Cidades

Briga de “cachorro grande” em São Francisco

Publicado em 11/02/2011, às 07h52   Daniel Pinto


FacebookTwitterWhatsApp


O clima é de guerra na Câmara Municipal de São Francisco do Conde, na Região Metropolitana de Salvador. Desde o final do ano passado, duas tendências travam uma verdadeira guerra por conta do controle no Poder Legislativo. De um lado, o ex-presidente Mário Nogueira (PT). Do outro, o atual, Carlos Alberto Bispo Cruz (DEM), mais conhecido como Nem do Caípe.

O democrata garante que assumiu o cargo de forma legítima e que o ex-presidente, por não aceitar a derrota, passou a boicotar a gestão. “Ele criou um clima horrível na cidade. No dia da eleição, tivemos até que pedir reforço à polícia. Depois disso, a nova Mesa Diretora não encontrou nenhum documento da Câmara, os contratos sumiram e até os carros oficiais foram entregues na concessionária”, revela o vereador.

Além disso, Nem do Caípe sustenta que seu antecessor se esforça para evitar uma auditoria nas contas de 2009 e 2010. “Tudo isso é porque ele não quer que a atual gestão investigue os contratos dos dois últimos anos”.

Os comentários nos bastidores são de que no período em que Mário Nogueira esteve à frente da Câmara houve um rombo de mais de R$ 5 milhões.

O petista nega a acusação e diz que nunca ouviu falar em auditoria. “Irregularidades? Minhas contas foram aprovadas pelo Tribunal de Contas. Meus contratos venceram em 31 de dezembro do ano passado. Não poderia descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Estou aqui para ajudar e nunca vou me opor a nada que tente trazer mais transparência à administração pública. Olha, ninguém nunca falou em investigação. Não existe essa história de boicote. É tudo intriga”, dispara.

Nogueira contesta na Justiça o processo que consagrou Nem do Caípe como chefe do Legislativo de São Francisco do Conde. Por conta disso, ele não deu mais detalhes do caso a reportagem do Bocão News. “Está nas mãos do Judiciário”, desconversa.

Tiro no pé – Na tarde desta quinta (10), este site conversou por um longo tempo com a prefeita de São Francisco do Conde, Rilza Valetim (PT). O objetivo foi entender como ela acompanha o processo de disputa na Câmara e como a instabilidade política afeta a administração local. A prefeita revela certa ansiedade, mas diz que, por enquanto, o governo não foi afetado.

“Sempre tive uma boa relação com a Câmara. O ex-presidente é do meu partido e o atual apoiou minha candidatura. Ele não subiu no palanque porque é do DEM, mas sempre esteve conosco. Portanto, espero que haja um acordo pacífico e que a cidade não seja prejudicada. Até o momento, isso não aconteceu. Graças a Deus, nos dois últimos anos conseguimos aprovar todos os projetos do Executivo por unanimidade”, disse.


Rilza Valetim (foto) diz que não pretende interferir no processo. “Esse é um problema dos vereadores. Sempre respeitei a autonomia da Câmara. Nós, da prefeitura, não podemos participar nem dar palpites. Só espero que tudo seja resolvido o quanto antes, pelo bem da cidade”.

Ela também nega que tenha preferência entre os dois que disputam o poder. “Como te disse, temos o apoio total da Casa. Seja quem for, o importante é que continue ajudando o município. Tudo o que é feito por nós é pelo bem de São Francisco. Quem for contra, acaba dando um tiro no próprio pé”, sentencia a petista.

Não há oposição - A segurança de Rilza Valentim é de quem tem o apoio de todos os nove vereadores da cidade. Isso fica explícito após uma conversa rápida com Mário Nogueira (PT) e Nem do Caípe (DEM). Os dois são os pivôs da briga de “cachorro grande” no município mais rico da Região Metropolitana. Mesmo assim, fazem parte da base de sustentação do governo.

A disputa é estritamente pelo controle do Poder Legislativo. Entretanto, se não houver acordo entre as partes, o caso ficará refém da “agilidade” da Justiça baiana.  Aí, é esperar sentado.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp