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"A Bahia vive uma contradição", afirma Mott sobre violência contra população LGBT

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Mais de 50 homossexuais ou transexuais foram assassinados no Estado no ano passado   |   Bnews - Divulgação Vagner Souza / BNews

Publicado em 12/02/2018, às 20h11   Shizue Miyazono


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Em 2017, mais de 50 LGBTs foram assassinados na Bahia, segundo revelou o fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB), Luiz Mott em entrevista ao BNews, na tarde desta segunda-feira (12), durante a 21ª edição do Concurso de Fantasias LGBT, na Praça Municipal, em Salvador. Ele explicou que o Brasil é o campeão de assassinato LGBTs, e que metade dos assassinatos de gays e travestis do mundo ocorre no Brasil.

Mott, que é professor de Antropologia da Universidade federal da Bahia (Ufba), revelou que o Brasil e a Bahia vivem uma contradição. "Ao mesmo tempo que existe muito gay na rua, na televisão, nas Paradas, tem a maior Parada Gay do mundo em São Paulo e no Brasil. Esse é o lado cor de rosa, mas tem o vermelho sangue que é a violência, que é o assassinato, a humilhação, a discriminação no trabalho, o bullyng nas escolas".

Para o fundador do GGB, são necessárias quatro medidas para acabar com a homofobia no Brasil. A educação sexual nas escolas, ensinando o respeito ao gênero, a identidade sexual das pessoas.
 A segunda seria leis que punam a homofobia como racismo. Ele cita a terceira medida em relação às políticas públicas e a quarta seria dirigida para a própria comunidade: "É um apelo que eu faço para a própria comunidade LGBT para que nós que exigimos respeito temos que dar respeito também. Não provocar escândalo, não levar pessoas desconhecidas para casa, evitar de levar mais de um parceiro para casa, que em um mundo violento é um vacilo levar desconhecido para casa. Gay vivo não dorme com o inimigo".

Concurso

Na 21ª edição do Concurso de Fantasias LGBT, Mott afirmou que o evento é uma oportunidade não só de alegria, de exuberância, de plumas e paetês, mas também de denúncia. De acordo com o fundador do GGB, na Bahia ainda se matam dois homossexuais por mês. 

"Há 20 anos, na Castro Alves tinha o concurso espontâneo de fantasia e aquilo terminou e nós resolvemos renovar essa experiência histórica. A importância de oferecer para a população um desfile de fantasia de altíssima qualidade de luxo e a oportunidade para distribuir milhares de camisinhas para a prevenção da Aids", explicou Mott.

O professor afirmou que o evento é uma oportunidade para lembrar para a população que "gay é ser humano, travesti também é ser humano, que merece ser respeitado e deve ser respeitado.

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