Cidades

Desmatamento por causa do metrô na Paralela intriga a população

Publicado em 15/09/2015, às 14h00   Redação BNews


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O desmatamento da vegetação no canteiro central da Avenida Luís Viana, a Paralela, em Salvador, despertou a atenção de leitores do Bocão News que entraram em contato com a reportagem. “Eu passo pela Paralela todos os dias e é horrível ver o quanto estão destruindo a Paralela que vem perdendo boa parte do verde para as construções nas proximidades”, conta o administrador Paulo Cerqueira. A autônoma Regianne Amoreira também ficou surpresa com a nova paisagem. “Espero que após construção do metrô eles pelo menos plantem novas árvores. Basta de tanto concreto na Paralela”. 
No canteiro central, a prefeitura e o governo executam as obras do metrô. De acordo com informações da Companhia de Transportes da Bahia (CTB), órgão ligado a Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Sedur), na Avenida Paralela, o metrô irá passar pelo canteiro central e ficará, praticamente, no mesmo nível da pista. Na Lagoa do Imbuí, o metrô passará em pilares, mas no nível da própria avenida.
Ao Bocão News, a CCR Metrô Bahia, concessionária responsável pela construção e operação do Sistema Metroviário de Salvador e Lauro de Freitas, informou que a licença ambiental, Nº 9008/2014, do canteiro da Paralela, que tem 16 metros de largura, foi expedida pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) no dia 24 de dezembro de 2014.
Ainda de acordo com a concessionária, o trabalho é acompanhado por engenheiros ambientais e não pretende mudar a topografia do local, além disso, para cada árvore derrubada, haverá o replantio de outras cinco, chegando ao final da obra com 6.700 árvores, número, segunda a empresa, três vezes maior do que existe hoje. Os cuidados paisagísticos com a preservação vegetal do local estão assegurados em um Termo de Compromisso celebrado com a prefeitura de Salvador, segundo a CCR. A empresa ressalta também que o projeto paisagístico prevê a preservação das lagoas.
Em um dos trechos da Avenida, próximo do Shopping Paralela, a Secretaria Municipal de Manutenção (Seman) iniciou uma obra de microdrenagem, que hoje são executadas pela Superintendência de Conservação e Obras Públicas do Salvador (Sucop).
Em contato com o Bocão News, o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), o deputado Marcell Moraes (PV), criticou a destruição de inúmeras árvores, dentre outros impactos ambientais. 
"A Paralela, há 15 anos, tinha quase o dobro da Mata Atlântica existente hoje devido ao crescimento desordenado deste lado da cidade, e agora mais este crime ambiental. Estão acostumados a fazer o mais fácil, o mais conveniente. Querem dar respostas a curto prazo sem pensar na qualidade de vida das pessoas. Todos os metrôs que conheço são subterrâneos e, aqui, este elefante branco poluindo visualmente toda a cidade e desmatando tudo pela frente. Sem contar que, muitas vezes, acaba-se gastando mais, como vimos na primeira etapa do metrô calças curtas. Não adianta crescer sem consenso, destruindo o pouco de Mata Atlântica que ainda resta em Salvador. A Paralela deveria ser uma avenida do futuro, arborizada, com jardins e paisagismo", afirmou Marcell Moraes defendendo a modificação do projeto.
O deputado, que também é ambientalista há 16 anos, destacou ainda que a insatisfação está generalizada entre os que defendem a causa. "Não só sou eu, todos os ambientalistas que conheço estão revoltados com esse absurdo. Defendemos a preservação da Paralela", concluiu.
A reportagem entrou em contato com a assessoria do Inema, mas até o fechamento dessa reportagem não obteve retorno.

Classificação Indicativa: Livre

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