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Na Sombra do Poder: O vice Ferragamo

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Os bastidores da política baiana  |   Bnews - Divulgação Reprodução/ Redes sociais

Publicado em 25/07/2019, às 05h00   Editoria de Política


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O vice Ferragamo

Os poucos afortunados que podem desfrutar do luxo de uma peça da marca italiana Salvatore Ferragamo sabem o valor da grife. Rodando pela periferia de Salvador, em busca de um lugar ao sol, o vice-prefeito Bruno Reis (DEM) tem desfilado com suas camisas Ricardo Almeida e, agora, com o cinto de couro legítimo da Salvatore Ferragamo. Pesquisas da Na Sombra do Poder mostraram que os cintos da marca ultrapassam a bagatela de R$ 3 mil e não vendem em nenhuma loja do pobre estado baiano. Todo grifado, é sinal de que o vice anda muito bem.

Tapa de luva

Repercutiu entre figuras do setor público de saúde o encontro entre os secretários do município e do Estado, Leo Prates (DEM) e Fábio Villas-Boas, respectivamente. Para alguns, a iniciativa foi um tapa de luva no ex-secretário Luiz Galvão, que nunca fez um movimento nessa direção. Registre-se que Leo Prates tem namorado diversas siglas da base do governador Rui Costa (PT), o que lhe abre portas.

Deboche

Em meio ao imbróglio envolvendo Rui Costa, Jair Bolsonaro (PSL), ACM Neto (DEM) e companhia sobre a inauguração do novo aeroporto Glauber Rocha, em Vitória da Conquista, o deboche também resolveu marcar presença. O deputado federal Waldenor Pereira (PT) e o deputado estadual Zé Raimundo (PT) aparecem sorridentes ao lado de Rui em um outdoor espalhado pelo município. O chefe do Executivo estadual, assim como seus aliados, não compareceu ao evento após o conflito. "O deboche nasceu na Bahia, né, mores?", escreveu uma usuária do Twitter, compartilhando a foto. É, sim.

Na prática

Na prática, a passagem de Bolsonaro por Conquista é semelhante ao estudante que não escreveu uma linha sequer do trabalho elaborado em equipe e, mesmo assim, emplacou seu nome no material entregue ao professor.   

Louros 

Ao que parece, o governador acertou na estratégia de não dividir palanque em Conquista. Além de escapar de previsíveis vaias, fez sua ausência ganhar visibilidade nacional – o que, a despeito do mérito, firma suas iniciais na bolsa de apostas para 2022.

O regabofe de Nilo

O ex-governador Nilo Coelho preparou um verdadeiro banquete para 150 pessoas durante a visita presidencial à suíça baiana. Tinha lista na porta e tudo. Convidou, inclusive, o próprio Bolsonaro para participar da confraternização. O chefe do Executivo federal, por sua vez, mandou o correligionário tratar com sua assessoria para acertar a ida e, claro, acabou não indo. Resumindo, o evento 'flopou'. Nos bastidores, a pergunta que ficou no ar foi só uma: o que foi feito com tanta comida?

Não vi, não quero saber 

O prefeito de Vitória da Conquista, Herzem Gusmão Pereira (MDB), deu de ombros para as aspas de Bolsonaro contra nordestinos. Ao estilo “não vi, não quero saber”, ele reprimiu perguntas de jornalistas nesta direção porque estava como adolescente apaixonado esperando o crush desembarcar. Em boa parte do evento, ele não largou o livro “A Revolução dos Prefeitos do Brasil não Precisa dos Estados”. Alguém advertiu que ele preferiu uma manhã de prazer com o presidente a construir outras relações mais duradouras com entes políticos do solo baiano. O saldo, estimam, será desastroso.

Buzu grátis

Por falar em Herzem, ele utilizou a inauguração para melhorar a sua imagem junto ao eleitorado. A gestão municipal, inclusive, disponibilizou ônibus gratuitos para quem quisesse assistir ao evento.

Esqueceram de mim 

Inauguraram o "eroporto Glauber Rocha, em Vitória da Conquista, mas ninguém citou a celebridade póstuma que batiza o terminal. A propósito, o cineasta Glauber Rocha - se estivesse vivo - certamente estaria no pacote de censura da Ancine...

Cadê?

Durante a inauguração, chamou a atenção a ausência dos aliados políticos de Bolsonaro na Bahia. A surpresa ficou por conta da presença da deputada estadual Talita Oliveira (PSL), que teve uma passagem apagada pela festa. A parlamentar, até bem pouco tempo, estava rompida com a cúpula do partido na Bahia.

O mensageiro do Apocalipse

O deputado mensageiro do Apocalipse, que até outro dia estava agarrado a Bolsonaro fazendo campanha na Bahia, preferiu agora manter distância do presidente e não fez nenhum registro em suas redes sociais da passagem do capitão da reserva pelo sudoeste baiano. No Congresso, o comentário é que o Planalto está de olho nas movimentações incendiárias que ele vem fazendo contra o governo.

De mãos dadas

A postura de Bolsonaro com ACM Neto, jogando-o para cima durante toda a cerimônia, em Vitória da Conquista, revela a relação de interdependência de ambos. O presidente precisa do baiano, que capitaneia o DEM nacional, que, por sua vez, comanda o Congresso Nacional. Já o prefeito precisa do Governo Federal para atrair recursos e fortalecer o seu grupo político para a eleição de 2022.

E com beijo técnico

Por outro lado, numa síntese dramatúrgica, Neto e Bolsonaro só trocam beijo técnico, sem língua. No fundo, Neto sabe que o Planalto é uma espécie de bomba-relógio nas mãos de Bolsonaro e, por isso, não pode tirar os olhos da saída de emergência.  

