo Presente em A Tarde e foi editor do site BNews por mais de sete anos. Colaborou para jornais de circulação nacional como O Globo e trabalhou em Brasília na cobertura do Congresso Nacional e Esplanada dos Ministérios pelo site baiano. Foi comentarista de política na rádio Piatã FM. Há mais de dez anos atua na assessoria de comunicação da Assembleia Legislativa da Bahia. Formado em Comunicação Social com habilitação em jornalismo, cursou Publicidade e Propaganda na Unifacs e é pós-graduando em Ciências Humanas: Sociologia, História e Filosofia pela PUC do Rio Grande do Sul.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp

Tags