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Depois do Afródromo, agora é a vez do Sambódromo

Publicado em 21/11/2012, às 20h21   Caroline Gois (twitter: @goiscarol)


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O ano de 2013 foi marcado por nomenclaturas que, possivelmente, irão sair do papel e podem, de um fevereiro a outro, mudar a marchinha dos antigos carnavais. Com ódromos na ideia e ideias que buscam valorizar a festa mais popular do mundo, o Afródromo, apresentado pelo cacique Brown e o agora o Sambódromo baiano, apresentado por Zé Luiz - presidente do Unisamba e Alerta Geral, buscam uma única coisa: um espaço só para eles.

Na noite desta quarta-feira (20), Zé Luiz conversou com exclusividade com o Bocão News e antecipou o que, só na semana que vem, será apresentado ao prefeito João Henrique (PP). "O samba nasceu na Bahia e as entidades são fortalecidas no mundo. Temos o direito de termos o nosso espaço. São Paulo e Rio já têm, porquê aqui não pode?", questionou.

Indagado sobre o projeto surgir como um contraponto ao Afródromo, Zé Luiz ressaltou que a ideia é antiga, "já pensávamos em fazer isso". Quando perguntado sobre uma possível ruptura e divisão dos foliões, descaracterizando a festa - já que em um espaço será só samba,  no outro Afro e, por enquanto, nas ruas, o axé - Zé Luiz reforça que o objetivo é fortalecer é o canaval. "Os blocos serão mantidos para desfilar. Para se ter noção, o maior público do carnaval é o do samba que desfila na Avenida", disse. Sobre a estrutura do Sambódromo, o presidentre do Unisamba afirmou que isso ainda é pauta de discussão. "Não sabemos se será igual aos outros estados. Estamos decidindo isso". Quanto aos recursos, estes, "serão pedidos juntos à prefeitura e a empresas", contou.

Na próxima semana, uma reunião será marcada com o prefeito para que o Sambódromo da Bahia seja alavancado. Encabeçado pelo Unisamba - composto pelos blocos Alerta Geral, Alvorada, Vem Sambar, Amor e Paixão, Proibido Proibir, Pagode Total, Que Felicidade, Samba Popular e Reduto do Samba - o espaço é pensado para 2014. "Já iremos trabalhar em cima disso. O samba merece", confirmou.

Afródromo

O Afródromo, projeto incentivado pelo cantor e compositor Carlinhos Brown, não irá contar com a participação do Olodum. De acordo com o presidente da entidade carnavalesca, João Jorge, após tomar conhecimento do projeto, o Olodum preferiu ficar de fora da iniciativa.

“Desfilamos na Barra, somos o primeiro bloco do domingo e não temos interesse em participar do Afródromo. Queremos que os circuitos da Barra e do Campo Grande sejam democráticos com os blocos afoxés e afros”, declarou João.

A não participação de um dos blocos mais tradicionais do Carnaval de Salvador no projeto é visto como uma perda por parte de outras entidades que irão participar como, por exemplo, o Ile Aiyê. “É uma pena o Olodum não participar, eles têm as razões deles. Desde o início foram convidados, mas não se interessaram. Consideramos uma perda, já que o Olodum é um dos grandes blocos, das grandes agremiações. Gostaríamos muito que eles participassem também”, declarou o Vovô do Ilê Aiyê, um dos fundadores do tradicional bloco.

Ainda, segundo Vovô, a inclusão da “pérola negra” da Bahia no Afródromo, não irá alterar a programação do bloco nos seus desfiles já tradicionais. Para o presidente da Liga dos Blocos Afro, Alberto Pita, o projeto não irá enfraquecer sem a presença do Olodum. “Se o Olodum participasse seria bacana, mas é uma prerrogativa deles. Respeitamos, mas é lógico que se o Olodum tivesse no Afrodrómo seria bom, é uma entidade de tradição e que acrescentaria muito ao projeto”, disse Alberto. Ainda, de acordo com o presidente da Liga, há uma expectativa da inclusão do Olodum, já que o Carnaval é em Fevereiro e “lá na frente tudo pode acontecer”.

O cantor e compositor Carlinhos Brown esteve em Brasília esta semana e se reuniu com o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB) para discutir o Afródromo. A implantação deste projeto, além da criação de um novo roteiro cultural para a Cidade Baixa de Salvador estiveram na pauta do encontro. "Na verdade, Brown está com este novo roteiro e veio atrás do patrocício e do apoio. Este projeto é capaz de unir todas as forças políticas", disse Lúcio Vieira Lima.

Para o deputado, é uma obrigação de todos os baianos apoiarem este projeto, "principalmente porque é de Carlinhos Brown. A Bahia deve muito a ele porque Brown impulsiona o Estado para o Brasil e para o mundo como nosso embaixador. Qualquer projeto que vem dele tem seriedade", afirmou o pemedebista.

Conselho do Carnaval não foi comunicado sobre projetos

O presidente do Conselho do Carnaval, Pedro Costa, conversou com o Bocão News na noite de hoje e informou que não foi comunicado em nenhum momento da existência do Afródromo ou Sambódromo. "Não tenho embasamento para discutir qualquer um deles. A única coisa é que um Conselho do Carnaval tem responsabilidade sobre o resultado, os beneficios ou não da festa momesca, ou qualquer outra festa de largo e popular. Se estes projetos são privativos não tenho nada a ver com nenhum deles, nem emitiria uma opinião qualitativa a respeito deles sem conhecê-los", afirmou.

Segundo Costa, se houver qualquer sinal que estes projetos possam interferir no Carnaval, o Conselho está completamente preparado para tomar as providências legais cabíveis. "Acho que as pessoas que estão à frente destes projetos sabem fazer a festa e farão bem feitas. Mas, o Conselho não permitiria qualquer injunção que venha afetar o carnaval. Se querem realizar a festa tentando envolver o poder público e a imprensa sem ouvir a comunidade carnavalesca o Conselho acionará o Ministério Público para juntos tomarmos as providências cabíveis. Se querem privatizar o Carnaval, que seja feito com transparência e pelas vias legais", disse.

O Carnaval de Salvador reúne milhões de pessoas que mergulham na música e na dança por sete dias e registram a maior festa - até então, popular. Que entre os ódromos a surgir ainda haja tempo e espaço para a multidão pular atrás do trio.


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