População protesta após mineradora doar robô aos EUA e deixar escola fechar em Brumado

A doação de um robô de quase R$ 16 mil a uma escola nos Estados Unidos pela RHI Magnesita, exploradora de uma grande reserva de magnesita em Brumado, no Sudoeste da Bahia, não foi bem avaliada pela população local e pelo prefeito Eduardo Vasconcelos (PSB).

O comunicado foi feito pela companhia por meio de seu perfil no Facebook. A tecnologia foi doada para o Distrito Escolar de Conewago Valley e será instalada no novo Centro de Carreira e Tecnologia da New Oxford High School. O robô é usado para paletização e a escola americana o programará para fazer exercícios em laboratório.

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“Os alunos que participam do processo educacional estarão preparados de maneira exclusiva para ingressar na força de trabalho com conhecimentos, habilidades e habilidades valiosos. Estamos orgulhosos de apoiar nossas comunidades locais a impactar o futuro da força de trabalho dos Estados Unidos”, informou a empresa.

Logo após a publicação, moradores da localidade protestaram por meio das redes sociais. O fato também foi repercutido pela imprensa local. A comunidade lembrou que a Escola Municipal Suzana Maria Guimarães, construída em terreno da empresa, terá que encerrar as atividades pois a mineradora se recusou a reformar e ampliar a unidade educacional. Agora, os alunos terão que ser transferidos para outras escolas do município. 

Ao BNews, o prefeito explicou a situação. “O Município não pode investir dinheiro público em propriedade privada. Ficamos impedidos de transformar a escola em integral. Fiz um ofício para empresa, mas ninguém deu retorno. Nós vamos ter que fechar e teremos que tirar a escola lá de dentro. Essa empresa já foi uma empresa cidadã”, reclama.

Vasconcelos também disse que desde que mudou a direção, a companhia deixou de ser “humana”. Em outubro de 2016, a Magnesita anunciou a fusão com austríaca RHI, resultando na RHI Magnesita, estabelecida na Holanda e listada na Bolsa de Londres. A transação foi feita por meio da compra de uma participação de pelo menos 50% da empresa brasileira.

“Ela chegou a ser conhecida como ‘mãezita’ e se transformou em ‘madrasita’. Quando era administrada pela família brasileira ela era bem mais humana, reconhecia que o povo de Brumado era o verdadeiro dono do minério. A gente tinha uma expectativa que a empresa estrangeira fosse melhorar ainda mais, mas foi um grande engano”, protesta.

Outro lado
A reportagem tentou contato com a assessoria da empresa, mas não teve nenhum retorno. Atualmente, a RHI Magnesita contribui com o município com o pagamento dos impostos e royalties da mineração.