As vítimas foram identificadas como José Prospero Deminco, 73 anos, Ana Paula Carreiro Deminco, de 34 anos e Paulo Ricardo Carneiro Deminco, de 44 anos. Simone Deminco, filha de José Prospero e irmã das duas vítimas, e o filho dela, de 13 anos, ficaram feridos.
O casarão que desabou não é o único da Ladeira da Soledade. Não é preciso andar muito para se deparar com diversos imóveis antigos, a maioria em estado degradante. Quem mora próximo aos casarões convive com o medo. "Nós estamos sempre reivindicando isso. Diversos prédios estão na mesma situação aqui na Ladeira da Soledade. Quero saber quando os órgãos competentes vão tomar uma providência referente a essa situação. Será que eles vão esperar mais uma tragédia acontecer?", reclamou Ademilton Antonio, morador da Avenida Lurdes, que fica localizada aos fundos de um casarão antigo.
"A gente não quer que derrube os casarões, queremos que eles reformem. Isso aqui é um descaso total, entra ano, sai ano e nada é resolvido. Quando está chovendo é pior ainda, pois muitas pessoas correm risco de morrer soterradas", disse Bárbara Rezende.
A área em que o casarão está localizado é tombada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC). O diretor da Defesa Civil, Gustavo Ferraz, afirmou que o IPAC sabia do risco de desabamento do imóvel. Segundo a Defesa Civil, 20 imóveis na região também estão em situação de risco de desabar.
Já o IPAC disse que encaminhou à prefeitura uma notificação, afirmando que não recebeu qualquer ofício ou
comunicação da administração pedindo a concessão de alvarás para realização de obra no casarão. No documento, o Instituto ainda pediu, com urgência, o encaminhamento de informações e documentos relativos ao imóvel.
Ainda de acordo com a Defesa Civil, existem ao todo 500 casarões com algum problema estrutural em Salvador. Até o momento, 250 já foram avaliados e, desses, 122 oferecem risco de desabamento.
Investigação
Propriedade do imóvel
Um homem, não identificado, que seria o dono do casarão que desabou se apresentou na 2ª Delegacia Territorial (DT) do bairro da Lapinha, na quarta-feira (26).
Segundo informações do delegado titular Luis Costa Ferreira, o suposto proprietário do imóvel declarou que não é o dono do casarão. Ele disse que em outra época tentou intermediar a venda do imóvel para uma pessoa, que seria o verdadeiro dono. Ao ser questionado pelo delegado Luis Costa, sobre o motivo de ter abandonado o local no momento do acidente, ele respondeu que, fugiu porque foi ameaçado pelos moradores vizinhos ao casarão.