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Dia da Mentira: Candeias promete e não começa aulas no dia 1º

Gilberto Jr.
Prefeitura prometeu início das aulas para esta segunda (1), mas não cumpriu e escolas estão fechadas  |   Bnews - Divulgação Gilberto Jr.

Publicado em 02/04/2013, às 08h42   Lucas Esteves (Twitter: @lucasesteves)


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A cultura mundial indica que o dia 1º de abril é o Dia da Mentira. Em Candeias, cidade da Região metropolitana de Salvador, a prefeitura anunciou que por conta de obras necessárias nas escolas, as aulas da rede Municipal teriam início em 1º de abril. Porém, como se pregasse uma peça na população, o poder público não cumpriu a promessa e deixou a cidade com a sensação de que caiu em uma das desagradáveis brincadeiras que se faz neste dia.
De acordo com o prefeito Sargento Francisco (PMDB), as aulas, que deveriam começar em fevereiro, seriam adiadas para esta segunda devido a reformas necessárias em todas as escolas da cidade. Entretanto, após meses de trabalhos, nenhuma das unidades educacionais ficou pronta e não há data prevista para o início do ano letivo. A vereadora Maria Rita (PR), conhecida como Rita Loira, percorreu todas as escolasde Candeias ao longo do dia e afirmou ter atestado que não há nenhuma condição das estruturas abrigarem alunos e professores.
Ela conta que a lentidão nas intervenções estruturais nos colégios municipais ocorre por omissão do poder público, que não teria pago os valores do contrato com a empresa LF Engenharia e Consultoria. De acordo com o Diário Oficial do Município, a LF venceu licitação no dia 19 de fevereiro e deveria receber cerca de R$ 10,65 milhões para fazer reformas de escolas municipais e de postos de saúde e hospitais na cidade.
Logo após, a LF terceirizou as intervenções junto a outras construtoras que, de acordo com os opositores da prefeitura, não teriam recebido os repasses de pagamentos do grupo. As informações são de que a situação é a mesma desde meados do mês passado. A situação chegou a ponto tal que os responsáveis pelas obras decidiram parar totalmente os trabalhos até que o dinheiro fosse pago, o que não aconteceu.
Segundo Rita Loira, as obras têm aspecto de baixa qualidade e a arrecadação mensal da cidade de mais de R$ 15 milhões não justifica os supostos calotes. Ela alega que se reunirá com advogados para saber em que instâncias poderão acionar a Prefeitura de Candeias pela responsabilidade em manter os alunos fora da escola, desrespeitando a Lei de Diretrizes e Bases, que obriga um ano letivo de no mínimo 200 dias de aula.
“É um absurdo. Não é justo que a população de Candeias passe por isso. Nós já estamos com uma saúde péssima, na UTI. As mulheres de Candeias não parem na cidade por conta da falta de um hospital digno. E agora nós não temos nem sequer educação? A prefeitura tem muito o que explicar”, bradou a parlamentar, que pretende procurar as instâncias judiciais até o final da semana. “Vou fazer o que for preciso, vou até onde for para buscar as responsabilidades por isto”.
Rita Loira reclamou também do fato de o prefeito estar em seu nono mês à frente do cargo – assumiu após a cassação de Maria Maia (PMDB) no ano passado e se elegeu em outubro -, mas decidiu reformar as escolas apenas às vésperas do início das aulas. A republicana afirma que, em vez de resolver os problemas mais urgentes, Sargento Francisco preferiu gastar, com dispensa de licitação, cerca de R$ 3 milhões com contratação de assessorias e advogados, além de outro valor quase idêntico com fogos de artificio, flores, palco, som e banheiros químicos para patrocinar festejos até o final do ano.

O prefeito Sargento francisco foi procurado pela reportagem para explicar o problema do atraso nas obras e nas aulas, mas não atendeu às ligações telefônicas.

Nota originalmente publicada no dia 1º de abril às 18h02

Classificação Indicativa: Livre

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