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Monica Benicio, viúva de Marielle, será candidata a vereadora no RJ

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A decisão foi tomada depois de dois anos e cinco meses após o assassinato de Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Instagram

Publicado em 31/08/2020, às 14h18   Redação BNews



A arquiteta Monica Benicio, de 34 anos, que foi companheira da vereadora Marielle Franco, resolveu concorrer a uma das cadeiras da Câmara Municipal do Rio de Janeiro pelo PSOL. A decisão foi tomada depois de dois anos e cinco meses após o assassinato de Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes.

"Acho importante que essa percepção de legado de Marielle seja colocada como algo coletivo. A Marielle se torna símbolo de representatividade, de resistência e de esperança porque mulheres e a sociedade se aliaram às pautas dela", disse. 

Monica disse em entrevista ao Universa, do UOL, que não teme eventuais ameaças contra a sua vida e que sua candidatura também é uma afronta ao que chama de fascismo que ronda o cenário político atual. Ela tem medidas de proteção concedidas após pedido na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, órgão vinculado à Organização dos Estados Americanos. Para ela, o que a move é a dor. 

"Confesso que essa foi uma virada de chave não desejada nem projetada por mim. Estou há dois anos e cinco meses num processo de luta, num luto muito duro, e pensava que não conseguiria avançar justamente por ficar o tempo inteiro revirando histórias e memórias, seja para pedir justiça, seja para não deixar o assunto morrer. Confesso que, no campo pessoal, não é uma tarefa fácil, porque tem muito gatilho. Mas fui conversando com algumas pessoas, e toda solidariedade veio me compondo. Eu me senti quase com a responsabilidade de assumir esse meu lugar. Já fazia o debate político desde sempre e fui percebendo o quão importante é a gente ter hoje corpos que sofrem opressões estruturais inseridos no debate político que expulsa os corpos como o que o da Marielle simbolizava", afirmou. 

Segundo Monica, entre suas principais bandeiras estão a violência contra as mulheres e a população LGBTQI. "Minha relação propositiva para a cidade vai além da minha vida acadêmica. Ela vem da minha experiência enquanto mulher favelada. O principal projeto de qualquer pessoa que se torne parlamentar deve ser o de uma cidade inclusiva, para que todos os corpos possam experimentar de forma plena, segura e igualitária, para que as mulheres sejam tratadas com segurança. Que elas tenham acesso às creches, à saúde, à vida. Uma política que seja fundamental para reduzir a violência contra as mulheres, e isso e já era meu compromisso na militância".

Na entrevista ela comentou se continuará o legado de Marielle. "É importante essa percepção do legado de Marielle ser colocada de forma coletiva. Ela se torna símbolo de representatividade e esperança porque mulheres e a sociedade se aliaram às pautas dela. Não aceitam a barbárie e estão lutando pela democracia. Ela tinha no seu corpo e história de vida todas as pautas que defendia: da mulher negra, da favela, que foi mãe jovem e estava em um relacionamento lésbico. Sou uma mulher branca, favelada, tenho as minhas questões, mas não falo desse lugar da mulher negra, que é uma pauta muito cara pra gente, por ser a mais vulnerável dentro da sociedade. E se a gente ocupar aquela Casa, a ideia é levar esse debate".

Monica ainda cobrou o desfecho dos assassinatos de Marielle e Anderson. "Estou num país onde não precisa de provas, basta convicção. Minha convicção diz que, a cada dia que acordo, estamos mais perto de chegar a esse resultado, que é uma pequena parte do todo. O Estado brasileiro deve respostas sobre quem mandou matar Marielle e por que, não só à sociedade, mas ao mundo".


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