Lontras mostram os filhotes quando estão em perigo? Especialista explica comportamentos desse pet

Quem é fascinado pelo mundo animal já deve ter escutado a história que as lontras mostram os filhotes quando estão em perigo diante de um possível predador. Alguns dizem que a intenção delas é que os predadores sintam compaixão, outros afirmam que é instinto de sobrevivência, dar o filhote para ser predado enquanto elas fogem. Mas isso é verdade?

Em entrevista ao BNEWS PET, o biólogo e professor, Esaú Franco, esclareceu essa "fofoca" envolvendo esses mamíferos que embora sejam fofos, e sempre apareçam domesticados em nossa timeline nas redes sociais, sua criação como pet no Brasil é proibida, diferentemente de outros países.

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Segundo o especialista, há algumas situações onde elas não são muito responsáveis com a cria. "O que se sabe é que pode haver o abandono dos filhotes em resposta à baixa disponibilidade de alimentos, doença do filhote, ou perturbação da toca", disse.

Além disso, o biólogo destacou que cuidar dos filhos é uma atividade desgastante, fazendo os animais tomarem algumas decisões em prol da própria sobrevivência:  "Vale destacar que o cuidado parental é um gasto energético muito grande, pois é preciso amamentar e criar tocas com o intuito de proteger seus filhotes. Sendo assim, quando se tem essa limitação do ambiente, os animais investem na sua sobrevivência".

Aí, surge o contexto onde esse tipo de animal pode deixar os seus filhotes "na mão", podendo gerar até dúvidas se as lontras são ou não agressivas com seus filhotes. Mas, Franco reforçou que isso depende do ambiente nos quais elas estão inseridas, e da quantidade de alimentos que conseguem obter.

"O comportamento de agressividade com os filhotes pode ser mais frequente quando o meio que os indivíduos estão inseridos tem pouco recurso alimentar ou tem muita ação de predadores. Vale destacar que, quando o ambiente tem condições ideais para sobrevivência, as lontras investem muito no cuidado dos seus filhotes", afirmou.

Segundo o especialista, o cuidado com os filhotes varia muito entre duas espécies, sendo elas Lontra longicaudis e a Pteronura, uma delas é ‘mãe solteira’ e a outra tem a companhia do pai para a proteção de seus filhos, respectivamente.

“A Lontra Longicaudis é solitária. Pode ser vista ao par em período reprodutivo ou quando fêmeas e seus filhotes”.  Além disso, ele explicou que nessa espécie, o macho tende a copular com várias fêmeas, o que acaba gerando uma responsabilidade maior para as mães, na criação de seus filhos. 

O especialista ainda detalhou a diferença das duas espécies: “A Pteronura Brasiliensis é o oposto da Longicaudis. A espécie Pteronura brasiliensis são vistos em grupos familiares (macho, fêmea e seus filhotes). Por viver em grupo, já se tem um compartilhamento de atividades, ou seja, os pais ajudam na criação de seus filhos”.

Ainda assim você quer criar esse animal como pet? Franco também explicou como funciona essa convivência com as lontras no Brasil. “A criação de animais silvestres sempre foi muito polêmica. O ser humano tem hábito de transferir suas emoções para os animais, mas os animais podem expressar as emoções de outra forma. As lontras, apesar de serem fofas, têm comportamentos naturais que envolvem a agressividade. Sendo assim, o indivíduo quando chega na fase adulta pode apresentar alguns comportamentos naturais que podem ser aversivos para os seres humanos”.

No Brasil, a compra de lontras é totalmente proibida pela lei e pode acarretar multas e penas consideráveis, se a lontra for mantida em cativeiro.

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