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BNews Folia 2023: Blocos Afro, Afoxés e de Indígenas mantém a tradição no Carnaval de Salvador

Imagem: Roberto Viana - BNews/ Jefferson Peixoto - Secom
Os blocos voltarão a desfilar durante o Carnaval deste ano  |   Bnews - Divulgação Imagem: Roberto Viana - BNews/ Jefferson Peixoto - Secom
Franciely Gomes

por Franciely Gomes

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Publicado em 15/02/2023, às 06h00 - Atualizado às 06h00


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Carnaval em Salvador é uma tradição. Não dá para falar da folia sem citar a capital soteropolitana e toda sua abrangência de culturas. Após dois anos sem os festejos por conta da pandemia da Covid-19, o povo baiano pode comemorar novamente nas ruas da cidade em 2023.

E é impossível falar sobre a maior festa de rua sem lembrar dos blocos mais tradicionais, como os afros, afoxés e de indígenas. Quem nunca presenciou o mar azul e branco dos Filhos de Gandhy nos principais circuitos ou as cores fortes e presença do Ilê Ayê?

Estes blocos mantêm a cultura brasileira acesa entre o povo baiano, atraindo uma série de turistas que se encantam e querem conhecer um pouco mais sobre a história da cidade mais negra do mundo fora da África.

Blocos Afro

Considerado o primeiro bloco afro do Brasil, o Ilê Aiyê é quem abriu portas para a inserção da cultura afro-brasileira na Bahia. Nascido em 1974, o bloco surgiu a partir do desejo de Mãe Hilda Jitolu e de seu filho Vovô do Ilê, que seguiram o projeto com a ajuda e participação de diversos outros integrantes. 

Além do movimento carnavalesco, o bloco influenciou o empoderamento do povo negro durante a ditadura militar e ajudou na revitalização da cidade, retirando o Pelourinho da visão marginalizada da sociedade e tranformando o bairro em um dos cartões postais de Salvador.

“Outros blocos como o Olodum, Muzenza, Araketu e Malê Debalê, além de muitos outros utilizaram o exemplo do Ilê para passar a existir e, cada um ao seu modo, passou a realizar algum tipo de trabalho com as suas comunidades que resultou na transformação social de um número bastante significativo de pessoas pretas”, afirmou Marcelo Gentil, vice presidente do Olodum

Sobre a expectativa de retornar aos circuitos carnavalescos, ele reforçou que o bloco está pronto para mostrar toda sua alegria. “Vamos desfilar com um tema que estava sendo preparado desde 2020, visto que o mesmo foi criado para o carnaval de 2021. Chegou 2022 e, mais uma vez, a pandemia não permitiu a realização do carnaval. Então, agora em 2023 com o tema Tambores, a batida do coração, os caminhos da eternidade vamos extravasar com a nossa energia e alegria que ficaram reprimidas por todo esse tempo”, disse.

“Os tambores do Olodum falam por si só. Então, dispensam comentários. A batida do coração representa a forma cadenciada em que os tambores batem com um coração. E juntos, tambor e batida eternizaram mundialmente o Olodum”, concluiu.

Blocos Afoxés

Engana-se quem pensa que os Afoxés são apenas um bloco de Carnaval. Conhecido como um “candomblé de rua”, o cortejo é geralmente conduzido por um Babalorixá ou Ialorixá, que segue levando mensagens de paz, harmonia e integração durante seus cânticos.

Um dos mais tradicionais do país, os Filhos de Gandhy se destacam na Bahia. Criado em 1949, o bloco segue como um dos afoxés mais antigos ainda em funcionamento na cidade. Com as tradicionais vestimentas azul e branco, os colares trocados por beijos e as alfazemas que dão um cheiro especial ao cortejo, não há quem não pare para ver o desfile do Gandhy passar.

“Há 74 anos temos uma cultura de paz, de levar paz para a avenida. De levar o brilho da cultura de matrizes africanas para o povo de santo, onde a gente faz o hábito de levar os nossos atabaques e agogôs pra avenida e levar a maior cultura do candomblé”, explicou Orlando Santos. 

O diretor executivo e de comunicação do bloco ainda confessou que sente falta de apoio das empresas privadas para o cortejo. “Quero ressaltar que a gente como entidade, como os filhos de Gandhy e os blocos Afro e Afoxés sofremos com o descaso do poder privado. A iniciativa privada não aposta nessas entidades. Os filhos de Gandhy estão saindo hoje por conta dos nossos associados, do Governo do Estado e da prefeitura para desfilar no Carnaval de 2023”, disse.

“Para os filhos de Gandhy e muitas entidades não são só dois anos de pandemia, porque nós ficamos com nossa sede praticamente fechada desde 2020. Pra gente são dois carnavais e quase dois anos de sede fechada, nossos associados diminuíram bastante por falta de recurso financeiro, estamos com uma demanda muito pequena e a expectativa das pessoas em verem aquele tapete imenso esse ano não vai existir”, ressaltou.

Blocos de Indígenas

Inspirados na cultura cinematográfica norte-americana com os filmes de faroeste, os blocos de índio surgiram no final dos anos de 1960 em Salvador. Os integrantes saiam às ruas usando figurinos com referências indígenas, ao som da bateria de integrantes das antigas escolas de samba que estavam na capital baiana.

Pioneiro na tradição, o Apaxés do Tororó foi fundado em 1968, no bairro do Dique do Tororó, levando as ruas uma denúncia sobre a exploração histórica sofrida pelo povo negro e indígena, desde os tempos da colonização portuguesa no Brasil. Em 2014, eles comemoraram 45 anos de história e trouxeram uma ala especial composta por índios das tribos Tuxá, Pataxó, Kirirí e Kaimbé, além das alas de dança e de baianas.

Além deles, o bloco indígena Commanche do Pelô também abrange a cultura carnavalesca da capital desde 1974. Este ano, eles irão desfilar nos dia 19 e 21 de fevereiro, no circuito Osmar, localizado no Campo Grande

Classificação Indicativa: Livre

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