Resposta padrão

Ultimamente, o prefeito de Salvador passou a dar declarações similares quando é confrontado sobre assuntos espinhosos: "Não vi, não posso comentar". O mais recente uso da fala se deu na última segunda-feira (22), quando foi questionado se tinha visto Bolsonaro chamar os nordestinos de "paraíbas". A polêmica repercutiu em toda a mídia nacional durante o fim de semana. Das duas uma: ou o prefeito está sendo mal assessorado ou precisa se informar mais. Tem gente da imprensa já bolando a estratégia de mostrar a notícia antes de perguntá-lo. Assim, não terá desculpa.

Nutella

Internamente, alguns comentam que o ACM “raiz” não deixaria passar em branco aquele acinte presidencial contra os nordestinos. 

Querido diário

O novo absurdo na Câmara Municipal de Salvador é que tem vereador querendo virar colunista. E pasmem: o moço quer ter seção no Diário Oficial para registrar suas andanças. Pode isso?

O teatro do Podemos

A postura dúbia do Podemos, que hoje comanda a bancada de oposição, fomenta comentários nos bastidores do Legislativo de Salvador. A última conversa que circula entre os vereadores é que a sigla cogita votar a favor da isenção de ISS para as empresas de ônibus na capital baiana. A pauta é duramente criticada pelos oposicionistas de raiz do PCdoB e do PT.

A continha, por favor

Muitos clientes costumam pedir a nota fiscal em restaurante assim: “A continha, por favor, garçom”. Desta vez, a famigerada conta chegou na Assembleia Legislativa da Bahia. Fontes da Na Sombra do Poder informam que a conta deixada pela antiga gestão, de Angelo Coronel, na parte de alimentação do restaurante da Assembleia, é algo surreal. Vai desde o preço dos alimentos às faturas mensais pagas pela Casa. O Ministério Público já está devidamente informado e irá apurar o assunto.

Em tempo

O senador Angelo Coronel entrou em contato com a redação na manhã desta quinta-feira (25), para negar a informação desta coluna. Conforme o parlamentar, não existe nenhum valor por ele deixado no restaurante da Assembleia Legislativa. “Não existe nem conta corrente no restaurante. Zero. Nenhum valor antigo. Não deixei nenhuma conta. Nós rompemos o contrato e a AL-BA ficou quase 90 dias sem comida, depois Nelson [Leal] entrou e fez um contrato emergencial.  E mais, os parlamentares não pagam conta, esse é um contrato antigo feito na época de Nilo, é como se fosse uma bonificação para os deputados”, disse. 

Sem chance

Circula nos bastidores da política o nome de Eleuza Coronel para ser candidata à prefeita de Salvador pelo PSD. Ela recebe total incentivo do marido, senador Ângelo Coronel, mas descartou qualquer possibilidade em conversa com esta coluna.

Procura-se 

Fontes desta coluna garantem que o ex-deputado federal Luiz Caetano (PT) fugiu o quanto pode dos oficiais de Justiça na ação penal por irregularidades nas obras da linha do trem de Camaçari. Após sucessivas e fracassadas tentativas de localizar o petista, a Justiça Federal determinou, em despacho nesta terça-feira (23), que o ex-parlamentar seja intimado em um endereço comercial supostamente dele. Se não for encontrado, o Ministério Público Federal (MPF), autor da ação, já avisou que Caetano deverá ser citado por edital. O ex-deputado é acusado de superfaturamento e fraude na licitação da obra, que provocaram um rombo de mais de R$ 2 milhões aos cofres municipais.

Palanque misto

Uma cena inusitada na visita à Fundação Doutor Jesus: a base de Rui e Neto juntas, dividindo palanque. Isso porque o presidente da Câmara visitou o local. No discurso, teve até político da base de Rui dizendo que o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM) seria presidente do Brasil. 

Sem clima

Falando em Maia, não passou despercebido a cara de paisagem do presidente ao percorrer a Fundação. Depois da “andadeira” nos quilômetros e quilômetros do espaço, teve culto com direto a show de Isidório e sua trupe. Performático que é, o pastor e deputado federal fez de tudo para arrancar risos de Maia, mas não obteve êxito. 

Peregrinação

Ainda sobre a experiência de toda a imprensa na visita ao local, um adendo: sobrou desorganização e faltou bom senso. Praticamente, toda a imprensa baiana presente para falar com Maia, dias após a votação da reforma da Previdência, logo, pauta cheia. Não houve coletiva. Os repórteres chegaram por volta das 9h e só saíram depois das 15h. Perderam a conta de quantas vezes percorreram o espaço, que diga-se de passagem é o equivalente a quase duas Arenas Fonte Nova. A entrevista com Maia, após pressão da imprensa, foi interrompida diversas vezes por Isidório. Os assessores, acuados, não organizaram nada, a não ser um bando de seguranças que faziam todos andarem em fila como "soldados de Doutor Jesus". Respeito à imprensa é bom e todo mundo gosta.

A ligação foi combinada? 

Em meio à correria entrando e saindo das instalações da Fundação Doutor Jesus, eis que surge um assessor correndo com um celular na mão. No outro lado da linha, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Ele convidou Isidório para ir à inauguração do aeroporto de Vitória da Conquista. Isidório parou e conversou com o ministro na frente dos jornalistas. Disse que só iria se houvesse palanque único, coisa que não aconteceu. Fato é que o episódio "inesperado" caiu como uma luva e toda a imprensa repercutiu. A dúvida ficou no ar: será que foi caso combinado? Perguntar não ofende.

Atualizada às 9h39 desta quinta (25) 

Classificação Indicativa: Livre

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