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Rinocerontes são transportados de cabeça para baixo na Namíbia

Ministério do Meio-Ambiente, Florestas e Turismo da Namíbia
Transportar esses animais é uma questão de sobrevivência para a espécie  |   Bnews - Divulgação Ministério do Meio-Ambiente, Florestas e Turismo da Namíbia

Publicado em 19/03/2021, às 16h49   Redação BNews


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Talvez seja inusitado e cômico observar um rinocerante voando de cabeça para baixo suspenso em um helicóptero acima da savana africana. Essa forma de locomoção dos rinocerontes-negros, considerada a mais segura. Transportar esses animais é uma questão de sobrevivência para a espécie. 

A maioria dos transportes de rinocerontes é realizada em caminhões, porém há locais remotos que não são acessíveis por terra. A prática de utilizar helicópteros para levar os animais começou a ser usada a dez anos atrás, e o animal é colocado de lado em uma maca e pendurado de ponta-cabeça pelas pernas.

Na década de 1960, mais de 100 mil rinocerontes-negros viviam no continente, porém em decorrência da caça furtiva e agressiva 98% dos animais foram eliminados. Desde então, existem esforços de conservação direcionados para salvar a espécie.

Atualmente, existem cerca de 5.600 rinocerontes-negros. Mesmo que a população esteja em crescimento, a espécie ainda não está fora de perigo.

De acordo com a CNN, o líder do Projeto de Expansão de Rinocerontes-Negros do World Wildlife Fund (WWF), Jacques Flamand, afirma que os rinocerontes "dependem da densidade". Mover os animais é melhor para a espécie, pois se houverem muitos deles em uma área seu número diminuirá. E a prática também ajuda a diversificar a genética da espécie.

“Não queremos que um rinoceronte-negro acasale com sua filha ou mãe, o que na natureza seria improvável devido à emigração de machos, mas nas reservas cercadas é um risco real”, disse Flamand à CNN.​

Conservacionistas preferem o transporte aéreo e de cabeça para baixo por ser mais rápido, fácil e econômico do que a opção de deitar os animais em uma maca para o transporte aéreo. Porém ainda não eram claros os efeitos de como ser invertido afeta os rinocerontes.

Para descobrir isso, uma equipe de pesquisa de medicina veterinária da Cornell's College, em Nova York, examinou a prática a pedido do governo da Namíbia. Os resultados do estudo foram publicados em janeiro deste ano.

"A gente previa que seria pior para os rinocerontes serem pendurados de ponta-cabeça", conta Robin Radcliffe, professor de medicina e conservação da vida selvagem. Porém o que aconteceu foi o contrário. A pesquisa mostrou que voar de cabeça para baixo é a melhor opção para a saúde da espécie.

A Namíbia contém cerca de um terço dos rinocerontes-negros (Diceros Bicornis) da África, que é uma das espécies mais encontradas no continente. Desde 2015, a equipe de Cornell suspendeu 12 dos animais de cabeça para baixo em um guindaste e os colocou deitados de lado para a comparação.

Os pesquisadores analisaram biomarcadores de respiração e ventilação, assim descobrindo que, os animais que pesam entre 802 e 1.230 quilos, tinham níveis mais altos de oxigênio no sangue quando ficavam de cabeça para baixo.

O professor diz que a posição permite que a coluna se estique e abra as vias respiratórias. Além disso, quando deitados os rinocerontes tem um "espaço morto" maior, que se refere a quantidade de ar da respiração que não traz oxigênio para o corpo.

Para o futuro, o transporte aéreo de rinocerontes pode ser mais comum. Muitos animais estão sendo movidos para áreas mais acidentadas e inacessíveis, como a região de Kunene, na Namíbia. Em 2020, a caça furtiva dos animais teve uma queda de 40% em relação à 2019.

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