Conjuntura Atual

Conjuntura Atual: As rotações do mundo político em torno de Moro

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Publicado em 23/03/2021, às 21h22   Luiz Fernando Lima*


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O mundo gira 

Não adianta reclamar ou bradar: o mundo é redondo e se movimenta em translações e rotações. Em março de 2016, foi divulgado parte de um áudio obtido de forma ilegal que “condenou” o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a não assumir a Casa Civil da então presidente Dilma Rousseff. Pelo que foi divulgado em cadeia nacional, parecia que a nomeação seria apenas, ou principalmente, para que Lula não se sujeitasse à primeira instância nos julgamentos que viriam.

Translações 

O mundo girou em torno do sol e eis que aquele que se apresenta como antítese, embora questionado, ao projeto petista manteve durante, pelo menos, seis dias o ministro da Saúde, de competência duvidosa, Eduardo Pazuello, tendo já nomeado o sucessor: Marcelo Queiroga. Durante o hexamerão consultou juristas, amigos, políticos e todas as especieis já conhecidas para encontrar uma forma de manter Pazuello com o tal do foro privilegiado.

Quem tem medo 

Não faltam questionamentos a respeito da conduta do general Pazuello enquanto ministro da Saúde. O maior deles é um número assombroso de medidas equivocadas que, se não provocaram, também não evitaram, a morte de dezenas de milhares de pessoas. Somente nos últimos dias quase 20 mil mortes. As decisões e manifestações erráticas poderiam ser razão de condenação em qualquer vara de primeira instância.

Para bom entendedor 

Se meias palavras não bastam, vamos a ausência sentida do ex-juiz, ex-ministro e ex-personalidade Sérgio Moro. Este, de forma duvidosa, sentenciou em causa própria ao quebrar o sigilo de um grampo ilegal, mantido por ele, para servir à sua causa, que era manter o petista nas cordas. Com o apoio da turma de Curitiba, Moro conseguiu o que queria. Neste momento, não há um Moro para Pazuello. Que sorte, hein!?

Na surdina 

A secretaria estadual de Administração Penitenciária e Ressocialização abriu uma sindicância e nomeou uma comissão para apurar denúncias de que houve facilitação de fugas no Conjunto Penal de Paulo Afonso. Estamos de olho na conclusão do trabalho que deve acontecer no dia 16 de abril.

Conquista em chamas 

A terceira maior cidade da Bahia está enlutada com a morte do prefeito Herzém Gusmão. A vice, Sheila Lemos, assumiu em definitivo e já monta equipe e diz que o “compromisso é com o povo”. A gestão municipal da Joia do Sertão quer flexibilizar o decreto estadual que determinou o “toque de recolher” às 18h. Querem expandir para 20h. A briga é feia! É importante destacar que o prefeito eleito foi Herzem Gusmão que faleceu em decorrência do Covid-19. Nenhuma economia se salva sem vida! Fica aí a importante lição.

Por falar nisso 

As prefeituras de Teixeira de Freitas, Porto Seguro, Eunápolis e Itabuna continuam resistindo a cumprir o decreto de restrições. Jogam para a plateia a ideia de que defendem a sobrevivência econômica, a consequência pode ser extremamente danosa. A nota, por aqui, é de repúdio.

Despachantes 

Os deputados estaduais da Bahia se queixam, com razão, da ausência de um projeto que os permita atuar com mais autonomia. Eles mesmos se definem como, muitas vezes, meros despachantes eleitos. Isso porque a constituição estadual impede a criação de despesas para o Executivo. A saída são as emendas impositivas. Estas são pagas de forma desorganizada e, muitas vezes impostas pelo próprio governo. O valor é pequeno, isso é importante. Aqui se paga R$ 1,6 milhão por deputado ao ano. Em Brasília, um deputado federal fica com algo em torno de 15 milhões. É pouco mesmo.

De luxo

No Amazonas, os deputados estaduais têm 6,9 milhões. Em São Paulo, são 4,85 milhões para cada parlamentar. A Bahia fica com uma abertura de orçamento pequena. Vale ressaltar que com as emendas os deputados podem levar às bases eleitorais e, portanto, aos 417 municípios ações pontuais para resolver problemas locais.

Sepultamento 

A pandemia está levando muita gente embora e a lista de pedido do auxílio-funeral só cresce. Na última semana o Diário Oficial do Estado trouxe um número absurdo de autorizações deste tipo. É algo inimaginável que em pelo 2021 tenhamos tantas pessoas clamando por auxílio para enterrar um ente querido. É inacreditável que falte espaço no cemitério e que o lucro esteja nas funerárias. É lamentável que tenhamos uma parte considerável da população se manifestando em aglomerações insanas.

Nota de repúdio 

Por falar nisso, toda a nossa solidariedade à repórter-fotográfica Paula Fróes que foi covardemente xingada e agredida por um bando de hipócritas sem capacidade cognitiva para saber pelo que lutar. Neste sentido, toda a solidariedade se estende a todos que estão nas ruas buscando dias melhores. Vocês que a agrediram, obviamente, não entendem disso!

A César o que é de César 

Aos romanos, uma profecia: não é chegado o momento de subir a Ladeira do Zoológico.  

*Luiz Fernando Lima é jornalista, especialista em cobertura política. Foi editor do BNews, colunista do jornal A Tarde, além de trabalhar em assessorias de comunicação no setores público e privado. Escreve a coluna Conjuntura Atual toda terça-feira no BNews.

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