Cidades

De quem é a culpa? Passageiros e rodoviários reclamam de baratas e sujeira em ônibus de Salvador

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Vídeo mostra baratas passeando por acentos de prioridade dos coletivos   |   Bnews - Divulgação Arquivo BNews

Publicado em 14/05/2018, às 18h42   Brenda Ferreira


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Um dos principais meios de transporte utilizado pelos soteropolitanos, atualmente, deixa a desejar no quesito limpeza. No início do mês de maio, a reportagem do BNews flagrou um grupo de baratas passeando por um ônibus, na capital baiana. (Veja vídeo abaixo).

As pragas estavam concentradas próximas aos bancos reservados para pessoas com prioridade. Na ocasião, uma idosa queria sentar no espaço e chegou a reclamar com o cobrador, que brincou: cuidado para elas não levarem sua bolsa. Além disso, o rodoviário disse à senhora que deixou de levar sua mochila por causa da sujeira concentrada no veículo.

A reportagem ouviu alguns usuários sobre as atuais condições de limpeza do transporte público e constatou que na maioria das respostas à insatisfação é clara e, baratas e sujeira são recorrentes nos coletivos.

"Já estive em várias situações em que vi baratas e outros insetos dentro dos ônibus. Principalmente nos Barras, via Itaigara. Recentemente, mais precisamente no mês de abril, com a chuva intensa em Salvador, além da água que estava ficando dentro dos ônibus, ela se juntava com a sujeira e formava lama", relatou a jornalista Caroline Silva.

Um passageiro, que é designer e não quis se identificar, disse que "é a junção de diversos fatores". "Tem o fator do mau cuidado da empresa e tem o do descuido dos passageiros, porque eles mesmos sujam os próprios coletivos. Então, como é que você pode cobrar uma coisa se você não contribui para a melhora da mesma?", questionou.

Já o estudante Bruno Santos, 19 anos, contou que já viu pragas na nova linha Imbuí – Arvoredo. "Esse fim de semana, por exemplo, eu não vi. Porque, além disso, os ônibus estão sempre lotados de gente".

"Não tem a manutenção dos ônibus. Além disso, a sujeira interna da população, que não cuida. O pessoal vê o vidro bonitinho e acha que pode colar um cartaz. Sem falar que nem lixeira tem nos ônibus. Um ou outro que tem, mas ninguém joga, todo mundo coloca naquela lateral da janela", pontuou Tassio Carvalho, estudante de design gráfico.

Os usuários também foram questionados sobre quais soluções poderiam ser eficazes para melhorar as condições dos ônibus de Salvador.

Caroline Silva disse que não há preocupação com lixeiras dentro dos coletivos. "É muito raro ver um ônibus que tenha. Além disso, deveria ter mais incentivo, por meio de propagandas visuais, formas que os passageiros possam contribuir para os cuidados dos coletivos, como não jogar lixo em qualquer lugar”.

O designer concordou com a opinião da jornalista Caroline e contou que a solução poderia ser uma ou mais campanhas de incentivo para a preservação. "Acho que deveriam colar cartazes para que as pessoas diariamente estejam lendo e entendendo que sujando o ônibus estão sujando o seu meio de transporte".

"Uma das soluções mais básicas seria gerar subempregos para limpeza dos coletivos e uma limpeza mais regular, ou aumentar o número de vagas para pessoas que limpam. Seria uma outra solução pra gerar mais empregos pra quem é de baixa renda e/ou baixa escolaridade", sugeriu o estudante Bruno Santos.

Ele ainda argumentou: aumentar a frota para que possa intercalar as limpezas do coletivo, assim tendo transportes limpos, uma quantidade maior de ônibus e uma limpeza mais constante e efetiva. "Mas tudo isso é utopia já que vai ser extremamente difícil por uma série de fatores”, criticou.  

A CATEGORIA FALA

Se para quem passa no máximo uma hora dentro de cada coletivo a situação já está crítica, pior é para quem trabalha neste local. Um cobrador da Integra Salvador, que preferiu não ter a identidade revelada, contou que o serviço de limpeza precisa melhorar e que a categoria não é bem atendida.

Questionado sobre as baratas, o rodoviário disse que vê as pragas diariamente no seu ambiente de trabalho. "Muitas pessoas comem, deixam restos de alimentos e isso influencia e muito para o aumento das baratas no ônibus".

Além de pedir que os passageiros não deixem restos de comidas no coletivo, o cobrador sugeriu que "tem que ter uma supervisão na chegada e saída das garagens".

O diretor de Comunicação do Sindicato dos Rodoviários no Estado da Bahia, Daniel Mota, também conversou com o BNews. "As empresas precisam fazer uma avaliação das contratantes. Porque a gente percebe que cada dia que passa, aumenta o número de barata nos veículos. A pergunta é: será que esses produtos estão sendo usados efetivamente para eliminar esses insetos?”

Mota garantiu que as empresas limpam os coletivos diariamente, mas que a população precisa colaborar. "Não pode ficar jogando resto de maçã, chiclete... porque por exemplo: bota o produto agora. Elas [as baratas] não morrem de imediato".

"Mas para dedetizar tem que ser um produto mais forte. Porque não elimina as baratinhas. Elas sobrevivem. E quero pedir também o apoio da população", concluiu Daniel Mota.

Edmilson Santos, diretor do sindicato, reconheceu que as empresas não dispõem de lixeira em alguns coletivos, "mas já que não tem, a população tem que ajudar. Cada um deveria pegar seu resto e colocar no recipiente adequado", sugeriu o representante da categoria.

A SECRETARIA DE MOBILIDADE DE SALVADOR

A Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) foi questionada pelo BNews sobre a periodicidade da limpeza, como é feito o controle e se a secretaria já tem ou pensa em promover algum tipo de campanha para conscientização da população, porém, a pasta apenas informou que são feitas dedetizações periódicas nos ônibus, quando, também, o veneno que extermina esses insetos é reforçado. Mas, como esses veículos frequentam locais insalubres, às vezes há uma necessidade de reforçar a aplicação do veneno em menor tempo que o previsto. 

Além disso, a Semob, através da Coordenadoria de Fiscalização e Administração de Transporte (Cofat), garantiu, em nota de esclarecimento, que realiza fiscalização e vistoria nos veículos, sendo elas programadas ou eventuais, as quais, identificando algum veículo com infestação de insetos (baratas), o ônibus fica retido e não sai para operação de condução dos usuários do sistema de transportes, retornando em operação após exterminado a infestação.

"Lembramos também que a cultura do usuário de jogar o lixo nos veículos contribui para proliferação dos insetos indesejados", finalizou a nota.

Classificação Indicativa: Livre

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