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Bahia tem maior aumento da desigualdade salarial no país em 2017, segundo IBGE

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Desigualdade foi puxada pelo forte aumento verificado nos rendimentos dos que ganham mais   |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 11/04/2018, às 18h44   Redação BNews



A Bahia foi o estado brasileiro em que mais cresceu a desigualdade nos rendimentos efetivamente recebidos por todos os trabalhos, entre 2016 e 2017. Segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgados nesta quarta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a desigualdade foi puxada, sobretudo, pelo forte aumento verificado nos rendimentos dos que ganham mais. 

O movimento foi em sentido contrário ao do país como um todo, onde a distância entre os que ganham mais e os que ganham menos se manteve relativamente estável no período, com uma pequena redução. 

O salário médio real, quando é descontada a inflação, da metade dos trabalhadores que ganhavam menos na Bahia caiu de R$ 472 para R$ 444 (-5,9%), enquanto o rendimento médio de trabalho dos 10% de trabalhadores com maiores salários aumentou 31,7%, passando de R$ 5.946 para R$ 7.833.  

Assim, a distância entre o 10% de trabalhadores com os maiores rendimentos e a metade dos trabalhadores com menores rendimentos teve o maior aumento do país: cresceu 40,0%, enquanto, na média nacional, houve uma relativa estabilidade, marcada por uma pequena redução de -0,50%.  

Os trabalhadores com maiores rendimentos ganhavam, em média, 18 vezes o salário da metade dos trabalhadores que ganhavam menos. Essa diferença havia sido de 13 vezes em 2016. No país como um todo, a distância permaneceu em 12 vezes de um ano para o outro.

Com a desigualdade salarial, a Bahia passou a liderar o ranking, segundo o Índice de Gini, que mede a desigualdade numa distribuição qualquer e vai de 0 a 1, sendo mais desigual quanto mais próximo de 1.  

No ano passado, o estado teve o maior Índice de Gini (ou a maior desigualdade) do país para os rendimentos de trabalho efetivamente recebidos: 0,599, com um aumento frente a 2016 (quando havia sido de 0,537) e acima da média nacional, que foi de 0,524 em 2017 e 0,525 em 2016 – ou seja, manteve-se estável com uma leve tendência de queda. 

Mesmo com aumento de 7,6% , o rendimento domiciliar per capita na Bahia não chega ao salário mínimo em 2017, que passou de R$ 803 em 2016 para R$ 864.

Rendimento de trabalho aumenta mais para homens, brancos e idosos

Entre 2016 e 2017, o aumento do rendimento efetivamente recebido por todos os trabalhos na Bahia foi maior para os homens (+17,2%) do que para as mulheres (+6,2%); para os brancos (+38,7%) do que para os pardos (+5,7%) e pretos (-1,6%); e para as pessoas de 60 anos ou mais de idade (idosos) que ainda trabalhavam (+46,9%) do que para as demais faixas etárias tradicionalmente associadas ao mercado de trabalho, como pessoas entre 25 e 29 anos de idade (+21,2%), 30 a 39 anos (+9,2%) e 40 a 49 anos (+17,5%). 

A pesquisa revelou que em 2017 houve uma acentuada desigualdades já existentes, sobretudo por sexo e cor ou raça. As mulheres baianas que trabalhavam recebiam em média o equivalente a 85,0% do salário dos homens, um ano depois passaram a receber 77,0%. Em 2016, o rendimento médio dos pardos era 73,1% o dos brancos e passou a 55,7% em 2017; já o dos negros equivalia a 69,0% dos brancos em 2016 e passou a representar, em média, menos da metade (48,9%) em 2017.

Bolsa Família

Na Bahia, 27,9% dos domicílios recebiam Bolsa Família em 2017, o que representava pouco mais de 1 em cada 4 residências. Era o oitavo maior percentual entre os estados e praticamente o dobro da média nacional: no Brasil, em 2017, 13,7% dos domicílios eram beneficiados pelo programa. 

Os 1,4 milhão de domicílios beneficiados pelo Bolsa Família em 2017 no estado tinham, em média, mais moradores (4,6) do que aqueles não atendidos (3,3) e um rendimento domiciliar per capita de R$ 280, ou quase 1/4 do rendimento daqueles não atendidos pelo programa (R$ 1.189).  

Em relação a 2016, 28,8% das residências na Bahia recebiam Bolsa Família, e o percentual de atendimento do programa caiu um pouco no estado (menos 37.904 domicílios). No país também houve uma pequena redução no percentual de domicílios atendidos (era 14,3% em 2016), o que representou menos 326 mil domicílios beneficiados. 

Classificação Indicativa: Livre

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