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Facções criminosas aterrorizam Cachoeira e expulsam famílias da região

Imagem  Facções criminosas aterrorizam Cachoeira e expulsam famílias da região
Delegado conversou com o Bocão News e afirmou que solução somente com Base Militar  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 16/05/2014, às 07h47   Caroline Gois (twitter: @goiscarol)



Conhecida por suas manifestações culturais e histórico que valoriza o Recôncavo Baiano, a cidade de Cachoeira, localizada a 110 km de Salvador, virou mais um palco para a violência que assola o interior da Bahia. A reportagem recebeu no início desta semana denúncias sobre a existência de facções que estão comandando o crime na pequena cidade, com pouco mais de 34 mil habitantes.
O site Bocão News procurou o delegado responsável pela cidade, André Alves, que confirmou a denúncia e fez graves revelações sobre a realidade dos moradores deste município. "A violência de um modo geral cresceu. Hoje aqui existe o tráfico de drogas e está fora de controle", afirmou Alves, ressaltando que Cachoeira nunca foi uma cidade tranquilia. "Eu já via Cahoeira nas manchetes. O problema da violência aqui é antigo e terrível", afirmou, estando à frente da DP há dois anos. 
Segundo o delegado, uma das facções surgiu na Ladeira da Cadeia e "eles cooptaram menores. Eram cerca de 15 garotos em média e o grupo ficou conhecido como Facção Mico e Bola", relatou. De acordo com André Alves, o líder da facção, Mico, morreu em troca de tiros com a polícia. "Ele era o cabeça e comandava a facção que começou a traficar e asssaltar transeuntes - todos que iam comprar alguma coisa e  circulavam de uma região para outra, passando pela cidade. Eles (os chefes) foram revelados e foi feito o pedido de prisão preventiva. Mas, eles tinham o apoio da comunidade local. Cada dia ficavam em uma casa diferente. Mas, no dia 30 de abril deste ano estávamos com uma operação deflagrada na região e tínhamos informação de onde eles poderiam estar. Fechamos uma rua com mais de dez casas e Mico estava em uma delas. Ele reagiu e usamos o meio legal para intervenção policial. Daí Mico foi baleado e veio a óbito", contou.
Entretanto, após a morte de Mico, a facção foi desestruturada e como revelia começaram a perseguir e expulsar populares que moravam na região da Ladeira da Cadeia. "11 famílias foram expulsas em função da morte de Mico como represália", afirmou. Conforme o delegado, a Polícia Militar, Civil e Petros dão suporte na segurança da cidade, porém, há déficit na estrutura que a delegacia possui. "O suporte é mínimo. Temos um Gol que não é viatura e tenho quatro policiais. Recebo o apoio da coordenadoria e apoio das polícias da região", amenizou.
Quando questionado sobre qual pode ser a solução para controlar o tráfico de drogas na cidade, André Alves aposta na implantação de uma Base Militar. "Não vejo outra solução porque quando a polícia sai eles (os ladrões) retornam e conhecem toda a região, o que dificulta a captura", pontuou.
A proposta da construção de uma base em Cachoeira já foi levada até o Comando Geral, conforme afirmou o delegado. A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP) e solicitou via e-mail, conforme sugerido pelo órgão, informações sobre projetos voltados para a segurança no município, bem como, possível instalação da unidade. Até o fechamento desta matéria nenhuma resposta foi enviada. "Nossa delegacia é 24 horas e os plantões também são com atendimento emergencial de ocorrências. Hoje, os homicídios estão sob controle", analisou o delegado, revelando que há uma outra facção "que não está incomodando muito e comanda a região do Virador". 
No site da SSP a reportagem conseguiu ter acesso às estatísticas da violência em Cachoeira dos quais estavam disponibilizados este ano os meses de janeiro, fevereiro e março. Neste período foram regitrados três homicídios - um por mês - sendo que em fevereiro o óbito veio após lesão corporal grave.
Em outubro do ano passado, a SSP emitiu nota sobre o índice de violência da cidade e revelou que a Delegacia Territorial registrou uma redução de 66% no número de homicídios nos primeiros seis meses de 2013, em comparação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a junho de 2012, seis homicídios foram notificados naquela unidade policial contra duas mortes neste ano, sendo a maioria delas ligada ao tráfico de drogas.
"Hoje houve uma elevação no número de assaltos. Mas, se agravou durante a última greve da PM que foi de três, quatro por dia. Esta semana, por enquanto, está tranquila", comemorou o delegado. 

Nota originalmente publicada às 12h20 do dia 15/05

Classificação Indicativa: Livre

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