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Vice-presidente da Guiné Equatorial se impressiona com Ilê Aiyê

Imagem Vice-presidente da Guiné Equatorial se impressiona com Ilê Aiyê
Mas nem tudo são flores. No Curuzu ainda falta investimento privado   |   Bnews - Divulgação

Publicado em 10/02/2013, às 16h40   Luiz Fernando Lima (Twitter: @limaluizf)


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O vice-presidente da Guiné Equatorial, Teodorin Nguema Obiang, se impressionou com a homenagem feita pelo Ilê Aiyê ao seu país. Acompanhando todo o ritual da tradicional saída do bloco do Curuzu, que aconteceu neste sábado de Carnaval, o representante do africano ressaltou a importância da interação entre os povos “ irmãos”de todo o mundo.

Em conversa com a reportagem do Bocão News no Terreiro Axé Jitolu, o vice-presidente declarou as impressões com o Ilê, “Muito positivo. Esta relação calorosa entre nossos irmãos da Bahia, o Ilê Aiyê que faz está homenagem importante à Guiné Equatorial. Nós somos um pequenos país com pouco mais de 1 milhão de pessoas. Agora, muitos brasileiros saberão da existência deste país”.

Edmilson das Neves, diretor do Ilê, explicou que a escolha do tema sempre é pautada pela necessidade de trazer uma discussão que resgate as origens do povo negro e que a deste ano vai ampliar o papel da associação não apenas no Carnaval de Salvador e na presença cotidiana no bairro, mas que existe a possibilidade de levar o bloco para Guiné Equatorial.

“Para os associados do Ilê provavelmente o Carnaval não acabe na quarta-feira de cinzas. Existe um projeto, uma ideia de levarmos 300 associados do Ilê Aiyê para fazer o Carnaval lá”.

Outro lado

Durante a entrevista concedia à reportagem do Bocão News, Edmilson fez coro com Antônio Carlos Vovô, fundador da associação há 39 anos, quando criticou a falta de interesse da iniciativa privada em investir nos blocos afros. “É um Carna negócio (SIC). A gente não tem como discutir com uma agremiação de trio que é financiada por uma cervejaria, por uma empresa de telefonia, que quando chega aqui não investe”, lamentou o dirigente.

Edmilson analisa que cerveja é barata e telefone é necessário, portanto, para o povo pobre da periferia não há necessidade de investimento. “Temos que mobilizar a comunidade para estes ‘caras’ começarem a entender que nós somos 86% da população deste lugar. Dentro de Salvador é mais complicado ainda, aqui temos o metro quadrado onde você encontra mais negro depois do continente africano”.

Depois de apresentar o projeto para empresas, o associado voltou sem resultado. “Buscamos, sentamos, fomos para discussão com uma cervejaria que monopoliza, ai ela diz que está fechada com outro bloco e que não pode financiar o Ilê. Precisamos mobilizar a nossa comunidade para fazer as coisas acontecerem. Fazer o povo entender que deve deixar de tomar a cerveja, desligar o telefone da operadora, enfim, usar as armas que temos. O Ilê Aiyê está aqui. O Ilê funciona do dia 1 de janeiro até 31 de dezembro”, concluiu.

O secretário municipal, Guilherme Bellintani, compreende o problema, mas reitera que a prefeitura não tem recursos para patrocinar diretamente os blocos, o que não a impede de atuar para transformar a realidade. “Eu acho que a gente precisar tomar muito cuidado com os investimentos públicos da prefeitura com as manifestações culturais. A prefeitura não tem capital para investir. O que a gente pode fazer é trazer o Ilê, por exemplo, para espaços mais visíveis, logicamente, que mantendo as tradições da saída do Curuzu, mas precisamos trazê-lo para espaços mais visíveis da festa para que a gente consiga atrair, consequentemente, a iniciativa privada para isso. Acredito que a grande dimensão que o poder público pode dar é trazer mais visibilidade para que a iniciativa privada venha”.

Publicada no dia 10 de fevereiro de 2013, às 03h32


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